Há 20 anos, Embraer aplicava ‘xeque-mate’ na Bombardier com a família E-Jet

Em 17 de março de 2004 o primeiro jato regional E170 entrava em serviço com a LOT Polish Airlines. Após ele, fabricante quase 1.800 aeronaves, mudando o mercado para sempre
O pioneiro E170 de matrícula SP-LDA, entregue em 2004 (Can Pac Swire)

No último domingo um marco para a aviação comercial completou duas décadas, o primeiro voo com passageiros de um E-Jet da Embraer.

Em 17 de março de 2004, um E170, o menor dos jatos da família, decolava em um voo da companhia aérea polonesa LOT, dando início a uma revolução no mercado de aviação regional.

Até então, ligações regionais entre cidades menores eram feitas por jatos derivados de aviões executivos ou lentos turboélices, sem contar algumas iniciativas que não tiveram grande resultado como o Fokker 28 e o BAe 146.

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Os E-Jets foram portanto os primeiros jatos regionais pensados do zero a fazerem enorme sucesso.

O E170 em seu primeiro voo em 19 de fevereiro de 2002
O E170 em seu primeiro voo em 19 de fevereiro de 2002 (Embraer)

EMB 170

No entanto, a história da aeronave que elevou a Embraer ao posto de terceiro maior fabricante de jatos comerciais do mundo, desbancando a rival Bombardier, começou bem antes, em 1997.

Naquele ano, a empresa brasileira revelou que planejava lançar o EMB 170, um jato regional para 70 passageiros. Dois anos depois, a Embraer apresentou o ERJ-170 e o ERJ-190 (mais tarde apenas 170 e 190), aeronaves com fuselagem de maior diâmetro, capaz de acomodar fileiras com quatro assentos.

Em vez da configuração comum na aviação regional, com motores instalados na cauda em T, os E-Jets lembravam o Boeing 737 e o Airbus A320, com turbofans GE CF34 sob as asas.

Xeque no CRJ

Na época, a Embraer tinha a família ERJ, que havia sido lançada nos anos 90 com base no turboélice EMB-120 Brasilia. Com até 50 assentos, era uma aeronave bastante eficiente, mas que não dispunha mais de condições de ser ampliada.

A Canadair (mais tarde adquirida pela Bombardier), também disputava o segmento com um derivado do jato executivo Challenger, o Regional Jet.

A fuselagem mais larga, capaz de acomodar quatro assentos por fileira em vez de três do ERJ 145, fez sucesso e mais tarde os rebatizados CRJ100 e CRJ200 ganharam a companhia dos modelos CRJ700, a CRJ900 e a CRJ1000.

A despeito de poderem carregar até 104 passageiros, os jatos não eram páreo para os E-Jets, que ofereciam mais conforto, espaço e um porão volumoso abaixo da cabine.

O E175, modelo de maior sucesso da Embraer, e ao fundo o rival CRJ (risingthermals)

Cláusula de escopo

A nova família de jatos regionais da Embraer logo ganhou mais dois integrantes, o E195, para até 120 passageiros, e o E175, este o mais bem sucedido deles graças à cláusula de escopo das companhias aéreas dos EUA.

A limitação para transportar até 76 passageiros e ter um peso máximo de decolagem de 86.000 libras fez do E175 o avião ideal para as rotas regionais na América do Norte.

Mesmo com mais de 900 aeronaves vendidas das séries CRJ700 a CRJ1000, a Bombardier reconheceu que seu produto sofria da mesma limitação que os ERJ da Embraer no passado.

Era preciso dar um passo à frente, com um projeto melhor e maior que os E-Jets e foi o que a empresa canadense fez com o C Series, um jato comercial mais largo, moderno e de desempenho impressionante.

O CS300 entrou em operação comercial no segundo semestre de 2016 (Airbus)
O CS300 entrou em operação comercial no segundo semestre de 2016 (Airbus)

Bombardier sai de cena

No entanto, o alto custo do programa acabou levando a Bombardier à lona. Em 2018, a empresa vendeu o C Series para a Airbus, que o renomeou como A220.

Após encerrar a produção dos CRJ em 2020 e vender os direitos de propriedade para a Mitsubishi, a Bombardier deixou a Embraer sozinha no mercado de jatos regionais.

Embraer E195-E2 Tech Eagle
Embraer E195-E2 Tech Eagle (Embraer)

Não é por menos que os E175 ainda continuam populares nos Estados Unidos, como mostrou a recente encomenda de 90 aviões da American Airlines.

Vinte anos depois do voo da LOT, a Embraer já entregou quase 1.800 aeronaves da família, contando com os E1 e os E2, de nova geração.

Até dezembro de 2023, haviam sido entregues 753 E175, 568 E190, 191 E170, 172 E195, 89 E195-E2 e 19 E190-E2, segundo dados da fabricante. Um feito e tanto para a empresa brasileira.

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  1. E se a Bombardier não é vendida, o a220 não teria tanto sucesso, dando de certa forma, o “troco” na embraer e desbancando os e-jets.

  2. Tomara que a parceria tão frutífera entre Embraer e LOT Airlines continue e a Embraer vença a Airbus na concorrência do pedido das 84 aeronaves por parte dos poloneses.

  3. Sempre quis saber que fim levou a Bombardier. Vocês responderam. Parabéns a vocês. Parabéns a nossa Embraer, que que quase foi vendida pelo governo anterior. Foi por pouco. Ufa!

  4. Ah tá. O xeque mate foi tão bom que a Bombardier vender o C-Series pra Airbus, que agora nada de braçada em cima dos E-Jets.

  5. Lembro da arrogância da Bombardieu lá no. início. Se isto aqui fosse o outro Brasil….babau!

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