Alegando “segredo militar”, Argentina confisca e manda destruir aeromodelo do Pampa

Avião de controle remoto foi confiscado na alfândega argentina como um material militar; fabricante do Pampa ainda reclama de direitos autorais e pede destruição do modelo
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O aeromodelo do Pampa confiscado tem escala 1/4

Uma situação insólita está acontecendo na Argentina. Um aeromodelo inspirado no caça argentino IA 63 Pampa foi confiscado no final de janeiro deste ano pela alfândega enquanto seu construtor tentava exportá-lo para a Europa. O envio do avião de controle remoto foi barrado pelas autoridades do país ao ser interpretado como uma tentativa de exportar material militar nacional.

Não bastasse o impedimento da alfândega argentina, a FadeA, fabricante do Pampa (de verdade), ainda adicionou reclamações por direitos autorais e direitos de marca registrada contra o construtor do aeromodelo, Sergio Testa. A empresa ainda pediu a destruição da unidade confiscada, o que foi atendido pelo governo argentino e confirmado nessa quarta-feira (3).

O aeromodelo desmontado e todos seus equipamentos estão em uma caixa armazenados no aeroporto internacional de Ezeiza, em Buenos Aires.

A notícia sobre a destruição do modelo deixou a comunidade aeromodelista sul-americana estarrecida. O Pampa construído por Sergio Testa em escala ¼ vem sendo umas das estrelas em eventos de aeromodelismo pela região nos últimos anos.

Parece de verdade, mas não é. O aeromodelo de Sergio Testa chama atenção pela fidelidade aos detalhes do Pampa
Parece de verdade, mas não é. O aeromodelo de Sergio Testa chama atenção pela fidelidade aos detalhes

Nas redes sociais, a maquete funcional do Pampa é muito elogiada por seu desempenho nas demonstrações e a qualidade de sua construção, com enorme fidelidade nos detalhes. Na argentina está em andamento um abaixo-assinado online para pressionar o ministério da defesa e tentar impedir a destruição do modelo confiscado.

Apesar de todo apoio, o construtor do aeromodelo, que disputa o caso há quase três meses, jogou a toalha. “Alguns tiveram a sorte de vê-lo voar, outros não. Infelizmente o Pampa vai para a destruição por violar a lei de Patentes e Marcas. Um adesivo de 8 cm com o logotipo da FAdeA tem poder suficiente para atingir esse objetivo. Eu só tenho um advogado para terminar o processo, pagar todas as despesas e tentar não chorar”, escreveu Sergio Testa em seu perfil no Facebook.

Flecha argentina

O Pampa é o filho mais novo de uma antiga linhagem de caças a jato fabricados pelos argentinos – a Argentina foi um dos países pioneiros na construção de jatos.

A aeronave foi desenvolvida entre o final dos anos 70 e início dos 80 para atender um pedido da Força Aérea Argentina (FAA) para um novo avião de treinamento avançado. O primeiro protótipo voou em 6 de outubro de 1984.

O Pampa III é a versão mais recente do jato militar argentino (Esteban Vermaasen)

O avião foi desenvolvido originalmente pela FMA (de Fábrica Militar de Aviones), criada pelo governo da Argentina, e posteriormente renomeada como FAdeA (Fábrica Argentina de Aviones). A fabricante argentina ainda teve ajuda da alemã Dornier no início do projeto. Não por acaso, o design do Pampa tem forte influência do Alpha Jet e parece uma versão reduzida do jato anglo-francês.

A demora na introdução da aeronave e a continuação de seu desenvolvimento, porém, são grandes manchas na carreira do Pampa. Programas de modernização e sua implementação na FAA sempre atrasaram ou foram cancelados. Em mais de três décadas de produção, menos de 30 aviões foram entregues.

Todos os Pampa ficam baseados na base da FAA em Mendoza, onde operam como aviões de treinamento avançado. O jato argentino também tem certa capacidade de combate, com opções de ser armado com um canhão de 30 mm, bombas e foguetes.

Nos anos 90, o Pampa viveu um de seus maiores momentos de evidência quando concorreu no programa de aeronaves de treinamento primário da força aérea dos Estados Unidos. Nessa época, a ainda FMA era controlada em forma de concessão pela Lockheed Martin. O grupo entrou na disputa com o Pampa 2000, mas o avião argentino perdeu para o turbo-hélice T-6 Texan II, da Beechcraft.

O presidente argentino Mauricio Macri com uma maquete do Pampa... (Casa Rosada)
O presidente argentino Mauricio Macri com uma maquete do Pampa… (Casa Rosada)

A versão mais recente da aeronave, o Pampa III, pode utilizar praticamente todo o leque de armas do A-4AR, versão argentina do veterano caça-bombardeiro A-4 Skyhawk. As duas aeronaves compartilham o mesmo software de armamentos. As duas primeiras unidades do novo Pampa foram entregues em fevereiro deste ano.

A encomenda da FAA pelos Pampa III compreende cerca de 40 aeronaves. O duro é produzi-los em meio a situação econômica desfavorável da Argentina e o dilema sobre destruir ou não um avião de brinquedo…

Veja mais: Empresa brasileira apresenta avião de ataque leve conceitual

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  1. Típico de quem não tem nada para fazer, confiscar e destruir um aeromodelo com estes argumentos é no mínimo hilário.

  2. Santa ignorância, todos aeromodelos são baseados em versões reais,se a moda pega não vai existir nenhum aeromodelo,tem gente que se esforça para ser idiota!!!

  3. Não precisam do aeromodelo pra copiar, podem mandar a planta pela internet, pensa no tanto de F15, F22 voando por aí e esses caras preocupado com a cópia de um jato asa alta, brincadeira viu.

  4. Engraçado o Pampa tem a cara do AMX da Embraer que voo antes, quem copiou quem? Kkkk

    Brasil pode aprender os pampa da Argentina!!! Kkkkkkk

  5. Porque voces acham que a Argentina está na situação que está?
    Já vimos acontecerem coisas parecidas no Brasil.
    Uma maquete de um aviãozinho é um segredo militar, só se for para a Suazilandia ou Zimbabwe.

  6. De raiva eu vou construir um Pampa com 1,00 metro de asa. Quero ver se eles vem no Brasil confiscar. Além do mais o Pampa é baseado no Dassault-Dornier Alpha Jet. Que pobreza de espírito.

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