Avibras anuncia parceria com empresa espanhola, mas sindicato teme perda de empregos e tecnologia
Mais antigo e tradicional fabricante de armamentos do país afirmou que pretende estabelecer uma parceria com a New Technologies Global Systems (NTGS). Entidade que representa os funcionários diz que empresa deve repassar tecnologia do sistema Astros e gerar 1.200 empregos no exterior

A Avibras confirmou nesta semana que está negociando o estabelecimento de uma parceria com a empresa espanhol New Technologies Global Systems (NTGS). Dentro do potencial acordo, a fabricante de produtos de defesa europeia faria o papel de exportadora dos sistemas da Avibras.
Sem esclarecer o formato da parceria, a Avibras afirmou que “a estratégia é tornar-se uma empresa multinacional através de parcerias com empresas espanholas e da consolidação de uma subsidiária europeia”.
Uma das vantagens apontadas pela veterana fabricante de equipamentos militares brasileira será concorrer no programa de Sistema Lançador de Alta Mobilidade (SILAM) do Exército Espanhol. Para isso, a Avibras e a NTGS oferecerão o sistema de artilharia de mísseis e foguetes ASTROS.

A Avibras admitiu realizar a transferência de tecnologia do sistema, dependendo dos requisitos do governo espanhol, mas garantiu que a propriedade intelectual permanecerá no Brasil.
A empresa também revelou que pretende estabelecer mais parcerias estratégicas com o intuito de “fortalecer ainda mais seu portfólio de produtos de alto valor agregado”
Receio de perdas para o Brasil, diz sindicato
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP) mais uma vez protestou contra os planos da Avibras. A entidade considerou que a “parceria representa uma grave perda para o Brasil, que levou décadas para chegar ao atual patamar de desenvolvimento do setor de Defesa. Dada a sua importância para o setor bélico, o Astros não poderia, em hipótese alguma, ter sua tecnologia transferida para outro país”.
A nota do sindicato também cita reportagem de um site espanhol que fala da possibilidade de abertura de 1.200 vagas de emprego na Espanha. “Enquanto isso, no Brasil, os trabalhadores da Avibras continuam sem salário e sem garantia de que continuarão com seus empregos. Eles estão em greve há um ano por falta de salário”, lamentou a entidade.

Fundada em 1961, a Avibras está em meio a mais um processo de recuperação judicial desde março de 2022. A empresa tinha uma dívida de R$ 640 milhões à época e tenta buscar alternativas para restabelecer sua saúde financeira. No início do ano, rumores apontavam para o interesse de uma empresa alemã e outra dos Emirados Árabes, que pretendiam assumir seu controle.
O sindicato voltou a apontar que a solução para a Avibras seria sua estatização e tem feito apelos ao governo federal para que tome alguma atitude a respeito.