Bombardier avança em estudo de jato executivo com fuselagem integrada

Rival histórica da Embraer aposta em design peculiar no projeto EcoJet, que passou a ser testado com modelos em escala maior
Bombardier EcoJet é um estudo de jato executivo com fuselagem integrada às asas (Bombardier)

A Bombardier divulgou um vídeo que dá mais detalhes sobre seu estudo de jato com fuselagem integrada (blended-wing body, em inglês), que passou para um segunda fase de testes com demonstradores maiores.

Chamado de EcoJet, o projeto é uma proposta para jatos executivos que mistura o conceito de “asa voadora”, que é mais conhecida em seu uso militar, com o modelo tradicional de aeronave comercial que estamos acostumados a ver nos aeroportos. Na fuselagem integrada, asas e a fuselagem se misturam.

Rival histórica da Embraer, a Bombardier diz que o projeto pode revolucionar o mercado de jatos executivos, com uma nova experiência para os passageiros aliada a sustentabilidade e economia proporcionada pelo novo desenho.

O EcoJet foi revelado em maio deste ano, ainda em fase inicial com demonstradores de cerca de 1,5 metro. Em entrevista ao FlightGlobal, o diretor de pesquisa e tecnologia da Bombardier, Benoit Breault, disse que os testes já passaram para drones demonstradores com envergadura de 6 metros e que não foi encontrado nenhum impedimento para avançar com o estudo.

Segundo Breault, o desenho do EcoJet permite que as asas sejam menores, reduzindo o peso e o arrasto, o que exigiria menos combustível. No desenho é possível ver dois motores turbofan tradicionais, mas a Bombardier também avalia novos sistemas de propulsão.

Desenho pouco explorado

Em 2020, Airbus mostrou que também estuda os “blended-wings” com o design do Maveric (Airbus)

A fabricante canadense não é a primeira a estudar modelos de fuselagem integrada. Em 2020, a Airbus mostrou o conceito Maveric no Singapore Air Show, afirmando que a configuração tem potencial para reduzir o consumo de combustível em até 20% comparado com os atuais jatos de corredor único.

A Boeing também estudou um protótipo de “blended-wing body” em conjunto com a NASA, entre 2007 e 2013. O fato foi suficiente para criar um boato de que a fabricante lançaria um superjumbo de fuselagem integrada para até 1 mil passageiros. A “fake news” vira e mexe ressurge nas redes sociais.

O conceito básico da fuselagem integrada foi desenvolvido pela primeira vez décadas atrás e variações dele foram usadas no famoso bombardeiro Stealth B-2 e no menos conhecido YB-49 (uma “asa voadora” da década de 1940).

Vantagens e desvantagens

Boeing X-48 foi testado em parceria com a NASA (NASA)

O conceito de fuselagem integrada pode proporcionar maior área interna em uma configuração que deixaria para trás os incômodos e estreitos corredores. Os assentos seriam dispostos como num anfiteatro, em formato de “V”.

No entanto, as asas integradas à fuselagem não deixam muito espaço para janelas. No conceito Maveric, a Airbus sugeriu a instalação de janelas “virtuais” bastante futurísticas na cabine de passageiros.

Para jatos maiores, a altura da cabine é um desafio, assim como a instalação de saídas de emergência. Por isso, testar o modelo em jatos executivos não é assim uma ideia tão despropositada.

A Airbus sugere usar janelas “virtuais” na cabine de passageiros em aviões do futuro (Airbus)

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