‘Pesadelo’ de Airbus e Boeing, primeiro jato comercial C919 é entregue na China

Aeronave de matrícula B-919A decolou das instalações da COMAC em Xangai para ser recebido pela China Eastern Airlines. Modelo promete roubar vendas do A320 e do 737 no país
O primeiro C919 decola para entrega a seu cliente, a China Eastern Airlines (Weibo)

Aeronave comercial mais avançada da China, o jato C919 teve o primeiro exemplar entregue nesta sexta-feira, 9. O jato de matrícula B-919A decolou do Aeroporto de Xangai, onde fica a fábrica da COMAC, para ser recebido pela China Eastern Airlines no Aeroporto Hongqiao.

Desenvolvido desde 2008, o C919 é um equivalente chinês do Boeing 737 e do Airbus A320, com capacidade para 164 passageiros em duas classes, na configuração adotada pela China Eastern.

A transportadora, uma das maiores do país, é até aqui a única cliente a fechar um pedido firme do C919, com cinco unidades previstas para serem entregues. Originalmente, esses aviões voariam na subsidiária de baixo custo OTT Airlines, mas os planos mudaram, talvez como uma forma de incentivar o produto nacional em rotas mais nobres.

Apesar do feito, o programa C919 ainda corre sérios riscos de disrupções por conta da grande dependência de fornecedores ocidentais. Os motores, por exemplo, são os Leap 1-C produzidos pela CFM, enquanto boa parte dos aviônicos é fornecida pela Collins Aerospace, entre outras.

A China está desenvolvendo alternativas domésticas, porém, até o momento esses produtos não atingiram condições de produção em série.

Centenas de encomendas garantidas

É provável que os primeiros anos de operação do C919 sirvam apenas para que a aeronave ganhe milhagem a fim de aprimorar sua performance e os processos produtivos – a COMAC acaba de receber certificação de produção em massa.

Embora seja considerado tecnicamente inferior às suas contrapartes ocidentais, o C919 é uma aeronave bem mais barata, o que, somado ao incentivo estatal, deverá garantir centenas de aeronaves produzidas nos próximos anos. Certamente, as vendas de Airbus e Boeing na China não serão as mesmas daqui a alguns anos.

A cabine de passageiros do C919 é dividida em duas classes, com 164 assentos (Weibo)

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  1. Não vejo mérito nisso. Uma fabricante estatal que vende pra aéreas estatais… Bom pra industria local, isso é óbvio! Mas não há mérito porque não há competição justa. Se bem que a gente pode até questionar essa tal competição. Difícil tudo isso nesse mundo atual!!

  2. Certamente os chineses já estão fazendo engenharia reversa nos componentes onde ainda não dominam. Mais uma vez o ocidente fornece, direta ou indiretamente, conhecimentos a um país não confiável e o preço a pagar será muito alto.

  3. o jogo da aviação é sujo, veja o que a Boeing fez com a Embraer e o que a Airbus faz, os chineses tem dinheiro e estão fazendo o caminho deles, mas livre concorrência nessa área ainda não é uma realidade

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