Azul foi a companhia aérea que mais cresceu após crise da Avianca

Em maio, empresa chegou a 29% de participação no mercado doméstico enquanto a Gol herdou os quase 7% da Avianca no mercado internacional
Airbus A320neo da Azul: companhia aérea expandiu sua atuação inclusive com aviões ex-Avianca (Airbus)
Airbus A320neo da Azul: companhia aérea expandiu sua atuação inclusive com aviões ex-Avianca (Airbus)

A redução e a posterior suspensão das operações da Avianca Brasil em 2019 têm provocado diminuição na oferta de assentos e o encarecimento das passagens aéreas em alguns trechos mais concorridos. E, embora a disputa pelos slots que a companhia aérea em recuperação judicial continue, já é possível constatar para onde esses passageiros migraram.

Segundo dados da ANAC, a Agência Nacional de Aviação Civil, o mês de maio viu a demanda interna cair 1,1% enquanto o movimento internacional cresceu quase 3% em relação ao mesmo mês de 2018. Ou seja, apesar da saída quase que completa da Avianca, sua fatia no mercado acabou sendo distribuída entre suas concorrentes. Delas, a Azul é a que mais ampliou seus números, com um acréscimo de 391,2 mil passageiros no mês passado. Ela foi seguida pela LATAM cujo número de clientes foi ampliado em 230,8 mil enquanto a Gol acabou crescendo apenas 158,2 mil passageiros transportados.

Em participação, a companhia fundada por David Neeleman pulou de 23,2% para 28,9%, alta de 5,7% em um ano. A LATAM, por sua vez, foi de 29,9% para 33,5% (3,5%) e a Gol, líder no mercado interno, de 33,2% para 35,7% (alta de 2,6%). A Avianca ainda chegou a transportar quase 88 mil pessoas antes de ser suspensa pela ANAC.

Não é por coincidência que Azul e LATAM se destacaram nesse período. As duas empresas se beneficiaram da retomada dos Airbus A320 da Avianca para reforçar suas frotas. Estima-se que a Azul tenha incorporado sete A320 e um A330-200 ex-Avianca enquanto a LATAM anunciou o leasing de 10 outros A320 da ex-OceanAir.

Sem essa possibilidade, a Gol ainda viu o Boeing 737 MAX ter sua operação suspensa em março, atingindo a empresa em um período de expansão internacional. Enquanto aguarda o retorno da frota de jatos avançados, a companhia aérea acabou alugando unidades mais antigas do 737 para suprir a lacuna – em maio, a Gol já recuperava parte do seu movimento nacional.

Movimento nacional de passageiros

Espaço ocupado

No mercado internacional, a ausência da Avianca, que voava para Miami, Nova York e Santiago principalmente, acabou herdada pela Gol de forma indireta. A empresa da família Constantino ampliou seus voos para o exterior nos últimos meses, o que fez o movimento subir de cerca de 100 mil passageiros em maio de 2018 para mais de 150 mil no mês passado. É praticamente o mesmo volume que a Avianca perdeu nesse período. O crescimento da Gol poderia até ser maior se não houvesse o problema com o 737 MAX.

Já a LATAM e a Azul mantiveram praticamente a mesma participação de um ano antes. A primeira permanece como a principal companhia aérea em rotas para o exterior, com 63% de participação. A Gol chegou a 22,7% enquanto a Azul obteve 14,3% do mercado.

O novo voo da Gol entre Campinas e Brasília será realizado com jatos 737-800 (GOL)
Mesmo com seus 737 MAX aterrados, empresa conseguiu expandir demanda internacional (GOL)

Declínio

Mesmo após surgirem as primeiras informações sobre a retomada de aviões pelas empresas de leasing em dezembro, a Avianca conseguiu manter sua participação no mercado praticamente incólume. Essa situação durou enquanto o pedido de recuperação judicial foi aceito e a empresa conseguiu que a Justiça impedisse que os aeronaves arrendadas fossem devolvidas, como prevê a Convenção da Cidade do Cabo.

Foi a partir do momento em que anunciou o fim dos voos internacionais em março que o declínio da Avianca teve início. Em abril a empresa reduziu sua área de atuação no país e o resultado foi uma queda de 44% no movimento de passageiros nacional e internacional. Com uma frota pequena, a companhia passou a voar apenas para quatro aeroportos até que no final de maio a ANAC suspendeu as operações da Avianca por questões de segurança. Com isso, a empresa teve apenas 87.886 passageiros embarcados.

Movimento internacional de passageiros entre maio de 2018 e maio de 2019

Veja também: ANAC suspende concessão da Avianca Brasil

 

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