Chinesa COMAC está a caminho de superar a Embraer em entregas de aviões comerciais

Crise no setor aéreo influenciada pela pandemia derrubou drasticamente as entregas de aviões comerciais da Embraer em 2020

Terceira maior fabricante de aviões comerciais do mundo, a Embraer já está vendo a chinesa COMAC aparecendo em seu retrovisor. Considerando as entregas de jatos de passageiros realizadas somente neste ano, as duas empresas estão quase empatadas: até o final de setembro, a companhia brasileira entregou 16 aeronaves comerciais, enquanto os chineses despacharam 13 aparelhos.

Em virtude da crise econômica global causada pela pandemia do novo coronavírus e que acertou em cheio a indústria aeronáutica, o número de aviões comerciais entregues pela Embraer até o terceiro trimestre deste ano caiu drasticamente. Como comparação, nos primeiros nove meses de 2019 a fabricante de São José dos Campos (SP) entregou 54 jatos comerciais e encerrou o ano com um total de 89 aviões de passageiros entregues aos clientes, número impossível de ser repetido em 2020.

Do outro lado do mundo, a COMAC está começando a marcar presença no mercado doméstico chinês. Único produto oferecido pela empresa até o momento, o jato ARJ21 começou a mostrar sinais de maturidade e estreou recentemente com as cores das três maiores empresas aéreas da China: China Southern Airlines, China Eastern Airlines e Air China. O jato regional produzido localmente também está em serviço com outras quatro companhias chinesas.

Embora seja uma empresa relativamente nova no mercado, a COMAC (fundada em 2008) já conta com um backlog quase cinco vezes maior que o da Embraer, que até o final de setembro somou 307 pedidos firmes por novos jatos comerciais. A fabricante chinesa informa em seu site (sem diferenciar pedidos firmes e opções de compra) que tem 616 encomendas de 23 clientes pelo ARJ21 e mais 815 ordens de 28 compradores pelo C919, modelo ainda fase de desenvolvimento e que deve chegar ao mercado chinês a partir de 2021 – se não houver mais atrasos no projeto.

COMAC ARJ21
Desde 2016, a COMAC entregou 34 jatos ARJ21, sendo 13 somente em 2020 (Peng Chen)

COMAC pode mudar a ordem mundial na aviação

Ainda sem grandes ambições internacionais, a COMAC é uma fabricante estatal e tem como principal objetivo abastecer o mercado aéreo chinês, hoje o segundo maior do mundo e caminhando para se tornar o primeiro, superando os EUA. No futuro, a empresa pode tornar a China independente da compra massiva de aviões fabricados no Ocidente, como ocorre atualmente.

A Embraer, por outro lado, depende totalmente do mercado internacional, sobretudo dos EUA, onde os aviões “Made in Brazil”, em especial o E175, são a ponta de lança da aviação regional local. Na China, cerca de 100 modelos da família E-Jet de primeira geração estão serviço com cinco companhias aéreas. As aeronaves finalizadas em São José dos Campos também têm forte atuação na Europa, voando com quase 20 empresas, enquanto no Brasil a única empresa que opera os jatos brasileiros é a Azul.

COMAC C919
O C919 vai concorrer com Airbus A320 e Boeing 737, os jatos comerciais mais vendidos do mundo (Xinhua)

Se a COMAC conseguir suprir a necessidade voraz do mercado chinês por mais aviões de passageiros já será um feito notório e que pode aproximar a fabricante das gigantes Airbus e Boeing. No entanto, para superar a Embraer, que nos últimos 51 anos entregou cerca de 3.300 aeronaves comerciais (incluindo do Bandeirante até a nova série E2), a empresa chinesa ainda precisa evoluir muito e expandir sua atuação em outros países, algo que pode levar décadas para acontecer.

A grande vantagem da COMAC em relação aos demais fabricantes do Ocidente é ter o governo chinês como sócio. Não só isso, o estado também controla a maioria das companhias aéreas chinesas e nos próximos anos, por orientação do governo comunista e sem dar chances aos concorrentes, as frotas dessas empresas podem ser renovadas e ampliadas com aeronaves produzidas localmente.

Veja mais: E se os chineses comprarem a Embraer?

 

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  1. Essas vendas são só para o mercado chines, vamos ver aqui no ocidente se as empresas aéreas Americanas e Européias vão encarar um modelo de avião que é cópia ultrapassada do McDonnel Douglas/Fokker, sem falar na confiabilidade e durabilidade, coisa que a Embraer é Expert e já esta dentro desses países de primeiro mundo.

  2. Isso e a China, a Embraer fez uma joint ventura com a comac nós anos 90 pensando em parceria. Os chineses copiaram toda a tecnologia da Embraer acumulada em mais de 30 anos e depois cancelaram a parceria. E agora aparecem como.os grandes fabricantes. Que o mundo aprenda, os chineses são como gafanhotos.

  3. Sim, uma empresa estatal com dinheiro a rodo, pode fazer preços até mais atrativos. Essa China tem se provado um câncer no mundo!! F*** a economia do mundo e ficou posando de melhor desempenho econômico; graças a Deus que os investimentos que a faziam “crescer” está sendo cortado! Os f*** da p**** arrebentam com todo mundo e com os bons resultados, frutos desse investimento estrangeiro estavam “comprando* o mundo, como disse, graças a Deus que essa festa acabou sendo percebida pelas grandes economias como os EUA. Como disse aí o Luis Filipe, que o mundo aprenda!!

  4. Embraer sempre é vista com pessimismo nas opiniões dos sites de aviação. A Embraer é uma jóia da tecnologia brasileira. Lógico que esse mercado é difícil. Primeiro o cancelamento da parceria com a Boeing iria quebrar a Embraer . Agora a China. Realista, sim. Mas vamos ser mais otimistas. Não é uma empresa qualquer. João José Oliveira Nascimento, Luiz Filipe Tavares e Marcelo Lopes , parabéns pelas opiniões.

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