“Carrasco argentino”, Super Étendard se despede na França

Aeronaves com longa carreira em combates navais são desativadas pela Marinha da França; modelos da Argentina estão estocados
O Super Étendard pode voar a velocidade máxima de 1.380 km/h (Marine Nationale)
O Super Étendard pode voar a velocidade máxima de 1.380 km/h (Marine Nationale)
A marinha da França desativou seus últimos oito Super Étendard a bordo do Charles de Gaulle (Marine Nationale)
O porta-aviões Charles de Gaulle ainda carregava oito Super Étendard (Marine Nationale)

Os últimos caças Dassault Super Étendard da Marinha da França decolaram pela última vez do convés do porta-aviões Charles de Gaulle, no porto de Toulon, nessa quarta-feira (17). Ou como dizem no jargão da aviação naval, foram “lançados” pelas catapultas. As aeronaves, oito ao todo, seguiram para terra firme, na base aeronaval de Landivisiau, onde ficarão armazenadas até a definição de seu destino – os jatos ainda têm condições de operação e podem ser negociados.

O Super Étendard é uma evolução do Etendard IV, que voou pela primeira vez em 1958. Já o modelo “Super”, de maior desempenho e com mais opções de armamentos, foi introduzido a marinha francesa em 1978. Mas quem usou o avião em combate pela primeira vez foi a Argentina.

Em 1982, na Guerra das Malvinas, o avião francês foi utilizado pela Armada Argentina (marinha argentina) no afundamento de duas embarcações britânicas, e de forma devastadora. Os ataques aéreos foram realizados com mísseis anti-navio Exocet, que sempre foi a principal arma do Super Étendard.

Outro usuário do aparelho foi o Iraque, que os utilizou contra o Irã. Os Super Étendard iraquianos, alugados de estoques da França, realizaram mais de 30 ataques contra embarcações iranianas durante a “Guerra Irã-Iraque”, na década de 1980.

Os Super Étendard sempre foram aviões especializados no ataque a alvo navais, mas também podem ser configurados para atuar como caça-interceptador, bombardeiro ou até lançar armas nucleares. Essas outras funções, porém, limitam o desempenho do caça, principalmente seu alcance.

Com a desativação na França, a função dos Super Étendard será assumida pelo caça multi-missão Dassault Rafale. Os modelos que realizaram o último voo eram da série “Modernisé”, atualizados em 2009 com novos sistemas de voo e sensores mais avançados.

As últimas ações dos aviões com a marinha francesa aconteceram neste ano: Super Étendard embarcados no Charles de Gaulle foram empregados no Oriente Médio em ataques contra o grupo terrorista Estado Islâmico.

Indecisão argentina

A marinha da Argentina, embora não tenha mais um porta-aviões, ainda possui 11 unidades do caça naval em condições de voo, mas a maioria dos modelos estão estocados: estima-se que apenas dois aparelhos continuem ativos e raramente eles voam.

No passado, a Argentina cogitou converter 10 aparelhos para o padrão Modernisé, mas o acordo com a França não foi adiante. O modelos da marinha argentina ainda mantém a configuração original, da época da compra, em 1980, enquanto os modelos franceses receberam diversas atualizações.

A maioria dos Super Étendard argentinos estão estocados (Armada Argentina)
A maioria dos Super Étendard argentinos estão estocados (Martin Otero)

Os Super Étendard franceses já operaram a partir do porta-aviões FS Fosh, o atual NAe São Paulo da Marinha do Brasil. A antiga embarcação da França foi adquirida pelo governo brasileiro no ano 2000. O navio militar, que é o maior da América Latina, porém, encontra-se atualmente “docado” no Rio de Janeiro para uma série de reformas com término previsto somente para 2022.

Veja mais: As flechas argentinas

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