De olho na China, Airbus e Boeing celebram trégua comercial entre EUA e Europa

Governos dos EUA e União Europeia encerraram uma disputa sobre subsídios iniciada em 2004 e agora prometem uma nova fase de transparência e de financiamentos com regras de mercado
Boeing e Airbus (Divulgação)

A disputa entre Boeing e Airbus envolvendo acusações de subsídios ilegais que se alonga na Justiça desde 2004 ganhou uma trégua nesta terça-feira, 15, anunciaram representantes de Comércio dos EUA e da União Europeia.

O acordo assinado com a presença do presidente Joe Biden, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pôs fim à aplicação de tarifas de compensação de ambos pelo prazo de cinco anos.

Essas tarifas haviam sido autorizadas pela OMC durante a administração Trump, o que fez as relações entre os países piorarem. Agora, EUA e União Europeia prometem estabelecer novas regras para financiamentos de encomendas de aviões comerciais de forma transparente e seguindo regras de mercado.

As queixas de ambos os lados envolviam acusações de financiamentos a juros subsidiados aos clientes de Airbus e Boeing como forma de garantir encomendas volumosas nas últimas décadas.

“Com este acordo, estamos encerrando a disputa Airbus-Boeing. Isso prova que a relação transatlântica está agora avançando para o próximo nível, e que podemos trabalhar com os EUA na resolução de disputas de longa duração”, disse Valdis Dombrovskis, Vice-Presidente Executivo da Comissão Europeia.

Temor do avanço da China

As fabricantes celebraram o anúncio. A Airbus afirmou que o acordo “fornecerá a base para a criação de condições equitativas que defendemos desde o início desta disputa”.

“Isso também evitará tarifas perdidas, que estão apenas aumentando os muitos desafios que nossa indústria enfrenta”, acrescentou a empresa.

Cada unidade do jato C919 é avaliada em cerca de US$ 68 milhões (COMAC)
O jato chinês C919: ameaça ao Ocidente (COMAC)

“A Boeing dá as boas-vindas ao acordo entre a Airbus e a União Européia de que todo futuro apoio governamental para o desenvolvimento ou produção de aeronaves comerciais deve ser fornecido em condições de mercado”, disse a empresa com sede em Chicago.

“A Boeing apoiará integralmente os esforços do governo dos Estados Unidos para garantir que os princípios deste entendimento sejam respeitados ”, completou.

Por trás do entendimento entre as duas potências ocidentais está o avanço da China no segmento de aviação comercial. A representante comercial dos EUA, Katherine Tai, reforçou que o acordo pretente conter o investimento em aeronaves por “atores não mercantis”, ou seja, a nação chinesa, que hoje desenvolve três modelos comerciais.

Os jatos ARJ-21, CR929 e sobretudo o C919 são desenvolvidos com pesados investimentos estatais e a meta de preencher a maior parte das encomendas de aeronaves comerciais na China, reduzindo as chances de aviões similares da Airbus e Boeing.

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