Jatos russos encalhados no México podem ir para Cuba

Governo de Cuba tem interesse em adquirir 20 jatos Sukhoi SSJ100 da empresa mexicana Interjet
A mexicana Interjet foi a única empresa do Ocidente que operou o SSJ100 (Sukhoi)

Única companhia aérea das Américas que se arriscou a comprar o jato russo Sukhoi SSJ100, a mexicana Interjet não vê a hora de se livrar desses aviões. Em entrevista a Forbes Mexico, o presidente da empresa, Alejandro Del Valle, confirmou que o Governo de Cuba está interessado em adquirir as aeronaves.

A Interjet recebeu 22 exemplares do SSJ100 entre 2013 e 2015. No entanto, a empresa enfrentou uma série de dificuldades técnicas para operar os jatos e em pouco tempo mais da metade da frota estava aterrada. Não só isso, a companhia mexicana canibalizou quatro modelos para manter os demais em condições de voo. E tem mais um problema: o pagamento dos aviões ainda não foi quitado e a dívida da transportadora com a Sukhoi é de US$ 380 milhões.

Em situação financeira delicada por conta da pandemia e sem voar desde dezembro do ano passado, a Interjet vai pedir falência na próxima semana para levantar investimentos e tentar não quebrar. Se tudo ocorrer como o planejado, a companhia espera retomar os voos regulares em julho, mas somente com jatos Airbus A320.

Del Valle detalhou que a dívida da Interjet gira em torno de US$ 1,2 bilhão, o que inclui salários atrasados, impostos, pagamentos a fornecedores e o financiamento dos jatos Sukhoi. No entanto, quem levar os aviões também vai assumir as prestações com a fabricante russa. O executivo, todavia, não comentou sobre as negociações com o governo cubano.

Visto como um problema no México, o SSJ100 pode ser uma grande oportunidade para Cuba alavancar seu mercado aéreo e a companhia estatal Cubana de Aviación.

A aviação cubana está intrinsicamente ligada à Rússia desde a imposição do embargo dos EUA contra a ilha, em vigor desde 1958, o que torna praticamente impossível a assinatura de contratos com fabricantes aeronáuticos do Ocidente e a compra de aeronaves novas. Por outro lado, aviões comerciais russos (ou modelos ucranianos da Antonov), têm passe livre em Cuba.

Fracasso comercial

O desenvolvimento do que viria a ser o SSJ100 teve início em 2001 quando a Rússia buscava suprir o mercado doméstico com uma família de jatos regionais mais eficiente além de disputar encomendas em outros países. Em 2003, a agência de aviação russa selecionou a Sukhoi para o programa RRJ (Russian Regional Jet) que recebeu investimentos estatais.

Para tornar a aeronave mais atraente para companhias aéreas fora da Rússia, a Sukhoi selecionou diversos fornecedores ocidentais, entre eles a francesa Thales (aviônicos), a Honeywell (APU), a suíça Liebherr (controles de voo) e a Safran (turbofan), entre outros. Os estudos iniciais indicavam uma família com quatro aeronaves e capacidade entre 60 e 100 assentos.

O protótipo do Sukhoi Superjet 100

Em 2005, após selecionar a versão de 98 lugares, a Sukhoi rebatizou a aeronave como SuperJet 100 que foi lançada em Farnborough com um pedido firme de 30 unidades da Aeroflot. A ambição global ganhou força com a participação da Boeing no programa e posteriormente com a sociedade fechada com a Alenia (atual Leonardo), que estabeleceram a joint venture SuperJet International para oferecer o jato fora da Rússia.

O primeiro protótipo do SSJ100 voou em maio de 2008, sete meses depois de ter sido apresentado mundialmente. No ano seguinte, o avião participou da edição de Le Bourget, na França, e acumulou mais encomendas, incluindo 30 unidades da Malev, da Hungria.

Pouco depois, no entanto, o motor SaM146 começou a apresentar problemas de confiabilidade e o programa de desenvolvimento acabou atrasando. Com isso, a certificação na Rússia ocorreu apenas em fevereiro de 2011. Um ano depois, a EASA autorizou o SSJ100 a operar na Europa, um feito bastante raro entre as aeronaves do país.

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