Embraer entrega último jato executivo Legacy 650

Derivado do jato comercial ERJ-135, série Legacy 600/650 foi o primeiro produto da Embraer Aviação Executiva
Legacy 650 (Air Hamburg)
A empresa voos charter Air Hamburg possui a maior frota de Legacy 600/650, com 17 jatos (Air Hamburg)

Fim da linha para o Legacy 650. No dia 18 de junho, a Embraer entregou o último exemplar do jato de negócios. A aeronave foi adquirida pela Air Hamburg, empresa alemã de voos charter e maior operador da avião VIP fabricado no Brasil, com 17 aparelhos em serviço (modelos 600/650/650E).

A ocasião também marcou a despedida da plataforma ERJ, a primeira linha de jatos comerciais lançada pela Embraer, em 1997, e que levou a empresa brasileira ao posto de terceira maior fabricante de aviões de passageiros do mundo, atrás apenas de Airbus e Boeing.

Para quem não sabe, os modelos Legacy 600 e 650 (e o Legacy 650E) são versões executivas do jato comercial ERJ-135, desenhado para receber até 37 passageiros – a série produzida entre 1996 e 2003 ainda contempla os modelos ERJ-140 (para 44 passageiros) e ERJ-145 (50 passageiros).

Lançado pela Embraer em 2009 (e certificado em 2011), o Legacy 650 é uma evolução do Legacy 600, o primeiro jato executivo da fabricante brasileira, introduzido no mercado em 2002. A aeronave otimizada tem opções de recursos mais avançados na cabine e o principal, maior autonomia: foi de 6.297 km para 7.223 km (e mais que o dobro do alcance do ERJ-135, que voava por até 3.330 km).

O ERJ-135 chegou ao mercado em 1998, com espaço para 37 passageiros (Embraer)
O “ERJ Junior”: o primeiro voo do ERJ-135 foi realizado em 1998 e quatro anos depois ele foi transformado no Legacy 600, que voou em 31 de março de 2001 (Embraer)

O último exemplar da aeronave comprada pela Air Hamburg, com a matrícula D-ANCE, começou a ser produzido no final de 2019, ainda na fábrica em São José dos Campos (SP) e foi finalizado na planta de Gavião Peixoto (SP), a nova casa da Embraer Aviação Executiva – – a divisão executiva da Embraer foi transferida para Gavião Peixoto em preparação para a joint venture com a Boeing, que ficaria baseada em São José dos Campos, mas o acordo foi cancelado no final de abril.

Produzida há mais de 18 anos, a linha Legacy 600/650 alcançou a marca 288 unidades entregues. Os melhores momentos da aeronave no mercado foram 2007 e 2008, com 36 aviões entregues em cada ano. No ano passado, a Embraer entregou cinco Legacy 650. O Legacy 650 (e o ERJ-145) também foi produzido na China pela antiga joint venture entre a empresa brasileira e fabricante local AVIC.

O jato executivo pioneiro da Embraer é muito apreciado pelo seu espaço interno avantajado, mas gerava certas críticas pelo seu alcance considerado relativamente baixo. A versão 650 resolveu parte desse problema, mas com o passar dos anos surgiram modelos de outras marcas com melhor desempenho nesse quesito. Ainda assim, os Legacy 600/650 são muito populares na Europa, pois têm autonomia para realizar voos diretos por praticamente todos países do Velho Continente.

Em despedida ao Legacy 650, a Embraer informou: “Essa transição faz parte do foco renovado da divisão de jatos executivos nos nossos produtos líderes de mercado, os jatos das séries Phenom e Praetor. Isso não altera o nosso compromisso contínuo com nossos clientes e continuaremos a atendê-los com orgulho nos próximos anos. O programa Legacy foi fundamental para transformar a Embraer em um dos principais fabricantes da aviação executiva e para demonstrar nossa longa tradição de engenharia capacitada, conhecimento em aviação e robustez do produto”.

Conforto total na "sala de reuniões" do Legacy 650; outro detalhe interessante são as grandes janelas (Thiago Perotti)
Airway já voou no Legacy 650: jato pode transportar até 13 ocupantes (Thiago Perotti)

Lançado como uma aposta ousada, mas ao mesmo tempo descomplicada de projetar, pois derivava de um jato comercial já certificado, o Legacy 600/650 ampliou ainda mais os horizontes da Embraer após sua privatização, em 1994. Inspirada pela boa aceitação dos jatos de negócios, a empresa foi além e, em 2005, criou uma divisão totalmente dedicada a esse mercado, a Embraer Aviação Executiva, hoje uma das fabricantes mais importantes desse ramo.

Nota editor: Embora compartilhem o mesmo nome, os modelos Legacy 450 e Legacy 500 (assim como os mais recentes Praetor 500 e Praetor 600) são projetos completamente diferentes do Legacy 600/650, estes sim derivados do ERJ-135. Em tempo, a plataforma ERJ também teve versões militares, casos dos modelos de vigilância aérea E-99 e R-99. 

Veja mais: Da abóbora ao Legacy 650

 

 

 

 

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  1. Felizes foram aqueles anos em que trabalhei na Embraer com a familia ERJ bombando na linha de produção. Os 145 vão deixar saudades.

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