Internacionalização do aeroporto de São Carlos abre mercado para centro de manutenção da LATAM

Após anos de espera, unidade de manutenção pode receber diretamente uma aeronave vinda do exterior para passar por serviços de manutenção
Avião passa por manutenção em São Carlos: enfim, aeroporto tornou-se internacional
Avião passa por manutenção em São Carlos: enfim, aeroporto tornou-se internacional

Imaginado por Rolim Amaro, o Centro de Manutenção de São Carlos, no interior de São Paulo, foi inaugurado em 2001, no ano seguinte da morte do presidente da TAM. Desde então se transformou em uma das maiores infraestruturas de manutenção e serviços da América Latina. Apesar disso, o MRO (sigla de Maintenance, Repair and Overhaul), agora parte da LATAM, tinha uma restrição incomum: por ficar num aeródromo regional aviões vindos do exterior não podiam pousar no local em voos diretos.

Essa situação, no entanto, mudou nesta semana quando um Airbus A319 pousou no local na manhã na quinta-feira (21). Proveniente do Equador, o jato da LATAM fez todo o desembaraço aduaneiro em São Carlos pela primeira vez.

Parece algo corriqueiro mas não é. Sem a internacionalização de São Carlos, a LATAM era obrigada a realizar o desembaraço aduaneiro desses aviões em outros aeroportos como Guarulhos. Além do custo, essa operação fazia com que as aeronaves ficassem até quatro dias paradas nesse processo. Agora, com esse serviço sendo feito em São Carlos o tempo foi reduzido para apenas um dia. Segundo a companhia, a economia anual poderá atingir R$ 8 milhões.

Ao tornar o processo mais rápido e eficiente, projetamos um crescimento de 14% da demanda por manutenções pesadas das nossas aeronaves em São Carlos”, disse Alexandre Peronti, diretor geral do Centro de Manutenção da LATAM (MRO). “Trata-se de um passo importante para o MRO porque nos torna ainda mais competitivos internacionalmente e, sobretudo, uma referência no mundo”, completou.

Para a LATAM, o imenso centro de manutenção poderá ser ainda mais produtivo para o grupo, que possui filiais em outros países do continente. Além disso, o MRO poderá concorrer em condições mais vantajosas na oferta de serviços para terceiros. Segundo a empresa, a obtenção da licença internacional contou com a ajuda da prefeitura do município, da SAC (Secretaria de Aviação Civil) e do DAESP, departamento estadual responsável pelo aeroporto.

O primeiro avião a fazer o procedimento aduaneiro em São Carlos pousou no dia 21 de março em São Carlos (LATAM)

Como a frequência de pousos internacionais será baixa se comparada a outros aeroportos, a Polícia Federal, Receita Federal, Anvisa e Vigiagro vão atuar em São Carlos por meio de agendamento.

Reforma da família A320

Para preparar o MRO para receber mais aviões, a LATAM investiu R$ 22 milhões no ano passado que foram usados na ampliação e modernização suas instalações. Será em São Carlos que mais da metade dos aviões da família A320 terão seu interior remodelado nos próximos anos.

No ano passado, nada menos que 178 checks de aeronaves foram realizados no MRO comparado a 28 aviões que passaram pelo local em 2001, ano de sua abertura. A partir deste ano, as visitas internacionais devem aumentar ainda mais esse número.

Veja também: LATAM Brasil volta a contar com o Airbus A320neo em sua frota

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  1. Agora o absurdo do absurdo chegou ao seu apogeu.
    É claro que essa internacionalização e a facilidade de desembaraço aduaneiro favorece a Latam e o município de São Carlos, já que em tese, parte desse aumento de 14% nas receitas em manutenção deverão chegar aos cofres do município na forma de tributos. O que é bom para a cidade.
    Agora, esse aeroporto ficar exclusivamente para uso da LATAM é algo bizarro.
    Todos os moradores e visitantes de São Carlos que utilizam o modal aéreo para suas viagens de negócios – e não são poucos – há décadas não se conformam em ter seus tempos de viagem aumentados em seis horas ou mais para embarcar em Campinas ou São Paulo. ( Leite Lopes de Ribeirão Preto não conta mais… Virou café com leite, abandonado as traças. Foi abandonado pelas companhias aéreas e as que ainda servem RAO o fazem como escala a preços altíssimos).
    A pergunta: Porque, ou melhor, até quando teremos que viver dependendo do cartel do modal rodoviário?
    São Carlos se aproxima velozmente dos 300 mil habitantes. Se apenas 0,1% dessa população tivesse como sair e voltar para São Carlos de avião pelo ‘Aeroporto da TAM’ pelo menos uma vez por semana, ele já estaria saturado.
    Agora, me digam: Porque a Azul que opera vôos regionais com eficiência e lucratividade não se interessou ainda em operar São Carlos?
    Ora, ora!
    Muito bem: A LATAM, políticos carlopolitanos e sei lá mais quantos agentes influentes fizeram das tripas coração para a internacionalização desse aeroporto de São Carlos (não da TAM). Focando a meu ver exclusivamente nos interesses da LATAM. Pode não ter sido essa a intenção, mas foi o que ocorreu.
    Onde está a infraestrutura para que todas as outras grandes e pequenas empresas de São Carlos e região que importam e exportam produtos tecnológicos poderem despachar e receber e desembaraçar suas mercadorias no NOSSO Aeroporto Internacional?
    Cadê o Porto Seco? O terminal Multimodal?
    Não acham que uma Internacionalização desse aeroporto não iria beneficiar a Tecumseh, a Volkswagen, Electrolux, Mafre, Serasa – só pra citar algumas grandes, além da quantidade enorme de pequenas e médias empresas Tecnológicas que precisam receber suprimentos e escoar produção para o mercado internacional via aérea?
    Não acham que o somatório das contribuições de tais operações daria ao município de São Carlos muitos mais benefícios e arrecadação do que os 14% de incremento dos serviços de manutenção da LATAM?
    Com absoluta certeza, a receita adicional gerada por um posto aduaneiro para servir e suprir as necessidades das outras empresas de São Carlos e região gerariam receitas mais do que suficiente para a construção de um terminal de passageiros para servir os teóricos 300 passageiros ( sendo muito conservador) que utilizariam linhas aéreas regionais com hubs ou slots em São Carlos semanalmente (?)
    De onde sairiam esses passageiros?
    Da LATAM (já que ela não se interessa em explorar as rotas regionais de curta e média distância). da Tecumseh, da Volkswagen, da USP, UFScar e das centenas de empresas de pequeno médio porte já citadas que também utilizariam esse serviço com frequência. Certamente.
    A minha nano empresa utiliza o modal aéreo 8 vezes por mês para transporte de pessoal e pelo menos 3 para despacho e recebimento de mercadorias…
    Utilizo Viracopos e fico boquiaberto com a quantidade de gente de São Carlos partindo por Campinas, irritada com a perda de tempo e os custos de deslocamento para pegar um avião e retornar pra casa numa viagem de negócios!
    Me nego a acreditar que não exista expertise ou ciência desses fatos por parte dos políticos locais para enxergar e agir sobre essa questão. Até porque vejo muitos deles embarcando e desembaraçando por VCP.
    A pergunta que fica: Até quando os interesses de poucos vão se sobrepor sobre a necessidade da maioria?

  2. Sergio Luiz,

    BELÍSSIMAS observações e comentário MUITO pertinente, penso muito parecido (porém não teria a habilidade de escrever desta forma rs), passo muito por São Carlos e a Latam realmente monopolizou o aeroporto de lá, seria ótimo a operação de voos regionais, pra mim pelo menos daria um adianto.

  3. Bom dia. A pista do aeroporto já foi ampliada ? Lí numa matéria que eles gostariam de ampliá-la para cerca de 3.000m. Creio que assim poderiam receber jatos do tipo 777 e potencializar a capacidade de atendimento.

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