Com demanda em queda, ATR finalmente anuncia cortes de produção

Empresa dos grupos Airbus e Leonardo é a última fabricante de aeronaves do Ocidente a anunciar medidas para enfrentar a crise do coronavírus
ATR 72-600 da Azul (Foto - Azul)
A Azul é o principal cliente da ATR na América Latina (Azul)
O ATR-72 é o avião com motores turbo-hélice mais comum nos céus do Brasil (Azul)
O ATR 72 é o turboélice comercial mais comum nos céus do Brasil; avião é operado pela Azul e Passaredo (Azul)

Até então mantendo uma postura discreta diante da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus, a fabricante franco-italiana ATR admitiu nesta segunda-feira, 11, que está se preparando para fazer cortes na produção de aeronaves.

Em entrevista a Reuters, o CEO da ATR, Stefano Bortoli, afirmou que uma decisão sobre a extensão dos cortes será tomada nas próximas semanas. “Claro que vamos reduzir; depois veremos quanto”, disse Bortoli.

Com essa decisão, a ATR certamente vai registrar mais um ano de redução nas entregas de aeronaves. O resultado de 2019, quando entregou 68 aeronaves, foi o mais baixo registrado pela fabricante desde 2012. Em 2018, a empresa despachou 76 turboélices ATR 42 e ATR 72.

Bortoli se recusou a revelar metas de entrega para 2020, mas disse que a ATR seguiria outros fabricantes de aeronaves na redução da produção depois de ver seus negócios abalados pelo derretimento da demanda de transporte aéreo. Além disso, a empresa também está em parte impedida de entregar novos aviões devido às restrições de acesso à França, onde fica a fábrica e o centro de entregas da companhia.

Controlada pelos grupos Airbus e Leonardo, a ATR domina o mercado de turboélices regionais de 50 a 70 assentos, com cerca de 80% de participação. Esse segmento, porém, é um dos mais afetados pela crise do coronavírus, que praticamente anulou a demanda pela aviação regional.

O CEO da ATR, no entanto, espera que os turboélices se sustentem à medida que as economias regionais iniciarem a recuperação para sair da crise. “A demanda por turboélices tem sido tradicionalmente ligada ao desenvolvimento regional”, disse o executivo.

O valor do petróleo em queda também atrapalha o mercado dos turboélices, aeronaves que se saem melhor quando os preços dos combustíveis estão altos, pois são mais eficientes que jatos em rotas curtas. Para Bortoli, esse efeito será corrigido à medida que a crise for diminuindo.

Apesar dos problemas esperados para este ano, o CEO da ATR reforçou que a nova versão de carga do ATR 72-600F entrará em serviço neste ano, conforme o planejado originalmente, com a FedEx.

Veja mais: Airbus quer fabricar “detector de coronavírus” para aviões e aeroportos

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