Após ameaças, primeira mulher piloto do Afeganistão desiste da carreira militar
Niloofar Rahmani vem recebendo ameaças de morte do Telaban e pressão da família


A primeira mulher a se tornar comandante de aeronaves militares no Afeganistão desistiu de sua carreira em seu país. Após receber ameaças de morte do grupo terrorista Taleban e ceder a pressão de membros de sua família, que também vêm sendo ameaçados pelos terroristas e ainda têm de lidar com o preconceito da cultura local, que considera inaceitável a posição alcançada por Niloofar Rahmani, Capitã da Força Aérea do Afeganistão.
Em reportagem publicada no Wall Street Journal, a Capitã Rahmani contou que sempre sonhou em ser piloto e teve muito incentivo de seu pai, que desejava ver a filha como um modelo para outras mulheres que também buscavam uma vida fora de casa.
Com medo, oito membros de sua família estão vivendo escondidos. As primeiras ameaças de morte começaram em 2013 com telefonemas em uma língua que Rahmani não entendia, mas com uma mensagem clara: saio ou morra.
Mais tarde uma carta, datada de 03 de agosto de 2013, chegou com a mensagem: “O Islã tem instruções para não trabalhar com os americanos ou britânicos. Se você continuar a fazer o seu trabalho, você vai ser responsável pela sua destruição e de sua família”.
Essa ameaça veio do Taliban, mas a Capitã Rahmani disse que ela também tem recebido ameaças de membros da família “envergonhados” pelo seu trabalho.
Outros membros da família foram atacados, seu pai perdeu o emprego no ano passado, e sua irmã mais velha teve problemas com o marido e, eventualmente, se divorciaram por conta das desavenças sobre a carreira militar.
Rahmani e sua família fugiram para a Índia por um tempo, e quando voltou no início deste ano, o exército afegão pediu-lhe para renunciar, dizendo que ela tinha abandonado o seu dever. No entanto, por pressão da coalização liderada pelos Estados Unidos, seu posto foi preservado. Mas por pouco tempo.
No início deste mês a piloto afegã deixou seu posto na força aérea de seu país, mas não vai parar de voar. Os militares americanos ofereceram uma estadia temporária nos EUA, onde Rahmani, aos 23 anos, terá a oportunidade de treinar em aeronaves C-130 Hércules. A comandante também tem planos de se inscrever em uma escola de aviação fora do Afeganistão e obter um licença de piloto comercial.

Carreira
Niloofar Rahmani foi apenas terceira mulher afegã que teve a chance de pilotar um avião e foi a primeira da Força Aérea do Afeganistão, onde ingressou em 2012. Sua primeira experiência de voo solo foi com um momotor Cessna C-182, comum em centros de treinamentos de piloto. Ao receber a formação, passou para o cargueiro C-208 (o Cessna Caravan).
Ao comando dos C-208 do Afeganistão, Rahmani transportou soldados até regiões de conflito e também os trouxe de volta após o combate, nem todos com vida. A Capitã afegã é também é a única mulher de seu país com licença para pilotar helicópteros.
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