Enquanto não fica claro quando o 737 MAX voltará a voar, a Boeing está às voltas com outro problema, compensar seus clientes pelo longo tempo em que o jato está parado. Maior sucesso de vendas da fabricante em toda sua história, a série avançada do 737 também significa que há muitas e importantes companhias aéreas que esperavam pelas margens de lucro prometidas pelo jato.
A maior delas é a Southwest, companhia low-cost dos EUA e que é também o maior operador do 737 no mundo. Em dezembro, a empresa confirmou ter chegado a um acordo com a Boeing para receber uma compensação financeira pelo atraso nas entregas, mas não revelou valores. No entanto, afirmou que dividirá US$ 125 milhões (R$ 800 milhões) desse ressarcimento da fabricante com seus funcionários como uma espécie de ‘divisão de lucros’.
A Southwest disse ainda que espera por redução nos valores pagos pelos jatos da Boeing em encomendas atuais e futuras. A companhia tinha 34 jatos 737 MAX em março, quando o aterramento foi determinado pelo FAA, agência de aviação civil dos EUA.
No começo desta semana, a companhia Turkish Airlines também anunciou um acordo de ressarcimento com a Boeing. A empresa pretende receber 65 737 MAX 8 e 10 MAX 10, a maior versão do modelo, e chegou a ter 12 jatos entregues antes da paralisação. A imprensa turca estima que a fabricante irá repassar mais de US$ 200 milhões (R$ 500 milhões) para a maior companhia aérea do país, entre repasses em dinheiro e peças de reposição.
Reembolso garantido
Outras companhias aéreas reconheceram que estão na “mesa de negociação” com a Boeing. É o caso da American Airlines, que tem 24 aviões parados há 10 meses e avalia ter acumulado um prejuízo de US$ 540 milhões (R$ 2,2 bilhões) com o aterramento. A companhia ainda tem outros 76 jatos encomendados. Assim como a Southwest, a American também afirmou que vai dividir parte do reembolso com seus funcionários, segundo o Flight Global.
No Brasil, a Gol é a única operadora do modelo e tem feito malabarismos para compensar a ausência do 737 MAX como arrendar jatos usados do modelo 737 NG de forma provisória. Em novembro, seu presidente, Paulo Kakinoff, confirmou que a Gol espera por compensações financeiras “pelo bom relacionamento que temos com a empresa (Boeing)”, afirmou ao jornal Valor. A companhia recebeu sete jatos MAX até março e que eram usados em rotas importantes como as ligações internacionais com a Flórida.
O custo do ressarcimento aos clientes será astronômico, isso é certo. Em balanço no segundo trimestre, a Boeing havia reservado US$ 5 bilhões (R$ 20 bilhões) para esse fim. Seis meses depois, as perspectivas de retorno ao serviço ainda são imprecisas – há companhias projetando o mês de junho para a retomada de operação.
Basta lembrar que há mais de 80 clientes do 737 MAX (entre empresas que já receberam alguns aviões e outras que ainda aguardam pelo primeiro aparelho) para ver o tamanho da encrenca que a Boeing se meteu.
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