Empresa do grupo Airbus quer aumentar a conversão de jatos A321 em cargueiros

Joint venture liderada pela Airbus planeja saltar de nove para 25 jatos convertidos por ano até 2023
(EFW)
O primeiro A321P2F foi convertido a partir de um jato com 22 anos de serviço na aviação comercial (EFW)

Joint venture formada entre a Airbus e a ST Engineering, a EFW está planejando aumentar a capacidade de conversão de jatos de passageiros A321 em cargueiros. Segundo a empresa, o número de aviões modificados deve saltar de nove unidades convertidas para 25 até 2023.

Ao contrário do mercado de aviões de passageiros, cuja demanda foi altamente prejudicada pela pandemia do novo coronavírus, o segmento de cargueiros novos de fábrica e modelos convertidos teve um sensível aumento na procura nesse mesmo período.

Candidato a novo “queridinho” no mercado de carga, o A321P2F modificado pela EFW pode ser um dos cargueiros mais pedidos nos próximos anos.

Para atender essa procura, a joint venture liderada pela Airbus quer montar estruturas de conversão em Guangzhou, na China, e em San Antonio, no estado do Texas, nos EUA. Atualmente, a única unidade da EFW capacitada para modificar jatos A320 e A321 fica em Singapura, onde também está localizada a sede da ST Engineering.

Em fevereiro, a agência de aviação civil da Europa (EASA) certificou a conversão do A321P2F, após o voo inaugural da aeronave modificada em janeiro. Em agosto, a versão de carga do A321 foi homologada pelo FAA, a agência reguladora do setor aéreo nos EUA.

Até o momento, os clientes do A321P2F são empresas de leasing. No final de 2019, a EFW informou ter recebido “vários” pedidos de conversão da aeronave encomendados pela BBAM, dos EUA. Dois aviões destinados a companhia de arrendamento já estão sendo modificados em Singapura, informou a joint venture.

Maior da categoria: o porão de carga do A321P2F tem 208 m² (ST Engineering)

Outro cliente do A321 cargueiro é a divisão de leasing da própria ST Engineering, a Keystone Holdings, que encomendou um número não divulgado de conversões. Pelo menos três das aeronaves pedidas pelo grupo serão alugadas para a australiana Qantas, que espera receber o primeiro jato até o final de 2021.

27 toneladas de carga

A série A320P2F chega ao mercado apresentando boas credenciais para competir na categoria de cargueiros médios, hoje dominada pelo Boeing 737.

De acordo com a EFW, o A321 pode transportar até 27 toneladas de carga distribuídas por um compartimento com 208 m² – o porão de cargas do A320P2F tem 160,6 m² e comporta até 21 ton. A autonomia do jato é de até 3.520 km (o A320P2F tem alcance de 3.890 km), informa a companhia.

As versões de carga do 737 podem transportar cerca de 23 toneladas, mas o espaço na cabine é menor. O compartimento do 737-400F, cargueiro mais comum nos aeroportos, tem cerca de 140 m², abaixo da capacidade oferecida no A320 cargueiro. A EFW ainda sugere o A321F como uma opção para substituir antigos cargueiros baseados do Boeing 757, outro avião importante no setor de cargas.

O A321P2F é uma opção para substituir antigos cargueiros Boeing 757F (Timo Jager)

A empresa diz que o A320 oferece uma base de “matéria-prima para conversão sem precedentes” com a alta disponibilidade de aeronaves no futuro (jatos A320 que serão desativados do serviço de passageiros) e prevê uma demanda por 1.000 jatos de carga nos próximos 20 anos.

A320, finalmente cargueiro

O lançamento de cargueiros baseados nos jatos comerciais A320 e A321 é aguardado há mais de 10 anos. Em 2008, a Airbus assinou um contrato firme com a empresa de leasing AerCap para converter 30 jatos A320/A321 na primeira edição do programa A320P2F. No entanto, em 2011 a fabricante suspendeu o projeto, citando a alta demanda pelas aeronaves no serviço comercial.

A Qantas vai receber três A321 cargueiros até 2021 (Divulgação)

Em junho de 2015, o projeto A320P2F foi retomado pela EFW e no ano passado a Qantas foi anunciada como primeiro cliente do A320 cargueiro.

Avião comercial mais vendido do mundo, a família A320 da Airbus acumula mais de 9.000 unidades construídas em 33 anos e ainda soma encomendas por mais de 6.000 unidades. Nessa imensidão de pedidos e jatos em serviço, até agora nenhum deles é destinado aos voos de carga.

A Airbus tem um atuação discreta e baixa adesão no segmento de aeronaves cargueiras comparada a Boeing. O site da fabricante europeia anuncia os modelos A330-200F e o programa de conversão A330P2F, além do exótico BelugaXL. Por ser um produto da joint venture EFW, o A320P2F não é mencionado no portfólio do grupo europeu, ao menos por enquanto.

Líder no segmento de carga, a Boeing oferece aeronaves novas (modelos 747F, 767F e 777F) e um programa de modificação para modelos 737.

Com uso de aeronaves cargueiras, a Azul Cargo Express espera um crescimento de 40% ainda neste ano (Azul)
A Azul Cargo Express opera dois Boeing 737-400F; jatos podem transportar cerca de 20 toneladas (Azul)

A conversão de aeronaves comerciais da Boeing também é realizada por outras empresas. A mais destacada nesse ramo é a israelense IAI Aerospace, com experiências bem sucedidas em praticamente todos os jatos comerciais da empresa americana.

Veja mais: Boom entra na corrida para o Air Force One supersônico

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