Trump manda suspender proibição de voos supersônicos civis nos EUA
Ordem executiva determina nova regulamentação no lugar de lei publicada em 1973 que proibiu sobrevoo do europeu Concorde

O presidente dos EUA Donald Trump emitiu uma ordem executiva na sexta-feira, 6, na qual determina que a Administração Federal de Aviação (FAA) revogue a legislação que impede o voo supersônico civil sobre os Estados Unidos.
O regulamento foi implantado em 1973 proibindo voos civis acima da velocidade do som sobre o território norte-americano e atingiu em cheio os planos das fabricantes BAC e Aerospatiale, sócias no projeto do Concorde, o mais famoso avião supersônico de passageiros.
A ordem de Trump estipula um prazo de 18 a 24 meses para que a FAA publique uma nova regulamentação que crie um padrão de certificação de ruído aceitável para aeronaves supersônicas.
A mudança surge pouco tempo após a Lei de Modernização da Aviação Supersônica (SAM) ter sido apresentada ao Congresso dos EUA pelo senador republicano Ted Budd, da Carolina do Norte.

O projeto de lei prevê que aviões supersônicos civis possam voar sobre a terra desde que não produzam um estrono sônico audível no solo.
“Por mais de 50 anos, regulamentações ultrapassadas e excessivamente restritivas prejudicaram a promessa de voos supersônicos sobre o território, sufocando a engenhosidade americana, enfraquecendo nossa competitividade global e cedendo a liderança a adversários estrangeiros”, diz a ordem executiva.
Além de revogar leis antigas e estabelecer uma nova regulamentação sobre o assunto, a ordem executiva estabeleceu que vários órgãos federais dos EUA irão realizar esforços para permitir o desenvolvimento de tecnologia de voos supersônicos além de buscar acordos regulatórios com outros países por meio da ICAO, a organização mundial de aviação civil.
Boom Supersonic celebrou ordem de Trump
A maior beneficiada pelo anúncio do presidente dos EUA é a startup Boom Supersonic, que desenvolve o jato comercial supersônico Overture.
Com capacidade para 80 passageiros, o jato quadrimotor irá voar até Mach 1.7, um desempenho inferior ao Concorde, porém, obtido de forma menos custosa e com impacto ambiental menor.

A Boom promete encurtar também o tempo de voo em rotas domésticas nos Estados Unidos, mas a uma velocidade menor, de até Mach 1.3. O motivo é que a empresa aposta no conceito “Mach Cutoff”, em que as ondas de choque geradas pelo boom supersônico são dissipadas antes de chegar à superfície.
A startup provou o conceito ao quebrar a barreira do som por seis vezes no início do ano usando seu demonstrador XB-1.
Lei limitou mercado do Concorde
A legislação de 1973 surgiu em meio ao desenvolvimento do Concorde, um projeto europeu que prometia transportar pouco mais de 100 passageiros em velocidade duas vezes maior que som.
A aeronave franco-britânica chegou a ter encomendas de várias companhias aéreas, incluindo dos EUA, mas a crise do petróleo minou suas chances já que o jato consumia muito combustível.

Apesar disso, havia esperança que o maior mercado de aviação comercial do mundo, os Estados Unidos, recebessem um bom número de jatos, sobetudo após o fim do projeto do Boeing 2707, um supersônico ainda maior e mais veloz.
Mas a lei limitou os voos do Concorde para Nova York e qualquer sobrevoo da aeronave sobre o país era feito em velocidade subsônica, portanto, como outros jatos comerciais.