Após ser barrado pela Turquia, porta-aviões São Paulo está voltando ao Brasil

Rebocador que transporta o casco do porta-aviões desativado deu meia volta e deve chegar ao Brasil em 2 de outubro
O NAe São Paulo chegou ao Brasil em 2001; o navio foi construído na França entre 1957 e 1960 (Marinha do Brasil)
O NAe São Paulo chegou ao Brasil em 2001; o navio foi construído na França entre 1957 e 1960 (Marinha do Brasil)

Depois de ser proibido de entrar em águas territoriais da Turquia e de Gibraltar, o rebocador que transporta o casco do porta-aviões NAe São Paulo deu meia volta e está retornando ao Brasil. Segundo dados da plataforma de rastreamento de embarcações Marine Traffic, o ex-navio da Marinha do Brasil deve chegar ao Rio de Janeiro em 2 de outubro.

O retorno do porta-aviões desativado é uma determinação do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). No fim de agosto, o órgão brasileiro acatou a reclamação do governo turco sobre a ausência de um inventário detalhado sobre a quantidade de materiais tóxicos a bordo da embarcação, sobretudo amianto, e cancelou a autorização que permitia o envio do barco para o desmantelamento no porto de Aliaga, na Turquia.

Arrematado como sucata por representantes brasileiros do estaleiro turco Sok Denizcilikve Tic em março de 2021 por R$ 10,5 milhões, a embarcação iniciou a viagem rumo a Turquia em 4 de agosto. A entrada do navio no território turco, no entanto, estava condicionada ao envio do relatório de substâncias tóxicas presente na embarcação, que vinha sendo exigido pelas autoridades turcas em contato com o governo brasileiro desde 9 de agosto. Sem a resposta de Brasília, a permissão de entrada do barco no litoral do país, emitida em 30 de maio, foi revogada.

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O rebocador que transporta o porta-aviões iniciou o retorno ao Brasil quando se encontrava na altura da costa do Marrocos, próximo a entrada do Estreito de Gibraltar que dá acesso ao Mar Mediterrâneo na Europa. A previsão original apontava a chegada do comboio na Turquia em 11 de setembro. Ainda não há informações sobre o local onde o casco do navio aeródromo será atracado novamente no Rio de Janeiro.

O NAe São Paulo deixando o Rio de Janeiro, em 4 de maio de 2022 (AIRWAY)

Maior navio de guerra do Brasil

O navio-aeródromo São Paulo chegou às mãos da Marinha do Brasil no ano 2000, comprado da França por US$ 12 milhões durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. O navio foi o substituto do NAeL Minas Gerais, que operou no Brasil entre 1960 e 2001.

Quando ainda estava ativo, o São Paulo era o porta-aviões mais antigo do mundo em operação. A embarcação foi lançada ao mar em 1960 e serviu com a marinha da França com o nome FS Foch, de 1963 até 2000. Sob a identidade francesa, o navio de 32,8 mil toneladas e 265 metros de comprimento atuou em frentes de combate na África, Oriente Médio e na Europa.

Com a Marinha do Brasil, no entanto, a embarcação teve uma carreira curta e bastante conturbada, marcada por uma série de problemas mecânicos e acidentes. Por esses percalços, o navio passou mais tempo parado do que navegando. Em fevereiro de 2017, após desistir de atualizar o porta-aviões, o comando naval decidiu desativar o NAe São Paulo em definitivo.

Caças AF-1 estacionados no convés de voo do NAe São Paulo (MB)
Caças AF-1 estacionados no convés de voo do NAe São Paulo (MB)

Segundo dados da marinha brasileira, o São Paulo permaneceu um total de 206 dias no mar, navegou por 54.024,6 milhas (85.334 km) e realizou 566 catapultagens de aeronaves. A principal aeronave operada na embarcação foi o caça naval AF-1, designação nacional para o McDonnell Douglas A-4 Skyhawk, hoje operados a partir de bases terrestres.

Porta-aviões gêmeo, Clemenceau passou por situação parecida

O Clemenceau, irmão do Foch, que foi desmantelado no Reino Unido entre 2009 e 2010, teria cerca de 760 toneladas da substância retirada de seu casco. Desativado em 1997, o porta-aviões foi vendido para uma empresa espanhola em 2003, que pretendia desmontá-lo também na Turquia, mas a França cancelou o acordo.

Dois anos depois, o governo francês tentou levá-lo para a Índia, onde outro porta-aviões brasileiro, o Minas Gerais, foi desmontado sem quaisquer cuidados.

O porta-aviões Clemenceau (R98), irmão gêmeo do São Paulo, em Brest em 2008 (Duch.gege)

A tentativa foi frustrada pelo Egito, que impediu que o Clemenceau passasse pelo Canal de Suez. Após discussões prolongadas, a França decidiu trazer o navio de volta. Em 2008, finalmente o porta-aviões seguiu para Hartlepool, no norte da Inglaterra, onde a empresa Able UK o desmontou.

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  1. Os Francesas na época comemoraram. Teriam que pagar milhões pra se livrarem da sucata e ao invés disso receberam milhões ao venderem a mesma sucata para a marinha brasileira. Rsrs. Só deu despesa durante o uso e ainda teremos que ficar com os resíduos tóxicos. Esse é o nosso Brasil. Pq não investirmos em porta aviões novos e modernos . Com o tamanho da costa brasileira seria investimentos necessário. Temos recursos pra isso, mesmo sendo um país pacífico.

  2. Existe uma solução mais econômica, mais segura e que gerará emprego, renda, preservação da história aeronaval brasileira, inclusão, cidadania e educação, além de entretenimento. É a transformação do NAe 14 em um museu aeronaval, com hotelaria, gastronomia e shopping, além de abrigar vários projetos sociais e de turismo de aventura. Visite o site do Instituto São Paulo/Foch e conheça esse projeto.

  3. Eu acho que esse porta avião deveria ser enviado para o Rio Amazonas e ficar o mais próximo possível das fronteiras com a Bolívia e da Colômbia, e com isso, servir de base para missões áreas com os super-ticanos de combate ao narcotráfico das issas fronteiras.

  4. Por que utilizar no titula da manchete
    “Porta aviões São Paulo? Deixou de ser desde o seu descontigenciamento.

  5. Vai ter um idiota que vai querer colocar essa sucata como museu. E o pior vai colocar o pessoal da ativa de babá de um ferro velho inútil. Afunda esse mizeravel logo…

  6. Seria interessante para o Brasil seguir os passos da índia e china, que modernizaram seus portas aviões velhos e hoje estão em plena operação em suas marinhas , o porta aviões são Paulo pode passar por uma reforma desse tipo só passa interessante das nossas autoridades .

  7. Tá aí a primeira missão de nosso novo submarino Riachuelo afundar essa banheira velha antes de entrar em nossas águas.

  8. Podia pegar um lutador medalhista de box olímpico e pedir p/ o mesmo mandar um soco no casco deste porta – aviões e manda – lo a pique e então o problema estaria resolvido.

  9. Mais um para poluir a baia da guanabara e virar ferro velho poderíamos transforma-lo em um presidio a 199 Nm da costa

  10. Agora vejo que a Turquia tem razão, tem vários comentários aqui para que afundem o navio, mesmo sem saber dos impactos ambientais e que material contaminante existe nele. Se o Brasil não está preocupado com seu próprio bioma marinho quem dirá de outros países.

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