“Electra” da Emirates Airline? Companhia aérea vai manter seus A380 em voo até 2041

Empresa anunciou acordos no valor de US$ 1,5 bilhão com vários fornecedores para cuidar da sua frota de aeronaves gigantes que não são mais fabricadas desde 2021
A380 da Emirates: em serviço até pelo menos 2041 (Emirates)

A Emirates Airline deu mostras de que está investindo pesado na sua frota de modernos e eficientes widebodies ao anunciar a expansão da carteira de pedidos do Airbus A350 e do Boeing 777X durante o Dubai Airshow.

Mas isso não significa que a empresa aérea desistiu do A380, o maior avião de passageiros da história e do qual é a maior cliente, com 123 pedidos feitos à Airbus.

A ideia da transportadora árabe é transformar o A380 em uma espécie de “Electra” moderno. Para quem não conhece o avião, trata-se de um turboélice que fez fama na ponte aérea Rio-São Paulo até os anos 90.

Lançado no final dos anos 50 pela Lockheed, o quadrimotor teve uma carreira inicial conturbada por acidentes e deixou de ser produzido dois anos depois de chegar ao mercado.

Após os problemas de projeto terem sido sanados, o Electra II se mostrou uma aeronave excelente e foi muito usada pela Varig no Brasil a ponto de ser o modelo exclusivo da ponte aérea até a chegada do Boeing 737-300.

Pool de empresas vai manter aeronave de dois deques em condições de operar por muitos anos (Emirates)

Para mantê-lo em condições de voo mesmo após tanto tempo do fim da produção, companhia aérea brasileira montou toda uma infraestrutura para manutenção e substituição de peças.

É algo semelhante que a Emirates propôe ao anunciar em Dubai  que fechou vários acordos com fornecedores que a ajudarão a manter a maior parte da frota do A380 ativa até pelo menos o início dos anos 2040.

Com investimento de US$ 1,5 bilhão (R$ 7,4 bilhões), a “força tarefa” da Emirates inclui nomes como a Safran, Honeywell, Pratt & Whitney, Collins Aerospace e Lufthansa Technik. Em comum, essas empresas terão a missão de realizar manutenções, revisões e mesmo produzir peças de reposição para a aeronave.

Sir Tim Clark, CEO da Emirates

Fora de produção desde dezembro de 2021, quando a Airbus entregou o último exemplar à própria Emirates, o A380 entrou na fase em que a frota ativa tende a encolher ano a ano, à medida que os custos operacionais de mantê-la crescem.

Em outubro haviam 232 aeronaves do tipo ativas no mundo, 19 a menos do que dois anos antes.

É esse risco que a Emirates não quer correr. Com o suporte da Airbus limitado no futuro, a saída foi criar uma rede de suporte para manter os A380 em condições seguras de operação.

“O A380 fez e continuará a fazer parte da história da Emirates. A sua dimensão e capacidade permitiram à Emirates desbloquear o crescimento em alguns dos aeroportos mais movimentados do mundo, abriu novas oportunidades para os viajantes e elevou substancialmente os padrões de conforto dos passageiros”, disse Sir Tim Clark, presidente da companhia aérea.

Electra: símbolo do auge da ponte aérea Rio-São Paulo
Electra: aeronave deixou de ser produzida em 1961, mas VARIG manteve o turboélice em serviço até o começo dos anos 90

Em serviço até o início dos anos 2040

Dentro dos acordos fechados, a Collins ficará a cargo de apoiar o programa de revisão do trem de pouso principal do A380 enquanto a Safran Landing Systems fornecerá serviços personalizados para o equipamento.

A Honeywell terá como incumbência fornecer rodas e freios de carbono para o jato, que serão revisados em Dubai. Já a Pratt & Whitney cuidará das unidades auxiliares de potência (APU) PW980.

Em relação ao serviço de MRO (Manutenção, Reparo e Revisão), a Emirates trabalhará em parceria com a Lufthansa Technik, Gameco e Haeco, que farão os “C Checks” do quadrimotor.

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A Emirates Airlines tem atualmente 116 A380 em sua frota, 90 deles em serviço ativo. A meta, segundo Clark, é que 90 desses jatos estejam em condições de voo durante a próxima década e que a aeronave só saia de serviço no início dos anos 2040.

“Nosso compromisso contínuo e confiança no A380 são a razão pela qual estamos investindo pesadamente para manter a frota em ótima forma e em perfeitas condições. O A380 continuará sendo fundamental para nossa rede e proposta de cliente na próxima década, e queremos garantir nossa a frota está em ótima forma”, acrescentou o chefe executivo.

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