Lockheed Martin ingressa em projeto de jato executivo supersônico
Importante fabricante dos EUA vai ajudar a desenvolver o Aerion AS2, aeronave executiva projetada para voar a 1.850 km/h


Com uma enorme experiência no desenvolvimento de aviões militares capazes de superar a velocidade do som, a Lockheed Martin agora quer aproveitar esse conhecimento no segmento de aviões executivos. A fabricante dos Estados Unidos anunciou na última semana a assinatura de Memorando de Entendimento (MOU) com sua conterrânea Aerion Corporation para projetar o jato executivo supersônico AS2.
Esse tipo de contrato ainda não permite a Lockheed Martin por a “mão na massa” no desenvolvimento iniciado pela Aerion. Na primeira fase da parceira, programada para acontecer durante os próximos 12 meses, será explorada a viabilidade de um desenvolvimento em conjunto sobre todas as fases do programa, que inclui processos de engenharia, certificação e produção da aeronave.
“Esta relação é absolutamente fundamental para criar um renascimento supersônico. Quando se trata de know-how supersônico, as capacidades de Lockheed Martin são bem conhecidas e, de fato, lendárias. Compartilhamos com Lockheed Martin um compromisso para o desenvolvimento a longo prazo de aeronaves supersônicas civis eficientes “, disse Robert Bass, presidente da Aerion.
“Estamos entusiasmados em trabalhar com a Aerion no desenvolvimento do jato supersônico eficiente de próxima geração que potencialmente servirá como uma plataforma para pioneirismo de aeronaves supersônicas”, disse Orlando Carvalho, vice-presidente da Lockheed Martin Aeronautics.
Executivos supersônicos
A aviação executiva, por outro lado, nunca teve uma aeronave com a capacidade proposta pelo AS2. Segundo dados da Aerion, o modelo é projetado para alcançar velocidade máxima de mach 1,4 o equivalente a 1.850 km/h, e percorrer até 8.800 km. Já a cabine é desenhada para embarcar até 12 passageiros. O primeiro voo do modelo é previsto pelo fabricante para meados de 2023, enquanto a certificação deve ser alcançada em 2025.

Outra empresa parceira da Aerion no projeto do jato AS2 é a Airbus. O grupo europeu vem colaborando com a empresa norte-americana no desenvolvimento aerodinâmico da aeronave e o design estrutural. A cooperação entre as empresas já rendeu um projeto preliminar sobre o projeto da asas, layout de equipamentos embarcados e conceitos iniciais para um sistema de controle de voo computadorizado fly-by-wire.
Em maio de 2017, a fabricante de motores aeronáuticos GE Aviation anunciou um acordo com a Aerion para definir um motor supersônico para o AS2.
Apesar de ainda estar longe de ganhar forma ou voar, o AS2 já iniciou uma movimentação no setor de aviação executiva. Em novembro de 2015, a Flexjet, empresa de propriedade compartilhada dos EUA, fechou um pedido firme por 20 exemplares do futuro jato de negócios supersônico. O negócio é avaliado em cerca de US$ 2,4 bilhões.

O último avião comercial supersônico do mercado foi o Concorde, aposentado em 2003 após uma carreira que somou mais momentos conturbados do que sucessos financeiros. Outro jato de passageiros capaz de alcançar a velocidade do som foi o Tupolev T-144, aeronave desenvolvida na antiga União Soviética que operou por menos de 10 anos, entre as década de 1960 e 1970.
A Boom Technology, startup dos EUA, é outro nome que aparece com destaque na retomada dos aviões supersônicos para passageiros. A empresa trabalha no projeto do jato comercial supersônico Boom, desenvolvido para transportar 75 passageiros e de alcançar mach 2,2, cerca de 2.300 km/h. O lançamento da aeronave, que já tem mais de 70 unidades encomendas, está programado para 2023.
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