Embraer tenta romper duopólio de Boeing e Airbus na Air India e IndiGo
Fabricante brasileira revelou negociações para jatos E195-E2 com as duas maiores companhias aéreas da Índia

Em meio ao Encontro Anual da IATA, em Nova Déli, a Embraer revelou estar em negociações com as duas maiores companhias aéreas da Índia, a IndiGo e Air India, para oferecer o jato E195-E2, modelo com capacidade para até 146 passageiros.
A iniciativa busca romper o domínio histórico da Boeing e da Airbus no país, especialmente em um momento de renovação e expansão das frotas indianas.
Segundo executivos da fabricante brasileira, o E2 se encaixa em um nicho pouco explorado na aviação doméstica indiana: rotas que são longas demais para turboélices e com demanda insuficiente para justificar o uso de narrowbodies maiores, como os A320 ou 737.
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“O E2 está exatamente nesse ponto ideal”, afirmou Raul Villaron, vice-presidente sênior da Embraer para a Ásia-Pacífico.

O jato E195-E2 é o maior da família de jatos comerciais da Embraer, e foi projetado para oferecer baixo consumo de combustível e custo competitivo por assento — algo que, segundo Villaron, agora o torna mais atraente para mercados de alta densidade como o indiano, diferentemente dos E1, cujo foco era mais no custo por viagem.
Oportunidade em mercados não atendidos
A Índia tem hoje diversas rotas regionais sem serviço aéreo regular, justamente por não se adequarem aos modelos atualmente predominantes nas frotas.
A entrada do E195-E2 pode oferecer uma solução mais adequada para essas operações, com eficiência operacional e alcance ideal para conectar cidades médias e grandes centros urbanos.
Atualmente, a Embraer já tem cerca de 50 aeronaves em operação na Índia, distribuídas entre aviação comercial, executiva e militar. A empresa também está atenta a oportunidades no setor de defesa e no nascente mercado de eVTOLs, por meio da subsidiária Eve Air Mobility.

Escritório próprio e foco no fornecimento local
Como parte da estratégia de longo prazo no país, a Embraer abrirá oficialmente nesta terça-feira (3) seu escritório corporativo em Nova Déli, sede da nova subsidiária integral da empresa na Índia.
O CEO Francisco Gomes Neto disse que a instalação é um passo fundamental para estreitar laços com o governo indiano, companhias aéreas locais e fornecedores da cadeia aeronáutica.
Além de vendas, a fabricante brasileira planeja montar uma equipe de compras no país para identificar potenciais fornecedores indianos de peças e serviços. A ideia é integrar o mercado local à cadeia global de produção da empresa, aproveitando o custo competitivo e a base industrial em expansão da Índia.