É do Brasil: Stella Tecnologia apresenta novo drone Albatroz para operações em porta-aviões

Aeronave não tripulada de 500 kg é proposta para ser operada embarcada no Navio-Aeródromo Multipropósito “Atlântico” da Marinha do Brasil
Drones brasileiros: Albatroz e o Atobá (AIRWAY)
Drones brasileiros: Albatroz e o Atobá (AIRWAY)

A Stella Tecnologia, fabricante de aeronaves não tripuladas, apresentou nesta semana, no Rio de Janeiro (RJ), o Albatroz, um drone de perfil militar concebido para operações embarcadas. O aparelho é o segundo produto da empresa com sede em Duque de Caxias (RJ), depois do Atobá.

O Albatroz foi apresentado no contexto da feira de defesa e segurança LAAD 2023, na capital fluminense, embora a Stella não esteja presente com suas máquinas no evento.

“Nossa sede fica perto do local da feira, preferimos fazer nosso próprio evento de ‘open house’ e a recepção foi excelente”, disse Gilberto Buffara, fundador e CEO da empresa, em entrevista ao AIRWAY.

De acordo com Buffara, o desenvolvimento do Albatroz foi um pedido da Marinha do Brasil, embora Stella ainda não negociei o aparelho com a força naval. “O modelo é pensado para operar embarcado no Navio-Aeródromo Multipropósito Atlântico”, disse o CEO, se referindo ao maior navio da esquadra brasileira.

O Albatroz é feito na medida para operar embarcado no Navio-Aeródromo Multipropósito da Marinha do Brasil (Stella Tecnologia)

“O Albatroz tem uma capacidade muito importante, podendo voar por 28 horas. Ele tem uma autonomia muito alta. Operando embarcado com um link de satélite, ele pode ter um alcance muito longo para inspeção das fronteiras e das nossas faixa marítima e terrestre. E tudo isso numa plataforma muito pequena e fácil de transportar”, contou o fundador da Stella.

E o novo drone já voou. “Testamos ele no ano passado, no Uruguai, e tudo correu perfeitamente”, revelou o CEO.

O voo do Albatroz: drone da Stella foi testado no Uruguai (Stella Tecnologia)

Te cuida, Bayraktar

A ficha técnica do Albatroz tem alguns números e dados que rementem ao Bayraktar TB2, o drone turco da Baykar Technology que ficou famoso na guerra da Ucrânia combatendo na defesa do país contra a Rússia.

O drone da Stella tem 4 metros de comprimento por 7 m de envergadura e pode decolar com peso máximo de 500 kg, incluindo 60 kg de carga útil. O Bayraktar é um pouco maior: tem 6,5 m de comprimento por 12 m de envergadura e decola com 650 kg, sendo 150 kg de carga (os ucranianos, por exemplo, operam o Bayraktar com sensores, bombas e mísseis).

Bayarktar TB2: barato e letal (Baykar)

A carga útil do Albatroz ainda é “pacífica”, com opções de sensores e radar, mas o aparelho também pode evoluir para uma versão armada, de acordo com Buffara. O veículo da Stella é projetado com equipamentos da Hensoldt, empresa da Alemanha especialista da produção de sensores ópticos, radares e sistemas aviônicos.

“Projetamos o Albatroz com equipamentos da Hensoldt, que é nossa parceira. O veículo usa uma câmera Argos 8 da Hensoldt e um radar de abertura sintética, que é capaz de detectar topografia, também da Hensoldt. Também pode ser armado. Então, é um produto realmente muito competitivo internacionalmente”, disse o CEO da Stella Tecnologia.

Sistemas Argos 8 da Hensoldt, igual ao usado no Albatroz: equipamento tem câmeras de longo alcance e sensor infravermelho (Divulgação)

Falando mais sobre a performance do novo drone brasileiro, a fabricante informa que o Albatroz tem um motor 2 cilindros a gasolina de 25 HP que o leva a velocidade máxima de 180 km/h. É mais rápido que o Bayraktar, que alcança 130 km/h. O drone turco também perde em autonomia para o modelo da Stella por uma hora: 27 horas contra 28 horas do brasileiro.

Em comum, as duas aeronaves não tripuladas são sistemas de operação simplificada com recursos mecânicos até modestos, mas são justamente esses pontos que permitem uma alta eficácia. Outro exemplo de sucesso nesse campo são os drones do Irã, equipamentos rústicos mas altamente letais, produzidos aos milhares com componentes sem nenhum refino e usados ataques kamikase em enxames difíceis de repelir. Para vigilância ou combate, são equipamentos eficientes e de baixo custo.

Drones ao mar

Um “peixe com asas” desde o nascimento, o novo drone da Stella foi feito na medida para decolar e pousar no convés de voo do NAM Atlântico da Marinha do Brasil. “Não precisa de rampa, nem de catapulta. O ‘Atlântico’ é mais do que capaz de prover a capacidade e a distância para o Albatroz pousar e decolar. O Atlântico tem 160 metros. O Albatroz decola em 95 metros de pista”, explicou Buffara – que há 16 anos fundou a primeira empresa de drones do Brasil, a Santos Lab.

Entre novos barcos, submarinos e sistemas de armamentos e sensores, o Planejamento Estratégico da Marinha (PEM 2040) até o ano de 2040 inclui também a aquisição de aeronaves não tripuladas para operação embarcada. Isso foi um dos motivos da mudança na designação do navio capitânia brasileiro, que passou de Porta-Helicópteros Multipropósito Atlântico (PHM “Atlântico”) para Navio-Aeródromo Multipropósito Atlântico (NAM “Atlântico”), em 2020.

O Bayraktar também gosta de água. Nesta semana, a mídia turca divulgou o evento de comissionamento do TCG Analodu na Marinha da Turquia. O navio com mais de 27 mil toneladas é o primeiro “porta-drones” do mundo. A nova versão do drone turco, o TB3, estava lá, junto do Kizilelma, outro produto da Baykar.

Drones Bayraktar e Kizilelma à mostra no convés de voo do TCG Anadolu (Divulgação)

Quanto custa? Segundo Buffara, os preços do Albatroz e do Atobá, variam com os propósitos de suas missões. “O preço do Albatroz depende muito dos componentes que estão embarcados nele. Tudo que nós fazemos é sob medida. Uma câmera do Atobá, por exemplo, da Hensoldt, custa um milhão de dólares. É difícil eu estimar um valor sem saber a necessidade do cliente” contou.

Embora o projeto foque no maior navio da Marinha do Brasil, o CEO da Stella contou que por enquanto não existe uma “sinalização de compra das forças armadas” do Albatroz, nem do Atobá. “Mas está tudo bem, com o Atobá, temos conversas com outros países, no Oriente Médio. Essa conversas estão indo muito bem”, relatou Buffara. Seja no Brasil ou no exterior, o novo drone brasileiro pode ser uma nova opção competitiva e versátil, feito para todos os ambientes militares.

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  1. Uma rival a altura da AKAER nesse tipo de aeronave e será uma proposta tentadora mesmo tanto pro EB quanto pra MB

  2. Drone leve. Não tem serventia para nosso país, estamos cheio de tanto drones sem ser armado ou de grandes capacidades.

  3. Nossas forças armadas não compram nada, nossos generais, almirantes e brigadeiros só querem saber das mordomias e altos salários, mas nada.

  4. Talvez agora as forças armadas do Brasil tenha interesse em drones e outras armas inovadoras porque no governo passado só tinha interesse em viagras, prótese peniana, leite condensado e outras balburdias sem explicação.

  5. Breve belonaves como porta aviões estarão obsoletas,inviabilizadas pelos altos custos de operação, gigantesca infraestrutura de apoio suplantado pelos navios portas drones, que não necessitam de rampas e pistas longas pois usam pistas de 90 metros. Tais equipamentos com tripulação mais reduzida diminuem o stress humano da convivência forçada e o custo da bolha humana, como alojamentos, banheiro, chuveiro,cozinhar, refeitório, almoxarifado etc.

  6. Trabalho com drone na mb e até o momento não tinha essa informação, mas estamos a procura de um segundo drone, para operações embarcada,
    E para marinha o drone não precisa de armamento precisa de guerra eletrônica e principalmente radar para aumentar a distância de detecção além da linha do orizonte dos navios, é marcar alvos,
    O ataque é veito pelos navios
    O um alerta antecipado de ataque a navio, para melhorar sua defesa

  7. É do Brasil !!!
    Título mais enganoso. Melhor seria, é da Alemanha. A parte mais importante é fabricada pelos alemães. Quando os interesses alemães forem diferentes dos brasileiros. Tchau drone brasileiro. Isso já aconteceu recentemente.

  8. Esqueçam , o Brasil não é um país sério e nunca investiu em escala de soberania. Temos os piores comandantes do mundo infelizmente. Os poucos bons não fazem barulho.

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