Alitalia terá controle assumido pelo governo italiano

Após fracasso em encontrar comprador e o impacto do coronavírus, governo teria decidido salvar companhia aérea de bandeira italiana
A Alitalia possui uma frota de 113 aviões, entre eles 14 jatos A330-200 para voos internacionais (Eric Salard)
A Alitalia possui uma frota de 113 aviões, entre eles 14 jatos A330-200 para voos internacionais (Eric Salard)

A Alitalia está prestes a ser resgatada pelo governo italiano. A companhia aérea de bandeira do país, que procurava um comprador após anos de prejuízo, teve sua situação financeira agravada pela pandemia de coronavírus que a fez praticamente cancelar a maior parte dos seus voos nas últimas semanas.

Sem grupos interessados em comprá-la, o governo da Itália deve anunciar um plano para assumir o controle da companhia nos próximos dias. Segundo a Reuters, uma minuta de decreto está sendo finalizada pela atual administração e que prevê a injeção de recursos para mantê-la operando.

Mesmo antes de o vírus tomar a Itália e paralisar quase todas as atividades, a Alitalia já demonstrava ter um fôlego muito pequeno para se manter viva. Em janeiro, o governo já havia injetado 400 milhões de euros na companhia enquanto tentava costurar algum acordo de compra com grupos privados.

Os administradores da Alitalia haviam estabelecido o dia 18 de março como prazo final para o recebimento de propostas pela companhia aérea como um todo ou por apenas uma de suas subsidiárias. No entanto, o agravamento da crise pelo Covid-19 afastou qualquer possível interessado. Entre vê-la falir ou manter a icônica empresa, restou salvá-la.

Administração extraordinária

A Alitalia está sob intervenção desde 2017 após seguidos prejuízos e tentativas de recuperá-la, inclusive com a entrada de sócios como a Etihad Airways, de Abu Dhabi. Desde então, há discussões a respeito de como vendê-la e diversos interessados, entre eles a Air France-KLM, a Lufthansa e a Delta Airlines.

Todas essas investidas, no entanto, esbarraram em propostas que focavam apenas na parte sadia da empresa. A intransigência do governo acabou impedindo que as negociações evoluíssem. A que mais perto chegou de ser concretizada foi a feita por um consórcio que reunia a Delta Air Lines e a Atlantia, uma concessionária de transporte pertencente ao grupo Benetton.

O modelo definido, entretanto, mantinha a Alitalia com boa parte de suas ações nas mãos do governo italiano, por meio do Ministério da Economia e da estatal ferroviária Ferrovie dello Stato. Anunciada em julho, a proposta acabou desfeita em novembro por discordâncias entre os potenciais sócios.

A Etihad foi sócia da Alitalia até 2017, quando a empresa italiana entrou em recuperação judicial (Alitalia)

Fundada originalmente em 1947, a primeira Alitalia operou até 2009 quando faliu. Um grupo de investidores havia lançado um consórcio batizado de Compagnia Aerea Italiana (CAI) no ano anterior com objetivo de adquirir partes da Alitalia assim como contratar seus funcionários.

Após ter a proposta aceita pelo governo italiano, a nova Alitalia iniciou operações com a mesma padronização visual da antiga companhia. Embora nova, a companhia aérea “herdou” os problemas financeiras da antecessora e seguiu dando prejuízos.

Em 2014, a Etihad anunciou que estava assumindo 49% das ações da Alitalia e no ano seguinte encerrou uma parceria com a Air France-KLM. Após encerrar rotas e não conseguir negociar com os sindicatos italianos, a empresa entrou em concordata em maio de 2017, situação que se mantém até hoje e que, tudo indica, deve acabar da forma mais impensável.

DC-4 da Alitalia: companhia aérea original foi fundada em 1947, mas encerrou suas operações seis décadas depois, substituída pela atual empresa

Veja também: Coronavírus: maioria das companhias aéreas pode falir até maio

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