Boeing confirma primeiro voo do 777X até a próxima quinta-feira, 23
Em comunicado nas redes sociais, fabricante afirmou que voo inaugural do maior birreator de passageiros do mundo deve ocorrer dentro de dois dias, caso não surjam imprevistos


Após vários indícios que surgiram nas últimas semanas, a Boeing acaba de confirmar que o primeiro voo do 777-9, maior versão da nova série 777X, ocorrerá nos próximos dias. “Após anos de projeto e teste, está quase na hora de voar. O 777X fará seu primeiro voo já em 23 de janeiro, sujeito ao clima e outros fatores”, diz nota publicada pela fabricante no Twitter.
Foram vários adiamentos até que a Boeing pudesse anunciar a iminência do voo inaugural do maior birreator de passageiros da história, uma aeronave capaz de transportar até 426 passageiros em duas classes. A empresa planejava iniciar o programa de testes em voo no primeiro semestre do ano passado, mas o segundo acidente com o 737 MAX em março a obrigou a cancelar sua apresentação em público, que acabou restrita apenas aos funcionários.
No início de junho, o presidente da Emirates Airline, Tim Clark, fez às vezes de porta-voz da Boeing e apontou o dia 26 como data do primeiro voo do jato, mas dificuldades com os motores GE9X fizeram a fabricante adiar seus planos. De acordo com a General Electric, o turbofan apresentou problemas de durabilidade, impedindo qualquer decolagem. A Boeing então passou a divulgar que o voo inaugural deveria ocorrer até o final do ano passado e manteve o cronograma de desenvolvimento para certificá-lo ainda nos moldes anteriores.
Mas em julho, a companhia admitiu que o programa do 777X estava mais atrasado do que ela admitia. O primeiro voo acabou postergado para o início de 2020, embora insistisse em prever a entrega dos primeiros aviões de série no final deste ano – a Emirates e a Lufthansa serão as primeiras a operá-lo.
Para tentar resolver os atrasos, a fabricante confirmou em agosto que a versão 777-8, de menor capacidade de passageiros e maior alcance, teria o desenvolvimento congelado até que o irmão maior embalasse. No mês seguinte, um novo imprevisto: testes na estrutura acabaram suspensos após uma porta do compartimento de carga explodir. Apesar disso, a Boeing considerou o teste normal.
Entregas em 2021
Mais uma vez, um relatório aos acionistas forneceu informações novas sobre o desenvolvimento do widebody. Em outubro, ao comentar os dados do terceiro trimestre, a Boeing reconheceu que “está visando o início de 2021 para a primeira entrega do 777X”.
Novamente, o otimismo da empresa americana foi colocado à prova por Tim Clark que duvidou do curto prazo para certificação, de apenas um ano. Para o executivo da Emirates, a companhia deveria receber oito 777-9 em 2020, mas que “parece que não teremos nenhum”.
Ainda que o cenário seja bem adverso, o anúncio é uma das raras boas notícias que a Boeing dá ao mercado após meses desastrosos. A fracassada tentativa de enganar clientes, a imprensa e a opinião pública a respeito dos graves problemas de projeto do 737 Max só fizeram a empresa se desgastar ainda mais. Nesta semana, a fabricante acusou o tamanho do golpe ao admitir que busca um empréstimo de US$ 10 bilhões para conseguir cobrir os prejuízos recentes.
Quanto ao 777X, o voo inaugural será um momento de virada nas expectativas, porém, longe de significar que o programa será bem sucedido. Até o momento, poucos clientes se dispuseram a investir no imenso birreator que, a despeito da economia operacional, parece grande demais para a realidade de mercado atual.

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