Rota histórica, voo Rio-Nova York corre o risco de acabar
Hoje operada apenas pela American Airlines, ligação direta pode acabar em março de 2019 se rival Delta não efetivar voo sazonal no ano que vem


Uma das mais antigas ligações aéreas internacionais do mundo está perto de ser interrompida em 2019. A companhia American Airlines anunciou que vai suspender seu voo entre o Rio de Janeiro e Nova York a partir de 29 de março de 2019. A razão estaria ligada à lenta recuperação da economia brasileira que não foi suficiente para manter a frequência – a empresa americana também deixou de voar para outros destinos brasileiros nos últimos anos.
Como é hoje a única empresa aérea a ter um voo regular entre as duas cidades, a saída da American significa a interrupção do voo direto entre elas, algo que ocorre desde a década de 1960, com o advento dos jatos comerciais de grande porte. Principal aeroporto internacional do Brasil até a década de 1990, o Galeão passou a perder voos importantes nos últimos anos. Após a concessão em 2014 houve um trabalho para recuperar a atratividade do terminal, porém, com a crise econômica muitas companhias acabaram criando seus hubs longe do aeroporto carioca. É o caso da Latam, principal companhia internacional do país, que concentrou seus voos em Guarulhos. Não é à toa que a American também tenha optado pelo terminal paulista afinal as duas empresas estão prestes a iniciar uma joint venture que pretende ampliar a atuação no mercado norte-americano.
A esperança de contar com um voo direto com a maior e mais famosa cidade dos Estados Unidos, no entanto, ainda sobrevive. A rival Delta Airlines, que já operou um voo sazonal entre dezembro de 2017 e março deste ano, voltará a voar diariamente entre 20 de dezembro de 2018 e 9 de março de 2019 e cinco vezes por semana até o dia 29 do mesmo mês. Por enquanto, a companhia aérea nega a intenção de manter a frequência o ano inteiro, mas é notória a vantagem da Delta em poder contar com a malha nacional operada pela parceira Gol no Tom Jobim, nome oficial do aeroporto. A companhia aérea brasileira é atualmente a que mais voa para o terminal, uma condição quase que obrigatória para viabilizar uma frequência internacional, por conta das conexões.
Ligação histórica
Os aviões que fizeram a rota Rio de Janeiro-Nova York começaram a voar entre elas poucos anos após o nascimento da aviação. Já na década de 1920 havia hidroaviões chegando à então capital federal como os da famosa Pan Am que utilizava um píer próprio para atracar seu aparelho no que seria o aeroporto Santos Dumont no futuro. Na época, era necessário fazer inúmeras escalas e perder dias para chegar ao destino. Foi somente após a Segunda Guerra que os aviões passaram a fazer o caminho operando a partir de pistas e logo a Varig inaugurou sua frequência em 1955 com destino à Nova York a bordo dos inconfundíveis Lockheed Super Constellation que faziam escalas em Belém, Port of Spain e Santo Domingo, no Caribe.
No início dos anos 60 os imensos (para a época) Boeing 707 assumiram a rota que passou a ser feita sem escalas pela primeira vez. Desde então, o Rio foi palco de voos de várias companhias aéreas como Braniff, United, US Airways e TAM, entre outras. Mas com a inauguração em 1985 do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, a capital paulista voltou a poder receber voos de longa distância e tanto Varig como Pan Am passaram a esticar seus voos até lá. Com a demanda crescendo, logo alguns voos acabaram ligando São Paulo diretamente à Nova York.
Descentralização
O mercado de aviação brasileiro também vive uma inédita descentralização da malha aérea internacional. Antes concentrados em São Paulo e no Rio de Janeiro, agora muitos voos passaram a ser anunciados a partir de cidades médias em diversas regiões do país. Viracopos, Confins e Brasília já têm algumas rotas praticamente asseguradas, mas são os novos voos criados no Nordeste que têm chamado a atenção. Utilizando aeroportos como os de Fortaleza, Recife e Salvador, essas aeronaves acabam facilitando a vida dos passageiros dessas regiões, que estão bem mais perto do Hemisfério Norte, mas também acabam esvaziando as conexões nos principais centros.
É contra esse cenário que a Rio Galeão deverá lutar no ano que vem, embora a solução seja mais natural do que parece. Bastaria para isso recuperar parte do potencial turístico e de negócios da capital fluminense, o suficiente para que mais companhias decidissem voltar à cidade.
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