União Europeia dá o troco nos EUA e anuncia sobretaxa para aviões da Boeing

OMC autorizou a União Europeia a impor tarifas de 15% sobre aviões comerciais da Boeing vendidos na Europa
Frota de aviões comerciais deve triplicar em 20 anos na América Latina (Divulgação)
Frota de aviões comerciais deve triplicar em 20 anos na América Latina (Divulgação)
Airbus e Boeing reclamam uma da outra pelo mesmo motivo: ambas receberam subsídios ilegais (Kiefer)

A Organização Mundial do Comércio (OMC) decidiu nesta terça-feira (13) que a União Europeia pode impor tarifas no valor de US$ 4 bilhões por ano sobre uma lista de produtos importados dos EUA, sobretudo aviões comerciais da Boeing vendidos na Europa.

O novo resultado acompanha uma decisão anterior da OMC contra a UE permitindo tarifas nos EUA que, no ano passado, aumentaram os impostos sobre produtos europeus vendidos no mercado estadunidense, incluindo os jatos da Airbus.

A decisão levanta a possibilidade de que, assim como a Boeing luta para aumentar as entregas dos 737 MAX no início de 2021, a UE poderia aplicar uma tarifa de 15% sobre os jatos da série MAX entregues às empresas aéreas europeias.

A “guerra de tarifas” entre os EUA e a Europa no setor aéreo já dura mais de 16 anos. Airbus e Boeing reclamam uma da outra pelo mesmo motivo: ambas receberam subsídios governamentais considerados ilegais pela OMC para desenvolver e fabricar seus aviões.

A OMC autorizou a nova ação da UE contra o EUA em resposta aos subsídios governamentais ilegais recebidos pela Boeing. A imposição da nova tarifa, de US$ 7,5 bilhões por ano, aos produtos europeus ainda será analisada em Washington.

Em outubro de 2019, quando o processo completou 15 anos, os EUA finalmente aplicaram tarifas de 25% sobre um série produtos, incluindo vinho, uísque e queijo europeus e uma taxa de 10% sobre jatos da Airbus fabricados na Europa. Em março deste ano, os americanos aumentaram a alíquota de importação para aviões do grupo europeu para 15%, mas excluiu as aeronaves montados pela empresa em Mobile, no estado do Alabama.

A principal reclamação da Boeing é sobre o subsídio recebido pela Airbus ao longo dos últimos anos para produzir o A380, o maior avião de passageiros do mundo. O grupo europeu afirma que isso não deveria mais ser um problema em sua competição com a fabricante norte-americana, já que as vendas do “superjumbos” foram encerradas no ano passado.

“A Airbus não iniciou esta disputa na OMC e não desejamos continuar prejudicando os clientes e fornecedores da indústria de aviação e todos os outros setores afetados”, disse Guillaume Faury, CEO da Airbus em comunicado sobre a decisão da OMC.

“Como já demonstramos, continuamos preparados e prontos para apoiar um processo de negociação que leve a um acordo justo. A OMC falou agora, a UE pode implementar as suas contra-medidas. Agora é hora de encontrar uma solução para que as tarifas possam ser removidas em ambos os lados do Atlântico.”

A imprensa norte-americana tratou a nova decisão da OMC como uma “vitória técnica” do governo de Donald Trump, já que a taxa anual imposta nos EUA sobre o produtos europeu é quase o dobro da tarifa sugerida pela União Europeia sobre mercadorias norte-americanas.

A imposição da nova taxa nos EUA deve ser sancionada ou não somente após as eleições presidenciais. Analistas apontam que uma vitória do candidato do partido democrata Joe Biden pode melhorar as relações EUA-UE e apressar um acordo, enquanto a manutenção de Trump, do partido republicano e um dos maiores críticos da OMC, pode alongar ainda mais a disputa comercial entre os dois blocos.

Veja mais: Airbus celebra entrega do 1.500º jato da família A330

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