Qatar Airways pode desativar frota de Airbus A380 em definitivo

Executivo-chefe da empresa confirma plano para reduzir frota e admite que pode nunca mais voar com os A380
Airbus A380 da Qatar Airways em Le Bourget
A Qatar Airway possui 10 exemplares do A380 (Divulgação)

Aterrados desde o início de abril devido à pandemia do novo coronavírus, os Airbus A380 da Qatar Airways poderão nunca mais voar com a empresa aérea de bandeira do Catar.

Em entrevista coletiva realizada nesta segunda-feira, 11, o executivo-chefe da companhia aérea, Akbar al-Baker, afirmou que a frota da Qatar sofrerá um encolhimento severo para se adaptar a nova realidade da aviação comercial e comentou sobre a situação dos A380, que podem acabar desativados.

Segundo al-Baker, a frota da Qatar deve passar por uma redução de pelo menos 25%. A empresa tem hoje quase 250 aeronaves, embora grande parte delas estejam estacionadas neste momento de crise. O executivo disse ainda que o mercado de viagens aéreas levará “cerca de dois a três anos para voltar aos níveis de 2019” e acrescentou que ficaria “muito surpreso” se a situação melhorasse antes de 2023 ou 2024.

O próprio executivo-chefe da Qatar havia indicado em 2019 durante o Paris Air Show que os 10 modelos A380 da empresa seriam aposentados a partir de 2024, mas eles já podem ter realizado seus últimos voos.

“A Qatar Airways está estacionando seus 10 A380 e eles não voltarão por pelo menos um ano, e talvez nunca (mais retornem)”, disse al-Baker .

A companhia aérea com sede em Doha recebeu o primeiro de seus 10 A380 em setembro de 2014. A exemplo da Emirates Airlines, a Qatar Airways também apostou no alto luxo a bordo do superjumbo da Airbus, oferecendo uma série de mimos aos passageiros, em especial os que viajam (ou viajavam…) na primeira classe ou de executiva.

A380 com os dias contados

Com um custo operacional altíssimo, estimado em cerca de US$ 30.000 (R$ 176.000 na cotação atual) por hora de voo, o A380 é um avião comercial que em hipótese alguma pode voar com poucos passageiros. Quando isso acontece, o prejuízo é certo. Em casos assim, a melhor opção é deixar os aviões no chão, como vem acontecendo durante o surto global de Covid-19.

Sem demanda por transporte aéreo e com uma série de medidas de isolamento social em vigor no mundo todo, lotar um A380 com mais de 500 passageiros hoje é uma lembrança do passado.

500 toneladas de sucata: o primeiro A380 foi desmontado pela Tarmac Aerospace, na França; outros dois aparelhos estão na fila do desmonte (Erik Ritterbach)

O futuro do maior avião de passageiros da história estava ameaçado mesmo antes da pandemia, com uma série de operadores planejando a desativação total ou parcial de suas frotas do tipo no curto prazo, o que levou a Airbus programar a descontinuação da aeronave para 2021.

Além da Qatar Airways, outras companhias que planejam desativar em breve seus A380 são a Air France, Lufthansa, Qantas Airways, Singapore Airlines e Korean Air. Diante da atual crise e a demora na recuperação no mercado, esse processos podem ser acelerados e quem sabe até ganhar mais adeptos entre a clientela da aeronave que hoje é um elefante branco caro demais para ser mantido em serviço ou mesmo armazenado.

Veja mais: Em situação grave, Avianca pede concordata nos EUA

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