Como dois Boeing 787 novos estão prestes a serem sucateados na Escócia

Aeronaves com menos de 10 anos e que voaram pela Norwegian Air estão paradas desde 2019 e serão as primeiras do modelo Dreamliner a serem desmontadas
O 787 ex-LN-LNB, da Norwegian, em Prestwick (Jonathan Payne)

Mal se passaram onze anos que o primeiro 787 Dreamliner entrou em operação pela All Nippon Airways e até hoje voar em um desses widebodies da Boeing é uma experiência diferenciada, graças aos avanços tecnológicos que ele introduziu na aviação comercial.

A Boeing recentemente ultrapassou a marca de mil aeronaves entregues, todas elas preservadas até hoje. Mas esse cenário está prestes a mudar com o sucateamento dos dois primeiros 787 da história.

A empresa irlandesa Eirtrade anunciou no final do mês passado que fará a desmontagem de dois 787-8 que voaram com a Norwegian Air e foram fabricados apenas em 2013.

Siga o AIRWAY nas redes: Facebook | LinkedIn | Youtube | Instagram | Twitter

As aeronaves, que exibem hoje os registros VP-CVL e VP-CVM, estão paradas no Aeroporto de Prestwick, na Escócia, desde maio de 2019.

Na época, a Rolls-Royce, fornecedora dos motores Trent 1000, enfrentava problemas de corrosão nas lâminas dos fans de seus turbofans, e os jatos acabaram parados por falta de peças sobressalentes.

O Boeing 787-8 que voou com a Norwegian Air com a matrícula LN-LNA (Ronnie MacDonald)

A pandemia do Covid-19 veio no ano seguinte e em 2021 a Norwegian também anunciava o fim dos seus voos de longa duração, o que fez toda sua frota de Boeing 787 ser retirada de serviço.

Os dois Dreamliners, de matrículas originais LN-LNA e LN-LNB, acabaram parados a céu aberto numa região conhecida pelo frio e umidade, uma condição que não é adequada para preservar aviões.

Sem interessados em reativá-los, os dois Boeing 787 foram condenados a se tornar estoque de peças para modelos do tipo que estão em atividade.

Mercado de peças usadas inexistente

Segundo a Eirtrade, 95% dos componentes poderão ser reaproveitados, num trabalho que deve levar cerca de três meses em Prestwick. A empresa, que mantém sua base em Knock, terá de realizar a desmontagem na Escócia já que os dois 787 não têm como ser transportados até a Irlanda.

A380 sendo desmontado na Irlanda (Eirtrade)

Por ser uma aeronave muito recente, o 787 ainda não possui um mercado de peças usadas. “Como nenhum B787 foi retirado do serviço comercial até o momento, quase não há mercado material usado para manutenção (da sigla USM em inglês)”, disse Ken Fitzgibbon, CEO da EirTrade Aviation.

“Estamos entrando em uma área especializada e esperamos nos tornar líderes de mercado no fornecimento de USM para a plataforma que permitirá a redução do custo de eventos de manutenção para proprietários de aeronaves B787”.

A Eirtrade é uma das companhias mais experientes nesse trabalho, tendo desmontado aeronaves da Boeing e da Airbus, incluindo o A380, outro jato que está se aposentando bem antes do previsto, mas por razões diferentes.

Total
0
Shares
2 comments

Comments are closed.

Previous Post

Boeing é autorizada a retomar entregas do 787 Dreamliner

Next Post

Por que grandes aviões comerciais não têm paraquedas de emergência?

Related Posts
Total
0
Share