Jato chinês C919 é certificado para voos comerciais

Aeronave da COMAC concorrente dos tradicionais Airbus A320 e Boeing 737 recebeu o certificado de aeronavegabilidade da agência reguladora de aviação da China
O C919 vai concorrer com os tradicionais Airbus A320 e Boeing 737 (CCTV)
Certificado para voos comerciais: o projeto do C919 foi iniciado em 2008 (CCTV)

Primeiro jato de passageiros desenvolvido inteiramente na China, o C919 fabricado pela Commercial Aircraft Corporation of China (COMAC) recebeu nesta quinta-feira (29) o certificado de aeronavegabilidade da agência reguladora de aviação chinesa (CAAC). Com esse documento em mãos, a COMAC pode iniciar as entregas das primeiras unidades da aeronave aos clientes chineses.

Lançado em 2008, o C919 é um jato comercial de fuselagem estreita e proposto para competir com os tradicionais Airbus A320 e Boeing 737, que atualmente são os aviões de passageiros mais vendidos do mundo. Segundo dados da COMAC, o avião comporta até 168 ocupantes e tem autonomia de voo na faixa dos 4.075 km – a COMAC também trabalha no desenvolvimento do C919ER, com alcance estendido para 5.555 km.

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O primeiro cliente do C919 será a companhia China Eastern Airlines, que deve iniciar as atividades comerciais com a aeronave ainda neste ano. A empresa aérea de controle estatal tem um pedido firme por cinco exemplares do jato da COMAC e opção de compra mais 15 unidades. O jato também foi encomendado por pelo menos outras 30 companhias aéreas e instituições chinesas. De acordo com o fabricante, que também é administrada pelo governo chinês, o avião tem mais de 800 pedidos.

O projeto e testes de voo do C919, que transcorreu com a utilização de seis protótipos, foi um dos mais demorados na história recente da aviação comercial. A previsão original da COMAC apontava o lançamento da aeronave para 2018, mas o cronograma sofreu uma série de atrasos devido as duras regras de licenciamento de exportação de componentes dos EUA e até mesmo acusações de espionagem industrial.

COMAC C919
O primeiro voo do C919 ocorreu em 5 de maio de 2017; campanha de testes utilizou seis protótipos (COMAC)

A despeito de ser montado da China, o C919 ainda depende de muitos componentes importados do Ocidente, como os motores e os sistemas aviônicos, que são fornecidos por empresas como General Electric, Safran e Honeywell International. No médio e longo prazo, espera-se que esses itens sejam substituídos por similares de fabricação chinesa.

Embora seja um projeto local, a mídia chinesa e a COMAC ainda não se pronunciaram oficialmente sobre a certificação do C919.

C919 ainda não pode ser exportado

O novo jato da COMAC, por ora, terá atuação restrita ao mercado de aviação da China e em países com laços estreitos com Pequim. Sua exportação, sobretudo para operadores no Ocidente, depende da certificação de órgãos aeronáuticos internacionais, como a FAA, dos Estados Unidos, e a EASA, da Europa, que trabalha na validação do jato chinês desde 2017.

A COMAC também está no aguardo do certificado de produção do C919, necessário para iniciar a produção em massa da aeronave. Sem essa autorização, a fabricante ainda não tem condições de impactar o mercado global de aviões comerciais, já que Airbus e Boeing têm capacidade para produzir e entregar dezenas de aeronaves por mês.

O primeiro C919 de produção em série destinado à China Eastern Airlines (COMAC)

Todavia, apesar de seu lento desenvolvimento, o C919 chega ao mercado com um preço altamente competitivo. A aeronave é avaliada em cerca de US$ 101 milhões, cifra bem abaixo dos valores de tabela das versões mais recentes do A320 e do 737.

O C919 é o segundo produto lançado pela COMAC. O primeiro avião comercial da fabricante estatal foi o jato regional ARJ21-700, uma aeronave baseada no antigo McDonnell Douglas DC-9. A empresa chinesa, em parceria com o grupo russo UAC, também trabalha no desenvolvimento do modelo widebody CR929, que deve chegar ao mercado até o final desta década.

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  1. Uma matéria diz que o C919 recebeu encomenda “somente” da China…lógico!! Todas Companhias chinesas estatais, de livre e espontânea vontade, fizeram pedidos dessa outra estatal… Assimé fácil!!!

  2. Acho sacanagem essa coisa que o site faz de colocar embaixo notícias de meses, as vezes anos atrás, como relacionadas, apenas incluindo a data atual dando a impressão que é algo novo, desonesto.

  3. Oi Jorge, não se trata de desonestidade e sim um aspecto do funcionamento do WordPress, a ferramenta de publicação. Se atualizamos algum post ele acaba mostrando a data mais recente em vez da original. Realmente não faz qualquer sentido e estamos tentando ver uma solução para mostrar tanto a data de publicação original quanto a última atualização. Abraços.

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