Mais dois aeroportos brasileiros terão transporte por trilhos em março

Salvador e Guarulhos passarão a contar com estações próximas que prometem facilitar o acesso dos passageiros
Linha de trem chegando ao aeroporto de Guarulhos: apenas cinco cidades atendidas por trem em seus aeroportos (CPTM)
Linha de trem chegando ao aeroporto de Guarulhos: apenas cinco cidades atendidas por trem em seus aeroportos (CPTM)

Cena comum em aeroportos no exterior, as estações de trens e metrô facilitam a vida de passageiros que chegam de viagem. Além de mais em conta, elas são uma ótima alternativa para quem não conhece muito bem seu destino. No Brasil, infelizmente, são poucos os aeroportos que contam com essa opção de transporte – atualmente apenas três terminais contam com sistemas por trilhos, Porto Alegre, Recife e Santos Dumont, no Rio de Janeiro.

A boa notícia é que a partir de março mais dois aeroportos passarão a oferecer essa opção, Salvador e Guarulhos, em São Paulo. O aeroporto baiano seria o primeiro na semana passada, mas a data dei inauguração da estação Aeroporto, distante cerca de 1.300 metros em linha reta do terminal de passageiros, foi postergada para o final da primeira quinzena de abril. Já o maior aeroporto brasileiro deve contar com uma estação da CPTM, companhia de trens metropolitanos, a partir do dia 31 de março, caso não haja mais atrasos – a linha foi prometida para a Copa do Mundo de 2014.

Em nenhum dos casos, no entanto, não se tratam de estações que chegam aos domínios desses aeroportos. Ao contrário de aeroportos como o de Heathrow, em Londres, que conta com uma linha de metrô subterrânea dentro dos terminais, além de um trem expresso, por questões burocráticas e de estratégia, ou de Paris, que possui uma linha de RER ligando os aeroportos Charles de Gaulle e Orly, os dois terminais aeroportuários brasileiros terão apenas estações nas proximidades o que exigirá um deslocamento extra por ônibus, oferecido pela concessionária GRU Airport em São Paulo e pela própria companhia que opera o metrô da Bahia, a CCR. O mais perto disso hoje é o serviço de VLT inaugurado no Rio de Janeiro em 2016 e que fica a menos de 100 metros do terminal.

Ainda assim, serão sistemas sob trilhos que farão a diferença para milhares de passageiros afinal a mobilidade de superfície dos aeroportos brasileiros é geralmente deficiente e cara. Corridas de táxi em São Paulo pesam muito no bolso mesmo com a concorrência dos aplicativos. Para ir como o próprio automóvel ao aeroporto é preciso apelar para estacionamentos de terceiros cujas diárias são bem mais baratas que as oferecidas pelos aeroportos. Transporte coletivo existe, porém, sujeito aos mesmos problemas de trânsito dos carros.

Apesar do aumento no número de aeroportos ligados por trilhos, eles ainda serão exceção no país. Além dos cinco citados apenas o aeroporto de Congonhas, na capital paulista, deverá ganhar uma estação de monotrilho no ano que vem. Muito pouco para um mercado de aviação que está entre os maiores do mundo. Veja a seguir o que os seis aeroportos oferecem:

Aeromóvel de Porto Alegre: pioneiro e único

Aeroporto Salgado Filho (Porto Alegre)

Pode-se dizer que o aeroporto gaúcho foi o primeiro a ter uma linha de metrô muito próxima dele. Inaugurada em 1985, a linha de metrô da Transurb tem a estação Aeroporto a menos de 500 metros do antigo terminal de passageiros, hoje chamado de Terminal 2. Após a construção do atual Terminal 1 foi desenvolvido um pioneiro “people mover” que liga o aeroporto à estação. O sistema consiste de uma composição movida a ar batizada de Aeromóvel e que percorre um trecho de 814 metros até o metrô cobrando R$ 1,70 pela passagem. O metrô gaúcho, no entanto, consiste de uma linha que atende mais a cidades na Grande Porto Alegre que a capital em si.

A passarela que conecta o Aeroporto de Recife ao metrô (GF)

Aeroporto dos Guararapes (Recife)

O aeroporto de Recife passou a contar com uma ligação por trilhos em 2010 com a modernização da Linha Sul. Como é bastante próxima do terminal foi necessário apenas construir uma passarela de 450 metros para que os passageiros pudessem chegar à estação. O sistema de trilhos pernambucano é extenso (71 km) quando se inclui o VLT, mas a má qualidade do serviço oferecido pela estatal federal CBTU compromete a imagem perante os usuários.

A parada do VLT no aeroporto Santos Dumont (Mario Roberto Durán Ortiz)

Aeroporto Santos Dumont (Rio de Janeiro)

O VLT Carioca foi inaugurado em junho de 2016 para os Jogos Olímpicos do Rio e percorre cerca de 14 km atualmente na região central da cidade, porém, não está integrado por tarifa a outros modais sobre trilhos como o metrô e a Supervia (trens metropolitanos). Por ser uma espécie de bonde moderno, o VLT transita pelas mesmas vias dos carros e ônibus sem a mesma velocidade e alcance de um trem. No entanto, é uma ótima alternativa para quem precisa se deslocar nas proximidades do aeroporto.

Trem na estação Aeroporto fica a pouco mais de um km do aeroporto Luiz Eduardo Magalhães (CCR)

Aeroporto Luiz Eduardo Magalhães (Salvador)

O próximo aeroporto a ser conectado por trilhos terá uma estação de metrô nas proximidades. O sistema baiano é o mais novo do Brasil, inaugurado em 2014 após uma década de paralisação das obras. Conta com duas linhas atualmente e mais de 40 km de extensão. Com ele os passageiros poderão chegar a regiões importantes da cidade em poucos minutos, mas a distância da estação será um entrave para quem estiver carregado de malas, por exemplo. Segundo a imprensa local, a abertura da estação Aeroporto, última da Linha 2, deve ocorrer no dia 14 de abril.

Túnel que conectará a linha de monotrilho ao aeroporto e Congonhas (CMSP)

Aeroporto de Guarulhos (São Paulo)

A promessa de um trem ligando o maior aeroporto do país é antiga, mas enfim será cumprida nas próximas semanas. Após vários projetos, o governo do estado decidiu construir uma nova linha da CPTM, a 13-Jade, porém, ela só irá até uma região distante na Zona Leste na primeira fase. De lá, o passageiro precisará mudar de linha para chegar ao metrô, por exemplo. Por essa razão, a companhia fará alguns serviços especiais em que os trens seguirão até estações mais bem localizadas como Brás e Luz. A estação Aeroporto Guarulhos, assim como em Salvador, fica distante dos principais terminais do aeroporto e isso exigirá uma viagem por ônibus até lá. A concessionária GRU Airport havia prometido criar um People Mover para ligar os terminais, mas o projeto não saiu do papel até hoje. Em compensação, os passageiros que decidirem utilizar a linha da CPTM poderão chegar a qualquer ponto dos mais de 350 km de trilhos da rede por uma tarifa de R$ 4,00. Claro, desde que disputem espaço com os usuários diários do sistema, o mais lotado do país.

Estação Aeroporto Congonhas ainda em obras (CMSP)

Aeroporto de Congonhas (São Paulo)

Outro projeto que parece nunca ser concluído, o monotrilho da Linha 17-Ouro está bastante atrasado e tem previsão de entrega apenas no final de 2019. No entanto, deve se tornar a mais eficiente linha por trilhos dos aeroportos brasileiros por estar ao lado do terminal de Congonhas e ligar várias linhas importantes de metrô e trens. Um passageiro corporativo que precise ir até a região da Berrini, por exemplo, poderá chegar até seu destino em cerca de 20 minutos. Ou ir até a avenida Paulista em 40 minutos aproximadamente. As obras ainda precisam superar alguns desafios técnicos e mesmo burocráticos para sair do papel.

Atualizado em 19 de março de 2018.

Veja também: ANAC libera operações do Airbus A380 em mais 12 aeroportos no Brasil

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  1. Um dos maiores retrocessos que o Brasil fez, foi sucatear nossa rede ferroviária. Senão me engano ocorreu logo após a saida dos governos militares..Toda malha ferroviária do Brasil começou a deixar de ser utilizada. Exemplo extremo – Trem de PRATA Rio à São Paulo.

  2. Você se engana, Mansur! O sucateamento começou antes mesmo dos governos militares, que não fizeram nada para reverter o quadro. A chegada das montadoras de veículos durante o governo JK fez o brasileiro acreditar que o automóvel era o futuro e que os trens eram coisa do passado. Os militares com suas obras faraônicas tipo Transamazônica deram seguimento à política de sucateamento da malha ferroviária.

  3. Sugestão: a Airway escrever um artigo exclusivo explicando as razões para GRU não construir o “people mover”. Uma vez que depois de se comprometer com governo com tal obra pois desejava utilizar a aerea da estação que seria ligada diretamente ao terminal para construir um shopping. Em resultado disso o governo fez a ultima estacao à 1300 metros e agora os passageiros terão que pegar um onibus?! Jeitinho para os lucros da GRU sob o bem público.

  4. Uma grande pena a Estação de Guarulhos chegar somente até o terminal 1, o aeroporto é enorme e a estação não será nada prática para viajantes.

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