Marinha remarca leilão do porta-aviões São Paulo, mas só há um comprador qualificado

Lance mínimo para adquirir o barco segue em R$ 5.309.733,65; navio será vendido como sucata

NAe São Paulo
Aviões da Marinha do Brasil e da Armada Argentina a bordo do NAe São Paulo, em 2002 (MB)
NAe São Paulo parado na Ilha das Cobras, onde ficou durante boa parte de sua carreira no Brasil (Alexandre Galante/Poder Naval)
NAe São Paulo parado na Ilha das Cobras (RJ), onde ficou durante boa parte de sua carreira no Brasil (Alexandre Galante/Poder Naval)

A Marinha do Brasil remarcou o leilão do porta-aviões NAe São Paulo para o dia 29 de outubro. O aviso foi publicado na edição desta quarta-feira (14) do Diário Oficial da União.

O processo de licitação para vender a embarcação, conduzido pela Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON, vinculada ao Ministério da Defesa), foi iniciado em setembro de 2019, mas acabou suspenso em agosto deste ano.

O que está à venda é o “casco” do porta-aviões, que não tem mais condições de navegar e será desmontado para ter suas partes revendidas como sucata. A embarcação foi descomissionada pela Marinha do Brasil em 2018.

Por exigência da França, que vendeu o navio ao Brasil no ano 2000 e incluiu esse detalhe no contrato, a embarcação deve ser desmantelada por estaleiros de reciclagem aprovados pela União Europeia.

Receba notícias quentes sobre aviação em seu WhatsApp! Clique no link e siga o Canal do Airway.

O lance mínimo para adquirir o barco segue em R$ 5.309.733,65. Das sete empresas credenciadas para efetuar lances pelo porta-aviões, apenas uma delas atendeu todos os requisitos para desmontar o barco, a Mediterranean Ships Breaking (representada pela TP Abastecimento e Serviços Navais LTDA, de Niterói – RJ).

Essa clausula evita que o porta-aviões desativado seja enviado para os desmanches de navios na Índia, que não têm a certificação da UE. O mais famoso fica na praia de Alang, na costa oeste do país, onde velha embarcações são desmontadas por homens e máquinas em condições precárias e sem nenhum cuidado com os resíduos poluentes.

Maior navio de guerra do Brasil

Maior embarcação militar que serviu com a bandeira brasileira, o navio-aeródromo São Paulo chegou às mãos da Marinha no ano 2000, comprado da França por US$ 12 milhões durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. O navio foi o substituto do NAeL Minas Gerais, que operou no Brasil entre 1960 e 2001, e posteriormente acabou vendido como sucata.

Caças AF-1 estacionados no convés de voo do NAe São Paulo (MB)
Caças AF-1 estacionados no convés de voo do NAe São Paulo (MB)

Quando ainda estava ativo, o São Paulo era o porta-aviões mais antigo do mundo. A embarcação foi lançada ao mar em 1960 e serviu com a marinha da França com o nome FS Foch de 1963 até 2000. Sob a identidade francesa, o navio de 32,8 mil toneladas e 265 metros de comprimento atuou em frentes de combate na África, Oriente Médio e na Europa.

Com a Marinha do Brasil, no entanto, a embarcação teve uma carreira curta e bastante conturbada, marcada por uma série de problemas mecânicos e acidentes. Por conta desses percalços, o navio passou mais tempo parado do que navegando. Em fevereiro de 2017, após desistir de atualizar o porta-aviões, o comando naval decidiu desativar o NAe São Paulo em definitivo.

Segundo dados da marinha brasileira, o São Paulo permaneceu um total de 206 dias no mar, navegou por 54.024,6 milhas (85.334 km) e realizou 566 catapultagens de aeronaves. A principal aeronave operada na embarcação foi o caça naval AF-1, designação nacional para o McDonnell Douglas A-4 Skyhawk, hoje operados a partir de bases terrestres.

NAe São Paulo
Caças AF-1 da MB e um ST-2 Tracker da Armada Argentina a bordo do NAe São Paulo (MB)

Proposta de museu flutuante não deve avançar

O Instituto São Paulo|Foch, formado por um grupo de entusiastas e ex-militares brasileiros e francesa, era um dos maiores interessados em adquirir o porta-aviões São Paulo. O objetivo da organização era (e continua sendo) transformar a embarcação em museu flutuante.

Porém, devido a grande quantidade de materiais tóxicos a bordo do navio (sobretudo amianto), a Marinha do Brasil descartou o plano de transformar a embarcação em museu.

Veja mais: Quais aeronaves faltam nas forças armadas do Brasil?