EUA preparam novo regulamento para aviões comerciais supersônicos

Proposta pública do FAA atraiu elogios e protestos de associações do setor e de fabricantes
(Aerion)
“Blueprint” do jato executivo Aerion AS2, projetado para voar a Mach 1.4 – 1.487 km/h (Aerion)

O FAA, a agência reguladora de aviação civil dos EUA, lançou em abril uma proposta de regras para desenvolver um novo caminho para certificação de aviões comerciais supersônicos, um segmento da aviação que não tem representantes desde a aposentadoria do Concorde, em 2003.

O documento apresentado pelo FAA foi um “Aviso de Proposta de Regulamentação” (NPRM), que estabelece os padrões de ruído e limites operacionais para as aeronaves e permanece aberto por um período ao público para sugestões de alterações e adendos.

Inicialmente, a proposta permite aviões com peso máximo de decolagem não superior a 150.000 libras (68.000 kg) e uma velocidade máxima de cruzeiro de Mach 1.8 (2.228 km/h). Essa categoria constituiria o “Nível Supersônico 1”, acomodando a maior parte dos projetos em desenvolvimento atualmente, informou a agência.

Na segunda-feira, 13, o prazo para enviar comentários sobre a proposta foi encerrado, com quase 270 comentários publicados, entre elogios e protestos.

Representantes de fabricantes, como a Associação das Indústrias Aeroespaciais (AIA) e a Associação Geral de Fabricantes de Aviação Geral (GAMA), elogiaram o esforço do FAA.

“A AIA e nossos membros veem essa regra como uma etapa crucial para permitir a próxima geração de aeronaves supersônicas com responsabilidade ambiental e elogiam a FAA por sua liderança em garantir que os EUA incentivem a inovação a transformar a maneira como movemos, viajamos e experimentamos nosso planeta”, informou a AIA ao Ainonline.

Representantes de operadores como a National Business Aviation Association dos EUA e a Air Line Pilots Association (ALPA) também apoiaram o projeto.

O Concorde foi aposentado em 2003 (British Airways)

A ALPA disse acreditar que “a FAA poderá manter o mesmo nível de rigor para novos projetos de aeronaves e novos solicitantes de certificação, o que permitirá o avanço de novas tecnologias, mantendo o mesmo nível de entendimento da aeronave que está sendo certificada em relação à geração de ruído”.

Opositores dos aviões supersônicos, mais de 60 organizações ambientais pediram a retirada da proposta e alertaram sobre o alto nível de ruído dessas aeronaves.

“O plano do governo Trump de reviver esses aviões super poluentes é uma enorme ameaça ao nosso clima e ao ar que respiramos”, disse Clare Lakewood, diretora jurídica do Instituto de Direito Climático do Center for Biological Diversity.

A União Européia achou a proposta do FAA inadequada. “Deveria ser dada prioridade ao desenvolvimento de padrões internacionais com a Organização da Aviação Civil Internacional ( OACI) sobre qualquer iniciativa tomada por um estado” e acrescentando: “Nesse sentido, a UE considera o padrão notificado prematuro por permitir que os padrões supersônicos se afastassem dos padrões existentes de aeronaves subsônicas, distorcendo potencialmente o mercado ao competir injustamente com aeronaves subsônicas ”.

A Boom planeja estrear na aviação comercial em meados de 2023 (Divulgação)
Cansei de ser lento: a empresa norte-americana Boom é um dos nomes na corrida supersônica (Divulgação)

A fabricante canadense Bombardier concordou com a posição dos europeus. “Nem um padrão de ruído LTO (aterragem e decolagem) nem um padrão de emissão de CO2 para aviões supersônicos foram definidos pela ICAO (Organização da Aviação Civil Internacional), a Bombardier acredita que é prematuro para a FAA propor regras de certificação de ruído LTO para aviões supersônicos civis neste momento e essa prioridade deve ser dada ao desenvolvimento de tais normas internacionais dentro da estrutura estabelecida da OACI, onde os EUA estão ativamente engajados e altamente respeitados. ”

Principais nomes envolvidos no desenvolvimento de aeronaves comerciais supersônicas, a Boom e a Aeroin apoiaram a iniciativa. “Ao estabelecer um conjunto razoável de padrões de certificação de ruído para aviões supersônicos por meio desse processo de regulamentação, a FAA está atendendo ao interesse público, ajudando a liberar os consideráveis benefícios econômicos de uma nova geração de aviões supersônicos, criando um ambiente operacional que protege o meio ambiente e minimiza os impactos do ruído nos aeroportos e comunidades vizinhas ”, comentou a Aerion, que está projetando um jato executivo supersônico.

O principal candidato a “novo Concorde” é o projeto da Boom Technology, baseada no estado do Colorado, nos EUA. A empresa marcou para outubro a apresentação do primeiro protótipo de seu programa, o modelo XB-1, e o aparelho deve voar em 2021. A aeronave experimental com três motores tem aproximadamente um terço da escala do modelo final Overture, um jato comercial supersônico com capacidade para até 75 passageiros e a promessa de custos operacionais competitivos. Se tudo correr bem e for autorizado pelas autoridades, a aviação comercial deve retomar os voos supersônicos no início da próxima década.

Laboratório supersônico: o XB-1 será o banco de provas inicial da Boom para testas novas tecnologias (Boom)

Veja mais: Boeing fecha primeiro semestre com apenas 70 jatos comerciais entregues

 

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