Passaredo vai à justiça contra Azul por suposto assédio a pilotos
Empresa regional acusa a Azul de tentar contratar seus pilotos para desestabilizar novas operações


A Passaredo Linhas Aéreas, companhia regional que anunciou na última semana a aquisição da MAP Linhas Aéreas, informou nesta terça-feira (27) que irá tomar medidas jurídicas junto ao CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e à Justiça comum diante do assédio que a Azul Linhas Aéreas vem fazendo perante todo o seu corpo técnico de pilotos e co-pilotos.
De acordo com a direção da companhia regional de Ribeirão Preto (SP), o departamento de recursos humanos da Azul tem entrado em “contato sistematicamente” com todos os pilotos da Passaredo e da MAP, oferecendo vagas de ingresso imediato como pilotos de aeronaves a jato.
A Passaredo emprega atualmente 66 pilotos, enquanto a MAP tem outros 27. Juntas, as duas companhias operam um total de 12 aeronaves turbo-hélice modelos ATR 42 e ATR 72.
A Passaredo afirma que o objetivo da Azul é “prejudicar a empresa no momento em que está estruturando suas novas operações de Congonhas”. Os voos da empresa no aeroporto central de São Paulo serão iniciados no próximo mês.
No final de julho, a Passaredo foi uma das companhias beneficiadas com a redistribuição dos 41 slots no aeroporto de Congonhas que pertenciam à Avianca Brasil. A empresa do interior de São Paulo ficou com 14 horários, enquanto a MAP levou 12 e a Azul, 15.
“Existem centenas de excelentes pilotos com experiência em jatos no mercado, inclusive oriundos da operação da Avianca. A Passaredo recebeu esses currículos recentemente durante a seleção de pilotos que vem realizando. Se a Azul tivesse interesse exclusivo em contratar mão de obra, seria natural aproveitar esses profissionais já experientes no equipamento a jato. Contudo, o que a Azul quer é aliciar a mão de obra da Passaredo para prejudicar a estruturação das operações em Congonhas”, diz Eduardo Busch, CEO da Passaredo.
“Durante o processo de distribuição dos slots de Congonhas, foi pública e notória a pressão política e institucional que a Azul fez perante a ANAC e o DECEA. Forçaram uma barra enorme tentando impedir o acesso da Passaredo e da MAP ao aeroporto, até o último momento. Agora, uma vez que não tiveram sucesso na pressão política, querem prejudicar a Passaredo tentando sabotar as operações da empresa”, complementou o executivo.

No final de julho, a Azul lançou um comunicado desaconselhando empresas menores de entrar na disputa pelos slots vagos em Congonhas. Na época, a companhia afirmou que operar os horários no movimentado aeroporto paulista com aeronaves menores e, consequentemente, com menos assentos, representava “um uso ineficiente desses valiosos recursos públicos, impedindo a entrada efetiva de qualquer novo concorrente na ponte aérea Congonhas-Rio e Congonhas-Brasília”. Atualmente, quase 90% dos slots em Congonhas estão nas mãos da Gol e Latam.
A reclamação da Passaredo perante o CADE e à Justiça se baseia na prática de concorrência desleal, nos termos do art. 195 da Lei de Propriedade Intelectual, ou como infração à ordem econômica, nos termos do art. 36 da Lei 12529.
Azul nega assédio
Em contato com o Airway, a Azul negou que esteja assediando funcionários de outras empresas. A companhia ressaltou que tem ampliado seu quadro de tripulantes diariamente à medida que vem aumentando sua presença no Brasil e no exterior e incorporando novas aeronaves em sua frota.
A Azul informou que, somente neste ano, deve incluir cerca de 30 novos aviões e contratar mais 2.000 tripulantes. “O recrutamento de novas pessoas é feito com os recursos disponíveis no mercado brasileiro e, em alguns casos, os candidatos atuam em outras companhias do setor, como é comum em qualquer indústria. Ainda, a Azul informa que tem posições abertas para pilotos e convida candidatos que tenham interesse na companhia a enviarem seus currículos”, finaliza a companhia.
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