Jato comercial russo-chinês CR929 completa testes em túnel de vento

Potencial concorrente do Airbus A330, modelo CR929 deve estrear até o final da próxima década
(TsAGI)
O CR929 é um projeto da CRAIC, grupo formado pelo grupo russo UAC e a chinesa COMAC (TsAGI)

Um modelo em escala 1:39 do jato russo-chinês CR929 passou por uma série de testes em túnel de vento neste mês, abrindo caminho para o desenvolvimento do programa de engenharia da aeronave. As provas foram conduzidas pelo Instituto Aerohidrodinâmico Central da Rússia (TsAGI), em Zhukovsky, nos arredores de Moscou.

O CR929 é uma iniciativa da CRAIC (Corporação Internacional de Aeronaves Comerciais China-Rússia), formado pelo grupo russo United Aircraft Corporation (UAC) e a chinesa COMAC. O projeto é uma aeronave widebody (de fuselagem larga) bimotor e tem especificações semelhantes à do Airbus A330.

Os testes em túnel de vento foram realizados pelo TsAGI com um modelo HSM (sigla em inglês para “Modelo Padrão de Alta Velocidade), construído por especialistas em aerodinâmica da Rússia e China. Ensaios similares também já foram realizados na China e Europa.

“Uma série de testes em diferentes países nos permitiu acumular dados a partir dos quais podemos comparar corretamente os resultados. As informações que obtivemos são importantes para uma previsão mais precisa sobre o desempenho aerodinâmico da aeronave CR929 em voo real”, explicou Maxim Litvinov, designer-chefe da parte russa do programa, ao site Russian Aviation Insider.

Segundo o projetista russo, os novos dados estão sendo analisados por um grupo de engenheiros da Rússia e China e ajudarão a equipe a impulsionar o programa para as próximas etapas de desenvolvimento.

“Podemos comparar os resultados do mesmo modelo em diferentes equipamentos de teste em vários países. Esta é uma experiência sem precedentes para nós”, disse Anton Gorbushin, diretor do TsAGI.

O primeiro voo do CR929 está programado para 2023 (COMAC)

De acordo com dados preliminares da CRAIC, o CR929 é projetado para transportar cerca de 280 passageiros em viagens de até 12.000 km. Ainda segundo a fabricante, os voo inaugural da aeronave está programado para 2023 e as aprovações de certificação são esperadas entre 2025 e 2027.

O jato russo-chinês ainda não teve nenhuma unidade encomendada, embora o presidente da UAC, Yury Slyusar, tenha indicado anteriormente que o programa já atraiu 200 pedidos “flexíveis”.

A aposta do CR929

Embora tenha a participação da Rússia, o principal foco do CR929 é o mercado da China, país onde o jato de fuselagem larga mais popular é o Airbus A330, com mais de 200 unidades em operação. O prazo de lançamento da aeronave previsto pela CRAIC, até o final da próxima década, vai coincidir com uma época em que muitos dos A330 chineses já estarão perto da aposentadoria. Não só isso, a demanda no mercado chinês vai aumentar ainda mais.

Previsões de mercado da Airbus e Boeing apontam que a demanda por aviões comerciais na região Ásia-Pacífico, impulsionada principalmente pela China, vai crescer a uma taxa de quase 6% ao ano nas próximas duas décadas. Nesse período, as fabricantes estimam que o mercado asiático vai precisar de aproximadamente 14.400 aeronaves (jatos de todos os portes), ou cerca de 40% de toda demanda global em 20 anos, que será em torno de 35.000 aviões.

China e Rússia avançam na aviação comercial

Como apontam as previsões de mercado, o crescimento da aviação comercial na Ásia será enorme nos próximos anos. Isso desperta o interesse das principais fabricantes do setor, todas do Ocidente, mas também abre uma grande oportunidade para o desenvolvido de projetos locais, como os jatos COMAC C919 e o Irkut MC-21, outro projeto do grupo UAC.

O voo inaugural do MC-21 foi realizado em 28 de maio de 2017 (UAC)

As aeronaves propostas pelas empresas da China e da Rússia, outro mercado promissor, são projetadas para competir na mesma categoria do jatos Airbus A320 e Boeing 737, hoje os aviões comerciais mais vendidos do mundo e cada vez mais pedidos.

Os jatos da COMAC e da Irkut estão em fase de voos de testes com protótipos e ambos devem chegar ao mercado a partir no início da próxima década, começando pelo modelo russo. Apesar de ainda precisarem provar uma série de questões de desempenho e certificações, as duas aeronaves já contam combinadas com mais de 1.000 pedidos, a maioria de empresas da China e Rússia.

Veja mais: Novo jato E175-E2 da Embraer completa primeiro voo

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