Versão de carga do Airbus A321 já desperta atenção do mercado

Empresa de Singapura que trabalha na conversão dos jatos anuncia “novos negócios” e deve anunciar mais clientes nos próximos dias
(Vallair)
A321 sem janelas: versão cargueira do jato pode transportar 27 toneladas (Vallair)

Após mais de 30 anos transportando passageiros, os jatos da série A320 da Airbus agora também são oferecidos como aviões de carga. O primeiro modelo convertido para a nova função é o A321P2F, desenvolvido pela EFW (Elbe Flugzeugwerke) e que deve ser certificado pela agência de aviação civil da Europa (EASA) nos próximos meses.

A EFW é uma joint venture formada pelo grupo Airbus e a ST Engineering, companhia de Singapura especializada em conversões de aviões e manutenção aeronáutica. A sede da empresa fica em Dresden, na Alemanha, mas as atividades de montagem são concentradas em Singapura. O primeiro A321 modificado para transportar cargas voou na cidade estado na Ásia dia 22 de janeiro.

Preparando-se para a abertura do Singapore Air Show, que começa amanhã (11) e segue até o domingo (16), a ST Engineering revelou ao Flight Global que “novos negócios” serão anunciados durante o evento.

A BBAM, empresa de leasing e gerenciamento de aeronaves, confirmou em junho de 2019 “várias” cartas de intenção para conversões no programa A321P2F, diz a ST Engineering.

A divisão de cargas da Qantas será o operador de lançamento do A321 cargueiro. A companhia vai alugar três aeronaves convertidas encomendas pelos grupos de leasing Vallair e Keystone Holdings, uma joint venture de locação da ST Engineering. O primeiro avião vai estrear com a empresa australiana em outubro.

As aeronaves são modificadas a partir de unidades retiradas do transporte de passageiros. O primeiro modelo, por exemplo, é A321 com 22 anos de serviço. O trabalho de conversão do segundo jato (outro A321 fabricado em 1998) começa em março, informou a empresa de Singapura.

A320, finalmente cargueiro

O lançamento de cargueiros baseados nos jatos comerciais A320 e A321 é aguardado há mais de 10 anos. Em 2008, a Airbus assinou um contrato firme com a empresa de leasing AerCap para converter 30 jatos A320/A321 na primeira edição do programa A320P2F. No entanto, em 2011, a fabricante suspendeu o projeto, citando a alta demanda pelas aeronaves no serviço comercial.

A Qantas vai receber três A321 cargueiros até 2021 (Divulgação)

Em junho de 2015, o projeto A320P2F foi retomado pela EFW e no ano passado a Qantas foi anunciada como primeiro cliente do A320 cargueiro.

Avião comercial mais vendido do mundo, a família A320 da Airbus acumula mais de 9.000 unidades construídas em 33 anos de operações e ainda soma encomendas por mais de 6.000 aeronaves. Nessa imensidão de pedidos e jatos em serviço, nenhum deles é cargueiro.

A Airbus tem um atuação discreta e baixa adesão no segmento de aeronaves cargueiras. O site da fabricante anuncia os modelos A330-200F e o programa de conversão A330P2F, além do exótico BelugaXL. Por ser um produto da joint venture EFW, o A320P2F não é mencionado no portfólio do grupo europeu, ao menos por enquanto.

A Boeing, por outro lado, tem longa tradição na conversão de seus jatos comerciais para o transporte de carga. A fabricante americana oferece aeronaves novas (modelos 747F, 767F e 777F) e um programa de modificação para modelos 737.

Com uso de aeronaves cargueiras, a Azul Cargo Express espera um crescimento de 40% ainda neste ano (Azul)
A Azul Cargo Express opera dois Boeing 737-400F; jatos podem transportar cerca de 20 toneladas (Azul)

A conversão de aeronaves comerciais da Boeing também é realizada por outras empresas. A mais destacada nesse ramo é a israelense IAI Aerospace, com experiências bem sucedidas em praticamente todos os jatos comerciais da empresa americana.

27 toneladas de carga

Em um mercado onde o peso vale ouro, a série A320F chega apresentando boas credenciais para competir na categoria de cargueiros médios, hoje dominado pelo Boeing 737.

Segundo dados da EFW, o A321F pode transportar até 27 toneladas de carga espalhadas por um compartimento com 208 m² – o porão de cargas do A320F tem 160,6 m² e comporta até 21 ton. A autonomia do jato é de até 3.520 km (o A320F tem alcance de 3.890 km), informa a companhia.

As versões de carga do 737 pode transportar cerca de 23 toneladas, mas o espaço para carga é menor. O compartimento do 737-400F, cargueiro mais comum nos aeroportos, tem cerca de 140 m², abaixo da capacidade oferecida no A320F. A EFW ainda sugere o A321F como uma opção para substituir antigos cargueiros baseados do Boeing 757, outro avião importante no setor de cargas.

O A321P2F é uma opção para substituir antigos cargueiros Boeing 757F (Timo Jager)

A empresa alemã diz que o A320 oferece uma base de “matéria-prima para conversão sem precedentes” com a alta disponibilidade de aeronaves no futuro (jatos A320 que serão desativados do serviço de passageiros nos próximos anos).

Outro programa de conversão do A321 em andamento é o A321PCF desenvolvido pela 321 Precision Conversions, um joint venture entre as companhias norte-americanas Precision Aircraft Solutions e Air Transport Services Group (ATSG). O primeiro jato convertido pelo grupo está perto de ser finalizado e deve voar nos próximos meses.

A entrada do A320 no setor de cargas marca uma nova e promissora fase na carreira do jato mais popular da Airbus e abre mais uma área de competição com a Boeing.

Veja mais: Fundador da Azul e JetBlue, David Neeleman lança nova companhia nos EUA

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  1. Mas quanto custa o KC390 ? Os 320F são aeronaves provenientes da aposentadoria da aviação de passageiros, apresentando um custo muito inferior.

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