“Avião-radar” Embraer 145 ganha sistema de reabastecimento aéreo na Índia
Jato com novo recurso pode ganhar mais quatro horas de autonomia ao ser reabastecida em voo


Um dos equipamentos militares mais avançados já desenvolvidos no Brasil, o “avião-radar” Embraer EMB-145 AEW&C (sigla em inglês para “Alerta Antecipado e Controle Aéreo”) completou com sucesso sua primeira operação de reabastecimento aéreo com a força aérea da Índia. O teste foi realizado na última quinta-feira (30/11) com o auxílio de um avião-tanque Ilyushin Il-78.
“Um mero reabastecimento em voo com 10 minutos de duração pode render mais quatro horas de autonomia para a aeronave”, informou a agência de notícia do governo indiano. Com essa modificação, o jato da Embraer agora pode permanecer voando por até 10 horas – a autonomia da aeronave sem reabastecimento aéreo é de seis horas.
A força aérea da Índia é o primeiro usuário do avião-radar projetado pela Embraer a adotar a capacidade de reabastecimento aéreo. Essa função chegou a ser testada pela fabricante brasileira em parceira com a Força Aérea Brasileira em 2003, durante as provas de avaliação e certificação da aeronave, mas o recurso não foi incorporado na versão da FAB, o E-99. Outros clientes do EMB-145 AEW&C são as forças aéreas do México, Grécia e do Brasil.
O avião foi reabastecido usando a técnica de “mangueira e cesto”. Em comunicado, o governo da Índia afirma que esse método exige “habilidades de voo excepcionais (dos pilotos), já que a aeronave receptora deve se conectar com precisão a sonda do receptáculo atrás do avião taque”.
Os componentes para reabastecimento aéreo são parte do pacote de modificações que a força aérea indiana chama de “nova geração” de seus EMB-145 AEW&C.
#WATCH An Indian Air Force Embraer transport aircraft specialized to conduct Airborne Early Warning and Control (AEW&C) function, successfully carried out Air to Air Refueling (AAR), pic.twitter.com/GFK0H2iGCV
— ANI (@ANI) 30 de novembro de 2017
A modernização do avião também prevê a introdução de um novo sistema de busca, com maior alcance e possibilidade de encontrar objetos menores, como drones. O equipamento será desenvolvido na Índia, pela Organização de Pesquisa e Desenvolvimento de Defesa (DRDO).
O novo sistema de busca dos EMB-145 AEW&C da Índia são projetados para realizarem varreduras de 360° e encontrar a posição de aeronaves ou mísseis de cruzeiro a até 400 km de distância. O radar usado atualmente nos modelos indianos, também desenvolvido pela DRDO, tem uma cobertura de 240° e alcance máximo de 375 km. A atualização completa das aeronaves, porém, deve ser finalizada somente na próxima década.
Avião-radar
O Embraer 145 AEW&C, variação militar do jato comercial ERJ-145, foi desenvolvido pela Embraer no final da década de 1990 em resposta a uma demanda da Aeronáutica, que buscava uma aeronave para apoiar o projeto SIVAM (Sistema de Vigilância da Amazônia). O avião modificado voou pela primeira vez em 1999 e três anos depois entrou em operação com a Força Aérea Brasileira, com a designação E-99.

O avião usado pela FAB é equipado com o radar multimissão Ericsson PS-890 Erieye, fabricado na Suécia. O equipamento usa uma antena plana, de varredura eletrônica ativa, caracterizado por não depender do movimento giratório de 360° da antena de busca, comum em outros aviões que operam nessa tarefa, como clássico Boeing E-3 Sentry, da força aérea dos Estados Unidos.
O Erieye possui 192 módulos auto-direcionáveis de transmissão e recepção de sinais que permitem rastrear aeronaves de diferentes portes, mísseis de cruzeiro e embarcações. Segundo o fabricante, com a aeronave a 7.600 metros de altitude o equipamento é capaz de realizar varreduras com alcance de 350 km ao seu redor e pode acompanhar os movimentos de até 300 objetivos.
O Brasil é o maior operador do Embraer 145 AEW&C, com cinco exemplares na frota. Em seguida vem a Grécia, com quatro aparelhos, seguido de Índia e México, cada um com três aeronaves em serviço.
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