Labace: Airbus oferece jato executivo de R$ 1 bilhão
Fabricante enxerga potencial para vender jatos super executivos no mercado brasileiro


Imagine ter um jato Airbus A319, igual ao usado pela companhia Tam, apenas para você. Isso é plenamente possível, desde que você seja um bilionário – milionários compram jatos executivos mais “baratos”, como os da Embraer e Bombardier. A divisão de aeronaves executivas da fabricante, chamada “Airbus Corporate Jets” (ACJ), mesmo sem um espaço físico, está presente na Labace 2015 anunciando seus produtos no “boca a boca”.
O principal produto anunciado pela Airbus na Labace é o jato executivo “de entrada” ACJ319neo, baseado na nova geração do A319, com uma série de avanços que aumentaram seu alcance máximo, reduzindo o consumo de combustível e emissões poluentes. A Avianca Brasil, por exemplo, encomendou recentemente um lote dessas aeronaves. “É o que chamam de ‘aeronaves de alta eficiência’. Todas as fabricantes estão trabalhando com esse conceito, o que aumenta o alcance dos aparelhos e reduz custos de operações”, explicou David Velupillai, diretor de marketing da ACJ em entrevista ao Airway na Labace. “E tudo isso pode ser convertido para o modo executivo”, acrescentou.
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O ACJ319neo, como explicou Velupillai, é indicado para governos, grandes companhias (pequenas companhias compram aviões menores) e bilionários, que a Airbus chama de “Individuals”. E são justamente esses cliente que a empresa procura para ofertar seu “jatão” executivo na Labace 2015, que custa US$ 319 milhões (cerca de R$ 1,1 bilhão) – a versão comercial do A319neo custa US$ 100 milhões.
A aeronave, que na versão comercial pode transportar até 160 passageiros, pode ser convertida para levar 25 pessoas na versão Individual. Essa opção contém uma cabine fechada para quatro comissários de borbo, sala de estar, mesa de reunião e uma cabine privada com banheiro e uma cama de casal.

Não só isso, por levar menos passageiros, o bagageiro cedeu boa parte de seu espaço para um novo tanque de combustível, que eleva o alcance de 6.000 km no A319neo comercial para mais de 12.000 km da série executiva. O novo ACJ319 pode voar de São Paulo até Estocolmo na Suécia, sem escalas e ainda sobra combustível para voar mais duas horas. O alcance do jato, no entanto, é inferior aos dos jatos da Gulfstream e Bombardier, que têm aviões, como os G 650ER e o Global 6000, que podem voar da capital paulistana até Moscou em apenas um tiro.
“Isso é verdade, mas você precisa lembrar do que esse consumidor está tentando fazer. Na maioria do tempo eles não voam longas distâncias . Aqui no Brasil, por exemplo, esse cliente viaja pelo próprio país e com alguma frequência pela América Latina e talvez uma ou duas vezes realiza uma longa viagem que leve a aeronave ao seu limite. Alcance não é tudo”, analisa o diretor de marketing da Airbus.

Além disso, como destacou Velupillai, com um típico humor britânico: “De toda forma, em longas viagens os clientes querem cabines mais confortáveis, e nesse ponto o nosso avião é imbatível”. O ACJ319 tem a mesma altura de cabine da versão comercial, com mais de dois metros de altura e 3,6 m de largura, e um corredor de 33 metros.
O novo jato da Airbus também possui controles totais “fly-by-wire”, que substituem comandos manuais por eletrônicos, tecnologia que aumenta o nível de automação da aeronave. Em outras palavras, o avião fica fica mais “fácil” de pilotar. “A maioria dos fabricantes aqui presentes já possuem aeronaves com controles fly-by-wire, como Gulstream e Embraer, mas o nosso principal concorrente nesse segmento não tem. A Boeing”, comentou Velupillai.

“No ano passado viajei com um cliente bilionário acompanhado de sua família e amigos a bordo de um jato Gulfstream e mais adiante, quando ele voou no ACJ319 contou que foi uma experiência totalmente diferente. No avião americano, ele comentou que depois passou a notar a enorme diferença no espaço interno e a dificuldade para se movimentar no interior da aeronave”, revela Velupillai. O cliente, porém, ainda não comprou o jato da Airbus.
“Quem compra esse avião provavelmente é um bilionário, mas há também companhias que o adquirem para realizar voos fretados (charter). Portanto, milionários também conseguem voar no ACJ3190neo”, brinca o diretor de marketing da Airbus.”Assim como algumas pessoas gostam de carros novos, alguns bilionários gostam de jatos novos. E esse mercado existe no Brasil”, finaliza.
Jato bilionário da Embraer
A fabricante brasileira Embraer também está no mercados dos jatos para clientes bilionários. A divisão executiva da empresa tem desde 2006 o Lineage 1000E, que segue a mesma receita do jato da Airbus com dimensões generosas, emboras menores que a do ACJ3190.
A aeronave é a versão executiva do Embraer 190, um dos aviões mais utilizados pela Azul e em diversas companhias aéreas no exterior. O modelo pode levar praticamente a mesma quantidade de passageiros do ACJ319 e ao reduzir o tamanho do compartimento de bagagem também aumenta sua autonomia: de 4.440 km na série comercial para mais de 8.000 km da versão executiva máxima.

Para bilionários em fase de economia, o avião da Embraer tem melhor/beneficio: custa US$ 55 milhões (R$ 191 milhões). O jato nacional também é oferecido para conglomerados e países. A empresa já entregou 13 unidades desde 2009 – a Airbus vendeu 70 unidades desses jatos desde 2006.
No Brasil, existem dois aviões executivos deste porte e um deles é justamente o avião presidencial, um A319CJ (sigla para “Corporate Jets”), que a Força Aérea Brasileira chamada de VC1A “Santos Dumunt”. O avião é operado pela FAB desde 2005 e já realizou viagens pelo mundo todo com autoridades e os presidentes Lula e Dilma. A aeronave da Airbus substituiu os antigos Boeing 707, que eram conhecidos como “Sucatões” (havia também um 737 executivo, o “sucatinha”). O outro modelo é o VC-2, também de uso da FAB, um Embraer Lineage 1000E.
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O Airbus presidencial do Brasil pode levar cerca de 40 passageiros e possui uma configuração interna comparável com a “Governments” atual, além de sistema de comunicação via satélite, equipamento que clientes bilionários também levam no pacote.
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