Boeing prevê ‘boom’ de jatos de corredor único e encolhimento de mercado da Embraer

Panorama para 2039 da fabricante dos EUA estima uma frota de 48.400 jatos comerciais, crescimento de 187%, sobretudo na Ásia. Aviões regionais deverão perder espaço

Jato E175 e ao fundo um Boeing 787 (Tomás Del Coro)

A mais recente edição do panorama de mercado de jatos comerciais da Boeing traça um cenário de imenso crescimento na frota de aviões de um corredor e mesmo widebodies (hoje relegados por muitas empresas) ao mesmo tempo em que prevê uma estagnação no segmento de até 100 assentos, onde a Embraer se destaca.

O estudo da fabricante dos EUA analisa o período entre 2020 e 2039 quando, na sua visão, o número de jatos comerciais saltará de 25.900 (2019) para 48.400 unidades, alta de 87%.

Todas as regiões do mundo apresentarão crescimento, mas o panorama destaca a expansão na Ásia e Pacífico, formada pela China, Sudeste, Norteste e Sul da Ásia e Oceania. Essa grande área terá um incremento de 234% no número de aeronaves em 20 anos, segundo a Boeing.

A China, por exemplo, passará a ter quase 20% dos jatos comerciais no mundo (atualmente tem 15%), atrás apenas da América do Norte (a fabricante não separa os EUA do Canadá) e à frente da Europa.

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O maior crescimento no mundo se dará no chamado Sul Asiático, que inclui países como Afeganistão, Paquistão e sobretudo a Índia. Nessa região, o número de jatos comerciais saltará de 700 para 2.570 até 2039, de acordo com o estudo.

Os países do Oriente Médio também apresentarão um crescimento significativo, de 232%, passando de 1.510 para 3.500 aeronaves. Na divisão da Boeing, Canadá e Estados Unidos terão a expansão mais modesta, de 139%, talvez por conta do uso extensivo do transporte aéreo nesses países.

A América Latina fará bonito também, com o número de aviões dobrando em duas décadas – de 1.540 para 3.060 exemplares. A previsão da Boeing é favorável aos seus principais jatos: enquanto modelos regionais diminuirão pela metade e cargueiros ficarão estagnados, aeronaves como o 737 e o 787 terão crescimento expressivo.

ARJ21 da Air China: mercado chinês é um dos que mais crescerá (N509FZ)

Jatos regionais perdem espaço

O panorama da Boeing também divide as projeções em categorias de aeronaves, entre cargueiros, widebodies, aviões de corredor único e jatos regionais. São justamente esses últimos que apresentam a única perspectiva negativa na visão da empresa.

Para a Boeing, a atual frota de 2.710 aeronaves deverá cair para 2.650 nos próximos 20 anos. O grande motivo para isso ocorrer é o encolhimento do número de aviões na América do Norte, atualmente respondendo por 70% da frota mundial até 100 assentos.

De 1.890 jatos, EUA e Canadá devem passar a ter 1.640 aviões em 2039, uma queda de 13%. A Boeing também enxerga que essa categoria perderá espaço na Europa, América Latina e África, mas crescerá no Oriente Médio, Rússia e Ásia Central, e na Ásia-Pacífico, possivelmente incluindo a produção local dos jatos SSJ100 e ARJ21.

A previsão da Boeing é extremamente preocupante para sua ‘ex-quase sócia’, a Embraer. A fabricante brasileira depende atualmente da demanda por jatos de até 76 lugares das associadas regionais das companhias aéreas dos EUA. O modelo E175 faz enorme sucesso nesse mercado e perderia espaço diante desse cenário hipotético.

América Latina verá frota dobrar de tamanho (Azul)

A boa nova é que a renovação de frota entre os jatos regionais será de 92% na opinião dos estudiosos da Boeing, menos apenas que os aviões de um corredor (95%), mas à frente dos widebodies (87%) e, claro, dos cargueiros, com apenas 29% de aeronaves realmente novas.

O estudo da empresa, no entanto, poderia ser mais claro e específico. Segundo os critérios da Boeing, aeronaves como o E190 e A220 estão somadas a jatos bem maiores como o A321. Uma subdivisão entre 100 e 150 assentos, por exemplo, teria tornado o panorama mais detalhado e útil.

Panorama de jatos comerciais da Boeing entre 2020-2039

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