Companhias aéreas começam a rejeitar o Airbus A380
Cliente lançador do maior avião de passageiros do mundo, Singapore Airlines também será a primeira a devolver a aeronave


A Singapore Airlines não vai prorrogar o contrato de locação de seu primeiro Airbus A380, em operação desde 2007. Desta forma, a empresa de Cingapura será a primeira do mundo a devolver a aeronave ao seu proprietário, o fundo de investimento alemão Dr. Peter Group, que também é o dono de outros quatro A380 que voam com a mesma companhia.
O contrato de 10 anos, válido até outubro de 2017, custa US$ 1,71 milhão por mês a companhia. Já o futuro dos demais A380 alugados pela Singapore será decidido entre este mês e abril do próximo ano, períodos em que os acordos podem ser renovados ou não. A tendencia, porém, é de que esses aparelhos também sejam devolvidos.
A Singapore ainda tem mais cinco pedidos firmes pelo A380, com previsão de entrega a partir do final de 2017 e não pretende adiá-los. Desta forma, a companhia deve manter em operação somente aeronaves novas, o que reduz os custos com manutenção – sobretudo para um quadrirreator.
A decisão da empresa de Cingapura é um duro golpe para Airbus, que vem tentando a todo custo promover o A380, além de ser um sinal altamente indesejável para o mercado da aviação comercial, pois uma das maiores empresas do mundo tem dúvidas sobre a viabilidade da aeronave em sua rede.
“O A380 continua a ser uma aeronave adequada para viagens de alta densidade”, disse Mak Swee Wah, vice-presidente comercial da Singapore Airlines, a Aviation Week, em julho. Mas ele advertiu que “o A380 foi concebido quando as expectativas do mercado eram muito mais alta.” Em vez disso, ele perguntou: “Onde está o crescimento, e quanta capacidade você precisa no futuro”.
Quando o A380 chegou ao mercado, em 2007, a Airbus previa que seria possível vender mais de 1.000 unidades da aeronave até 2020. Entretanto, desde então a fabricante entregou apenas 195 aparelhos e possui encomendas para mais 125 aviões, mas nem todas são firmes (quando o comprador já iniciou o pagamento).

Outra companhia que colocou o A380 em cheque é a Qantas, da Austrália. Alan Joyce, CEO da companhia, disse recentemente que a companhia já possui rotas rentáveis suficientes para empregar seus 12 jatos gigantes da Airbus, mas sinalizou que não deve receber mais aeronaves desse modelo – a empresa ainda tem um pedido adicional por mais oito aparelhos.
Ao mesmo tempo, a Malaysia Airlines, da Malásia, está em busca de compradores para os seis jatos A380 de sua frota. Já a Emirates Airlines, maior operador do A380 (com 82 aparelhos em serviço), ainda não sinalizou se vai ou não renovar os contratos de arrendamento por suas aeronaves, que terminam em 2020.
A Airbus vem reduzindo gradualmente a produção do A380. Neste ano, a fabricante planeja entregar 27 unidades do jato e, em 2018, a taxa será reduzida para apenas 12 aeronaves. A queda na demanda pelo modelo levou a empresa a também diminuir o ritmo de desenvolvimento da nova geração do A380, que diante deste cenário pode ser até cancelado.
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