Força Aérea Argentina recebe segundo jato IA-63 Pampa III atualizado

Modelo do Bloco II possui novos recursos digitais e equipamentos especiais para o treinamento de pilotos
Versão mais recente do Pampa, o modelo III fez seu primeiro voo em 2017 (FAdeA)

Passados quase 10 meses da entrega do primeiro jato de treinamento avançado e ataque leve IA-63 Pampa III Bloco II, a FAdeA (Fábrica Argentina de Aviones) entregou na última sexta-feira (22) o segundo aparelho com a nova configuração à Força Aérea Argentina (FAA). O modelo faz parte de um pedido de seis aeronaves anunciado pelo Ministério da Defesa da Argentina em maio de 2021.

De acordo com o fabricante, os novos recursos incorporados ao Pampa servem principalmente na formação de pilotos. A aeronave recebeu um cockpit com instrumentos digitais, sistema de comunicação mais avançado e um software de treinamento que permite a simulação de vários cenários de combate em voo, incluindo enfrentamentos contra caças de quarta e quinta geração.

A encomenda do Pampa III atualizado custou US$ 103,2 milhões aos cofres de Buenos Aires e a FAA deve receber duas aeronaves por ano. Portanto, espera-se que todas os seis aviões encomendados sejam entregues até 2025. O acordo também inclui a atualização de três Pampa II da FAA para o padrão mais recente.

A FAA conta atualmente com pouco mais de 20 exemplares do Pampa (modelos Pampa II e Pampa III) em serviço com dois esquadrões. A despeito do desempenho modesto e capacidade de combate limitada, o jato da FAdeA é o avião militar mais avançado operado na Argentina.

Compra de caças ainda pendente

Enquanto isso, o governo argentino segue avaliando propostas de novos caças leves na concorrência que prevê recuperar a capacidade supersônica da Força Aérea do país. Desde 2015, com a aposentadoria dos Mirage III, a FAA não tem um interceptador nato, utilizando provisoriamente jatos de ataque A-4 Skyhawk nessa função.

Entre os aviões que disputam o pedido, o favorito é o caça sino-paquistanês JF-17 Thunder, fabricado pela Chengdu em parceria com a PAC. A Rússia oferece o MiG-35 enquanto a indiana HAL participa com o Tejas, a Leonardo com o M-346FA e os Estados Unidos teriam oficializado uma oferta de F-16, segundo rumores.

O 'Pampa', produzido pela FMA, entrou em operação na Argentina em 1988 (FAA)
O Pampa está em serviço na Força Aérea Argentina desde 1988 (FAA)

Flecha argentina

O Pampa é o descendente mais recente de uma antiga linhagem de aviões a jato fabricados pela indústria argentina – a Argentina, aliás, foi um dos países pioneiros na construção de jatos.

A aeronave foi desenvolvida entre o final dos anos 1970 e início dos 1980 para atender um pedido da Força Aérea Argentina para um novo avião de treinamento avançado. O primeiro protótipo do Pampa voou em 6 de outubro de 1984 e as primeiras unidades entraram em serviço em 1988.

O avião foi desenvolvido originalmente pela FMA (de Fábrica Militar de Aviones), criada pelo governo da Argentina, e posteriormente renomeada como Fábrica Argentina de Aviones. A fabricante argentina ainda teve ajuda da alemã Dornier no início do projeto. Não por acaso, o design do Pampa tem forte influência do Alpha Jet e parece uma versão reduzida do jato franco-alemão (a Dassault Aviation também participou do projeto original do Alpha Jet).

O Pampa foi desenvolvido a partir do jato franco-alemão Alpha Jet (Mike Freer)

A demora na introdução da aeronave e a continuação de seu desenvolvimento, porém, são grandes manchas na carreira do Pampa. Programas de modernização e sua implementação na FAA costumam atrasar, tanto que em mais de 30 anos de produção, pouco mais de 30 aviões foram entregues. Nos últimos anos, o avião foi oferecido para exportação a países como Guatemala e Paraguai, mas não houve avanço nas negociações.

Nos anos 1990, o Pampa viveu um de seus maiores momentos de evidência quando concorreu no programa de aeronaves de treinamento primário da força aérea dos Estados Unidos. Nessa época, a ainda FMA era controlada em forma de concessão pela Lockheed Martin. O grupo entrou na disputa com o Pampa 2000, mas o avião argentino perdeu para o turboélice T-6 Texan II, da Beechcraft.

A versão mais recente da aeronave, o Pampa III, pode utilizar praticamente todo o leque de armas do A-4AR, versão argentina do veterano caça-bombardeiro A-4 Skyhawk. As duas aeronaves compartilham o mesmo software de armamentos.

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  1. A Indústria de aviação sul americana, inclui-se Embraer, são montadoras não detém tecnologia fundamental. Temos um ufanismo que não nos ajuda. Aviônica embarcada é asiática e europeia e as turbinas americanas e europeias. Tecnicamente nem motor de explosão produzimos. A melhor notícia seria investimento em pesquisa e qualificação da política.

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