Chega de Gripen? FAB estaria de olho em 24 caças F-16, diz influente site
Orçamento menor teria motivado Força Aérea a estudar aquisição de jatos de segunda mão dos EUA em vez de novo lote da aeronave da Saab. Como ficaria possível “troca” entre Brasil e Suécia pelo C-390?

Em um movimento inesperado, a Força Aérea Brasileira (FAB) estaria em conversas com o governo dos EUA para adquirir 24 caças F-16 de segunda mão, afirmou o Janes.
O conceitudo site especializado em defesa diz ter obtido a informação de um oficial de alta patente na Aeronáutica no início deste mês.
A notícia surge em meio às entregas de 36 caças Saab Gripen E/F novos, dos quais 15 estão sendo montados parcialmente no Brasil em uma parceria com a Embraer.
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Oficialmente, o governo brasileiro fala em adquirir um segundo lote do Gripen, mas segundo a fonte da Janes, falta dinheiro para isso. A opção na mesa seria buscar uma alternativa mais barata para substituir os caças F-5 e jatos de ataque A-1 (AMX).
Em nota divulgada na sexta-feira, 14, a Aeronáutica reconheceu que estuda de fato uma possível aquisição de caças Lockheed Martin F-16, mas disse não existir qualque negociação em curso.

Caças eficientes e baratos
Não é de hoje que o F-16 é oferecido à FAB, mas as conversas nunca evoluíram muito até onde onde se sabe. O jato norte-americano é operado pela Venezuela, primeira cliente da aeronave, e pelo Chile.
Além disso, trata-se de um negócio bastante atraente como se viu na vizinha Argentina há poucas semanas, que fechou um acordo com a Dinamarca para ficar com 24 F-16 que estão sendo retirados de serviço.
A negociação, intermediada pelos Estados Unidos, foi avaliada em apenas US$ 300 milhões com peças de reposição, treinamento e armamentos. Portanto, um montante bem menor do que os US$ 5,4 bilhões do contrato de 36 Gripen assinado pelo Brasil em 2014.
Embora não seja tão avançado como o caça da Saab, o F-16C/D é uma aeronave de combate amplamente usada no mundo e bastante versátil. Os dois caças são equipados com motores da General Electric, mas o F-16 usa o F110 a partir das versões C e D, enquanto o Gripen é propulsionado por um GE F414 feito sob licença.

Como ficar um possível acordo mútuo com a Suécia pelo C-390?
A possível sondagem sobre os F-16 pela Força Aérea Brasileira sugere dificuldades para um potencial acordo mútuo com a Suécia a respeito do cargueiro C-390 Millennium, da Embraer.
Desde 2023, a Saab e a Embraer se associaram para oferecer a aeronave de transporte tático à Força Aérea da Suécia, como substituto do C-130H Hercules. Como compensação, a FAB fecharia a compra do segundo lote de Gripen com a Saab.
Embora a Força Aérea Brasileira tenha tradição em operar mais de um tipo de caça, o investimento no Gripen indicava uma escolha por frota única, mas muito mais capaz já que a aeronave sueca possui grande poder tanto na defesa aérea como em missões de ataque.
Gripen menos bem sucedido que o Rafale e o Eurofighter
Uma hipótese a ser considerada é que o “vazamento” do interesse no F-16 possa ser uma forma de pressionar o governo sueco a oferecer condições mais vantajosas para venda do Gripen.
Para a Suécia, o Brasil é um parceiro inestimável no programa do Gripen E/F, sendo o único cliente externo a selecioná-lo até agora.
A FAB fez questão de negar que a sondagem pelo F-16 não tem relação com o Gripen, mas obviamente uma frota de algumas dezenas do caça dos EUA faria a necessidade do jato da Saab menos urgente.

Entre os caças europeus surgidos na década de 80, o Gripen tem sido o menos bem sucedido, com apenas quatro países adquirindo a aeronave (África do Sul, Tailândia, Brasil e a Suécia, por razões óbvias) e duas nações operando esquadrões por meio de leasing, a Hungria e República Tcheca, que neste caso vai substituí-lo pelo F-35.
Enquanto isso, o Dassault Rafale e o Eurofighter Typhoon possuem mais operadores e que têm frotas maiores.
Seja como for, a Força Aérea Brasileira pretende tomar uma decisão até o final do ano, segundo a fonte da Janes. A FAB tem planos de aposentar os AMXs até 2025 e os F-5 em 2029.