Com bom pedido, Embraer pode instalar fábrica dos jatos E2 na China
Afirmação partiu do CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, em entrevista ao Aviation Week

Sem entregar novos jatos a companhias da China há quase cinco anos, a Embraer prepara uma novo investida no país que logo será o maior mercado de aviação comercial do mundo. Parte desse esforço pode incluir até mesmo a instalação de uma linha de montagem local dos jatos E2 no país, caso a fabricante receba um bom pedido de empresas chinesas.
A afirmação partiu do CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, em entrevista ao Aviation Week publicada na última sexta-feira (24). “Montagem final, um centro de conclusão – essa é a mensagem para a próxima semana”, disse o executivo.
A participação de executivos da Embraer era esperada na comitiva que iria acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagem à China neste domingo (26). No entanto, a excursão foi cancelada ontem (26) por recomendação dos médicos de Lula, que apresentou uma leve pneumonia. Uma nova data para o encontro em Pequim ainda não foi definida.
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De toda forma, a declaração de Gomes Neto deu o tom das intenções da Embraer para o mercado chinês. A instalação de uma linha de montagem marcaria o retorno da fabricante brasileira à China.
Entre 2003 e 2017, a Embraer montou os jatos regionais da família ERJ e a variante executiva Legacy 650 na China. A construção dos aviões no país se dava por meio da joint venture Harbin Embraer Aircraft Industry (HEAI), que incluía as fabricantes chinesas Harbin Aviation Industry e a Harbin Hafei Aviation Industry. Em 14 anos de atividades, a HEAI entregou 41 aeronaves, um volume muito baixo para um empreendimento desse tipo.

Para voltar a produzir aviões na China, a Embraer teria de encontrar um novo parceiro no país. Como manda a legislação local, companhias estrangeiras só podem se instalar no país se elas firmarem parcerias com empresas chinesas. A Airbus, por exemplo, finalizada os jatos da família A320, A330 e A350 em Tianjin, por meio de uma joint venture com a AVIC, o maior grupo aeroespacial chinês. A Boeing, por sua vez, produz assentos de aviões e sistemas de entretenimento na nação asiática em parceira da COMAC.
70 E-Jets na China
A Embraer tem atualmente quatro clientes na China que operam quase 70 E-Jets da primeira geração. O maior desses operadores é a Tianjin Airlines, com 24 jatos E190 e 18 E195 na frota, segundo dados reunidos pelo Airfleets. Os outros, de acordo com a mesma fonte, são a GX Airlines (12 E190), Colorful Guizhou Airlines (oito E190) e a Habei Airlines (6 E190).
Com uma extensão territorial tão grande como a dos Estados Unidos, onde os jatos regionais da Embraer compõem a paisagem dos aeroportos, a China também tem um agitado mercado de aviação regional. A empresas chinesas que atuam nesse setor, porém, nos últimos anos têm preferido comprar o avião da casa, o COMAC ARJ21-700.

Desde que a Embraer enviou o último E195 à Tianjin Ailines, no fim de 2018, a COMAC entregou um total de 94 exemplares do ARJ21 a companhias aéreas da China. Ainda nesse período, teve até empresa que retirou os aviões brasileiros de serviço e encomendou o chinês, casos da Urumqi Air e China Southern Airlines.
Talvez o avião da Embraer mais apropriado para o mercado chinês, dado a preferência das empresas locais pelo E190, o novo E190-E2 já pode atuar por companhias aéreas da China. Em novembro do ano passado, o jato brasileiro de segunda geração obteve o certificado de aeronavegabilidade da autoridade de aviação civil chinesa (CAAC, na sigla em inglês). Na época, a fabricante informou que também trabalhava na homologação do E195-E2 com a CAAC.