Parceria entre Boeing e Embraer preocupa União Europeia
Comissão Europeia está investigando o impacto que a joint venture entre Boeing e Embraer pode causar no mercado de aeronaves de corredor único


Preocupações com o impacto da concorrência no mercado de aeronaves de corredor único levaram a Comissão Europeia a abrir uma investigação antitruste aprofundada sobre a parceria estratégica planejada entre a Boeing e a Embraer.
O órgão regulador informou que vai examinar com maior atenção particularmente a situação da categoria de 100 a 150 assentos, na qual as duas fabricantes têm aviões que “até certo ponto” atendem o mesmo mercado. A Boeing tem nesse filão os jatos da família 737, enquanto a Embraer oferece os modelos E-Jet de primeira e segunda geração (E2).
A comissão afirma que, embora as companhias dos EUA e do Brasil concorram com a Airbus – que disputa o mercado de aviões de corredor único com as séries A320 e A220 – “elas também parecem participar de competições frente a frente”.
Com somente uma empresa dominando o mercado, novos produtos podem enfrentam altas barreiras de entrada e dificilmente conseguiriam replicar a “restrição competitiva” que a Embraer pode exercer, apontou a comissão da União Europeia. Nos próximos, serão lançados pelo menos três novas famílias de aeronaves de três fabricantes diferentes. É o caso dos jatos de corredor único MC-21, COMAC C919 e o Mitsubishi SpaceJet (ex-MRJ).
“Apesar da participação de mercado comparativamente pequena da Embraer, ela parece exercer alguma restrição de preço sobre os líderes de mercado”, diz a Comissão. “A transação (a efetivação da parceria entre Boeing e Embraer) pode, portanto, eliminar uma força competitiva pequena, mas importante, no mercado global de corredor único concentrado”, acrescentou.
O avião da Boeing mais próximo da capacidade de algum modelo da Embraer é o 737 MAX 7, projetado para receber entre 152 e 172 passageiros e que até certo ponto concorre com o novo E195-E2, que tem capacidade máxima para 146 ocupantes.

“Com nossa investigação aprofundada, queremos garantir que as fusões em aeronaves comerciais não reduzam significativamente a concorrência efetiva em preços e desenvolvimento de produtos”, diz o comissária europeia de concorrência Margrethe Vestager, citada pelo Flight Global.
A parceria entre as duas fabricantes já foi autorizada pela Comissão Federal de Comércio dos EUA. Resta agora o sinal verde da Comissão Europeia, que deve divulgar seu parecer em até 20 de fevereiro de 2020.
Processo de investigação antitruste têm como objetivo impedir a criação de combinações monopolísticas. É uma forma de coibir empresas de dominarem um determinado mercado e limitarem sua expansão e punir práticas anticompetitivas.
Segundo os termos do acordo, a Boeing vai assumir 80% dos negócios da Embraer na aviação comercial por US$ 4,2 bilhões. A transação também inclui a criação de uma segunda joint venture entre as companhias para promover o avião militar KC-390, na qual a Embraer terá uma participação de 51% e a Boeing, de 49%.
Veja mais: Azul lança serviço de stopover em aeroportos paulistas