Aposentado, caça stealth F-117 da USAF continua a fazer aparições misteriosas
Primeiro avião invisível aos radares, jato saiu de serviço oficialmente em 2008, mas tem sido visto com frequência, como nesta semana em San Diego


Nesta terça-feira, 20, quem circulava pelas autoestradas nas proximidades da base aeronaval de Miramar, em San Diego, pode ter presenciado uma cena estranha: dois aviões de formas inusitadas e pintados de preto pousando no local, famoso por ter sido cenário do filme Top Gun.
Os misteriosos aviões eram caças F-117 Nighthawk, o primeiro jato invisível aos radares da história. Mas afinal o que faziam as duas aeronaves da Força Aérea dos EUA na base da Marinha? E mais: por que eles continuam voando a despeito de terem sido aposentados em 2008?
A resposta oficial não existe já que o governo dos EUA não admite que os aviões da Lockheed Martin estão de fato ativos, mas tem sido cada vez mais evidente que o Pentágono tem utilizado alguns exemplares para realizar testes e exercícios militares.
Miramar, por exemplo, é sede do treinamento dos pilotos de caça da Marinha e dos Fuzileiros Navais e por isso dispõe de aeronaves agressoras, ou seja, usadas para simular caças inimigos. E E nada melhor do que avaliar táticas e manobras com um jato difícil de ser detectado.

Aparições constantes
Em serviço desde 1983, o F-117 foi o precursor da tecnologia furtiva. Desenvolvido pela equipe Skunk Works, também responsável pelo avião-espião SR-71, o o Nighthawk utilizava um conceito de fuselagem com superfícies facetadas e material absorvente de radar para não ser detectado.
Além disso, os dois motores tinham as entradas de ar cobertas e os exaustores com sistemas de resfriamento para não deixar rastro de calor. A cauda em V, como a do monomotor Bonanza, foi escolhida para evitar que pudesse ser omitida pelas asas enflechadas.
O desenho inusitado faz com o que F-117 só seja capaz de voar por possuir um sistema de controle por Fly-By-Wire, sendo instável em várias condições de voo. A USAF só operou 59 unidades do avião de ataque (embora designado como caça, sua função sempre foi outra).
De volta à ativa
Quando decidiu aposentá-los na década passada, a Força Aérea os armazenou num padrão conhecido como “Type 1000”, que prevê mantê-los em condições de serem remontados. Quase todas as unidades restantes acabaram preservadas na base aérea de Tonopah, em Nevada.
Parecia o fim de carreira do F-117, mas a partir de 2017 alguns caças passaram a ser avistados em regiões no deserto e próximo à base aérea de Edwards, na Califórnia. No ano passado, surgiram rumores de que a USAF teria utilizado alguns Nighthawk em ataques na Síria em 2017, informação que nunca foi confirmada.
Em maio deste ano, dois desses aviões foram vistos próximos a um KC-135, denotando uma atividade foram do comum. Até então, esses avistamentos ocorriam em áreas pouco habitadas, por isso o pouso dos dois F-117 em San Diego pode ser um indício de que o Pentágono já não pensa em esconder do público que o “Wobblin’ Goblin” está de volta.

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