A Boeing foi condenada pelo júri de um tribunal federal no estado de Washingtou, nos EUA, a pagar ao menos US$ 81 milhões (cerca de R$ 425 milhões) como indenização à Zunum Aero, uma startup que planejava lançar uma aeronave híbrida-elétrica de passageiros.
A Zunum acabou encerrando suas atividades em 2018 após acumular dívidas e não conseguir financiamento para seguir com seu projeto.
A empresa fundada por Ashish Kumar e Matt Knapp havia recebido US$ 9 milhões de empréstimos da Boeing, mas fracassou em atrair investimentos da empresa francesa Safran, de motores.
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A Zunum acusou a Boeing de roubar segredos comerciais de seu conceito de aeronave híbrida e desenvolver um projeto semelhante.
Além disso, a startup alegou que a gigante aeroespacial abordou a Safran para que desenvolvesse um propulsor usando sua propriedade intelectual.
Boeing como credora também
O júri acatou a maior parte dos argumentos, mas subtraiu um valor de US$ 20,8 milhões em danos que poderiam ser evitados pela Zunum. O juiz do caso, no entanto, pode triplicar o valor da pena porque o júri considerou as ações da Boeing como “maliciosas”.
A fabricante, no entanto, alegou que Zunum subumbiu diante da sua própria ambição e que ultrapassou limites, espantando potenciais investidores.
A Boeing disse ainda que não tinha planos de desenvolver um projeto semelhante e que chegou à conclusão que a Zunum não tinha capacidade técnica para levar o projeto à fremte. A empresa afirmou que apelará da decisão.
À Forbes, os fundadores da Zunum afirmaram que a sentença servirá para reembolsar credores e funcionários. Entre os credores está a própria Boeing, que poderá descontar os valores emprestados com atualização de juros.
Litígio da Boeing com a Embraer perto de ser julgado
O processo jurídico com a Zunum não é o único em que a Boeing é acusada de melindrar uma parceria comercial. A Embraer também busca ressarcimentos após o fim da joint venture com a Boeing há quatro anos.
As duas empresas haviam acertado a criação de uma nova empresa em 2018, a Boeing Brasil Commercial, formada com a divisão de jatos comerciais da Embraer.
Para isso, a Boeing iria pagar US$ 4,2 bilhões (cerca de R$ 22 bilhões) por 80% da nova empresa, com o restante com a empresa brasileira.
Após a Embraer passar meses separando a divisão comercial de sua estrutura, a Boeing anunciou em abril de 2020 que a então sócia não havia cumprido os requisitos da joint venture.
Na época, a fabricante dos EUA já passava por dificuldades causadas pelo aterramento do 737 MAX além dos efeitos da pandemia do coronavírus.
Assim como ocorreu a Zunum, a Boeing também foi acusada de estar de fato interessada na engenharia brasileira, considerada mais capaz e inovadora.
Com o fim da parceria, a Embraer teve de se reorganizar, reduzir custos e voltar ao mercado em busca de pedidos, muitos deles em compasso de espera diante da mudança provocada pela união com a Boeing.
Segundo afirmou recentemente o CEO da empresa brasileira, Francisco Gomes Neto, uma sentença deve ser conhecida até o final do primeiro semestre.
A indenização da Embraer tem que ser gigante. Da firma como foi feito o contrato de joint ventura, e seu cancelamento unilateral, poderiam ter quebrado a empresa. Que a Boeing seja punidas por mais esse grave erro de gestão.