Em entrevista à CNN nesta terça-feira (26), o embaixador do Irã no Brasil, Hossein Gharib, disse que o governo iraniano quer retomar as negociações para adquirir jatos comerciais da Embraer. O emissário afirmou que a saída de Donald Trump da Casa Branca pode facilitar o acordo.
“Nossas negociações com a Embraer estavam avançadas em 2017, e pretendíamos comprar entre 40 e 50 aviões, creio que do modelo E190”, disse Gharib. “Depois que Trump chegou ao poder, em 2017, as negociações foram interrompidas.”
Em novembro de 2016, durante a administração de Barack Obama, o Tesouro dos EUA chegou a garantir aos bancos brasileiros que era possível financiar a venda para o Irã sem riscos de sanções. No entanto, Trump havia acabado de vencer a eleição presidencial americana e passaria a endurecer o jogo com os iranianos no ano seguinte.
“O mercado iraniano de aviação é muito bom”, disse o embaixador. E ele não está exagarando: existem atualmente 13 companhias aéreas no Irã e antes da pandemia o setor transportava mais de 25 milhões de passageiros por ano em voos domésticos e internacionais.
O embaixador acrecentou que após o acordo nuclear de 2015, que derrubou as sanções internacionais contra o Irã, empresas iranianas iniciaram negociações com Airbus, Boeing, ATR, Bombardier e a Embraer.
Após a saída de Obama, o governo de Trump cancelou o acordo nuclear e voltou a levantar barreiras comerciais contra o Irã. Países europeus continuaram no acordo, bem como Rússia e China. O Irã, porém, é impedido de comprar aviões desses países pois eles possuem componentes de fornecedores dos EUA.
“Já informei o CEO da Embraer (Francisco Gomes Neto) que, assim que ele estiver pronto, estou pronto para tentar retomar as negociações do ponto em que foram interrompidas em 2017”, encerrou o embaixador. A Embraer não comentou as declarações de Gharib.
O embaixador do Irã em Brasília é uma figura importante na política de seu país. Hossein Gharib é membro da chancelaria iraniana desde 1997 e já passou por representações na Itália e Estados Unidos. Ele assumiu o cargo atual no Brasil em abril de 2020.
No ano passado, Gharib declarou em entrevista ao jornal Valor Econômico que estava com o “cartão no bolso” pronto para comprar 150 aviões da Embraer. No entanto, nenhum acordo foi adiante.
Frota de aviões do passado
Por conta dos embargos econômicos, o transporte aéreo no Irã depende de uma grande frota de aviões antigos. Grandes empresas do país, como Iran Air, Kish Air e Mahan Airlines operam jatos que praticamente já deixaram de voar no Ocidente como o Airbus A300, Boeing 747-200, McDonnell Douglas MD-80 e Fokker 100. Os aviões mais novos em uso são A320 de primeira geração que tem unidades espalhadas por várias empresas.
![Raro no Ocidente, o Airbus A300 ainda resiste no Irã (Shahram Sharif - Wikimedia Commons)_](https://www.airway.com.br/wp-content/uploads/2020/07/IranAirA300_ShahramSharifi-960x640.jpg)
Segundo dados compilados pelo Airfleets, há pelo menos um avião da Embraer em operação comercial no Irã, um jatos ERJ-145, com a Pouya Air (e outro modelo está aterrado).