FAB corta investimento no KC-390 e eleva gastos com o caça Gripen em 2023
Orçamento para o ano que vem prevê R$ 1,38 bilhão no programa FX-2 enquanto aeronave de transporte tático da Embraer terá R$ 500 milhões

A Força Aérea Brasileira (FAB) prevê uma redução de recursos financeiros de 8% em 2023, segundo dados divulgados pelo Ministério da Economia relativos ao orçamento do ano que vem.
A queda segue em linha com as alegações do Comando da Aeronáutica sobre restrições financeiras, porém, isso não impediu que o programa FX-2, que prevê a compra de 40 caças Saab Gripen E/F, recebe um aumento de 13% em recursos disponíveis.
De acordo com o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) relativo a 2023, o Comando da Aeronáutica pretende investir R$ 1,88 bilhão em três programas, o FX-2, o KC-390 e o KC-X, que nada mais é do que a participação do governo federal no desenvolvimento do avião de transporte tático da Embraer.
O montante é R$ 162 milhões menor do que o previsto na projeção de 2022, que também inclui R$ 24 milhões para o programa de modernização do jato de ataque A-1M.

O caça F-39 Gripen, que assumirá o papel principal na defesa aérea brasileira, teve os dois primeiros aviões de produção entregues no início do ano e aguarda mais dois exemplares em breve. A FAB tem uma encomenda original de 36 caças, porém, outras quatro unidades foram anunciadas meses atrás pelo Comandante da Aeronáutica, Brigadeiro Baptista Junior.
Segundo o documento, a FAB pretende gastar R$ 1,38 bilhão com o programa de caças, alta de 13,4% em relação a 2022. Trata-se de um aumento equivalente ao corte de recursos, ou seja, R$ 162 milhões a mais.
Menos recursos no KC-390
Por outro lado, o Comando da Aeronáutica cortou o investimento nos programas KC-X e KC-390 em R$ 300 milhões, restando R$ 500 milhões para ambos.
Ao contrário do FX-2, contratado a uma empresa estrangeira, embora com um importante “offset” (transferência de tecnologia), o cargueiro militar da Embraer tem a FAB como sócia em seu desenvolvimento.

Já o programa KC-390 visava a aquisição de 28 aeronaves, mas que atualmente conta apenas com 21 unidades previstas após cortes da atual gestão.
A mudança de prioridades fica bem clara quando se compara a participação dos dois programas nos investimentos da Aeronáutica em 2020, feito ainda na gestão do ex-comandante Brigadeiro Antonio Carlos Moretti Bermudez.
Há três anos, o programa FX-2 tinha 54% dos recursos enquanto o KC-X/KC-390, 46%. Em 2023, o caça Gripen deve ficar com 73% dos recursos financeiros destinados à investimentos.
Prestes a ter sua licitação lançada, segundo Baptista Junior, o programa de conversão dos dois A330-200 para o padrão MRTT não foi encontrado no PLOA.