Azul deve encostar nas rivais Gol e LATAM em 2020

Companhia aérea prevê transportar 30 milhões de passageiros no ano que vem com uma frota de 151 aeronaves
A Azul deve terminar 2020 com 20 jatos E195-E2 (AeroportosBSB)
A Azul deve terminar 2020 com 20 jatos E195-E2 (AeroportosBSB)

Longe da cordialidade mantida entre LATAM e Gol, a Azul tem demonstrado uma postura agressiva e crítica às suas concorrentes e em 2020 a situação não será diferente. Depois de passar este ano brigando por espaço na ponte aérea e pelo espólio da Avianca, além de ter abandonado a Abear, associação do setor, a companhia aérea fundada por David Neeleman pretende se aproximar como nunca do tamanho das suas rivais.

Em apresentação para a imprensa nesta semana, o presidente da Azul, John Rodgerson expôs os ambiciosos planos para os próximos anos. Entre eles está o de chegar a 30 milhões de passageiros transportados no ano que vem. Trata-se de um crescimento significativo de quase 50% em três anos. A empresa transportou 21,5 milhões de passageiros em 2017, subiu para 22,6 milhões no ano passado e deve saltar para 27 milhões neste ano.

Ainda é relativamente menos que LATAM e Gol, mas um volume mais próximo das suas rivais mais antigas. Em 2018, por exemplo, elas transportaram 34,1 milhões e 33,3 milhões, respectivamente, e devem apresentar crescimento em 2019.

Sem a Avianca no mercado, a Azul foi a companhia que mais aproveitou a lacuna deixada pela companhia aérea. Mas a partir do ano que vem o crescimento terá de vir da disputa direta com Gol e LATAM e, quem sabe, alguma estreante internacional caso o governo brasileiro consiga viabilizar a entrada de algum grupo estrangeiro. Entre as estratégias para atingir seu objetivo está o crescimento e a modenização de sua frota.

Segundo a companhia, serão incorporados 31 aviões em 2020, sendo 14 jatos da família A320neo, outros 14 E195-E2 e três widebodies A330-900neo. A frota terminará o ano que vem com 151 unidades contra 143 do final deste ano devido à retirada de operação de 23 E195 de primeira geração, que foram a base de crescimento da Azul até hoje, mas que estão fora dos planos nos próximos anos.

Em 2023, o A320 representará quase metade da frota da Azul, uma participação que já foi do E195 de primeira geração

A razão para essa transição veloz é a redução nos custos operacionais. Aviões como o A320neo e o E195-E2 possuem um consumo de combustível significativamente menor, além de levarem mais passageiros e carga em distâncias mais longas. O novo jato da Embraer, por exemplo, possui 136 assentos contra 118 do E195-E1 e um custo por asssento 26% inferior. O A320neo é ainda melhor nesse quesito, com redução de 29% no custo e a companhia ainda estreará o A321neo, seu maior avião narrowbody, em 2020.

Novo destino internacional e wi-fi

Rodgerson também confirmou que a Azul enfim estreará internet a bordo de seus aviões. O sistema já está presente em alguns modelos, mas ainda não foi lançado oficialmente. Apesar disso, o executivo garante que será o serviço mais acessível e de melhor qualidade no mercado. A ideia é que a cada dez dias uma aeronave passe a contar com o sistema de fornecedor desconhecido.

Sobre a expansão da malha, a Azul planeja estrear seis novos destinos, mas apenas um deles internacional. Apesar de atender o maior número de cidades no Brasil (110 no momento), a companhia ainda pensa existir espaço para novos mercados. Este ano, por exemplo, foram lançados voos para cidades do interior do Paraná, Macaé (RJ), Aracati (CE) e Araraquara, no interior de São Paulo.

Já a respeito do mais novo destino no exterior, Rodgerson não quis abrir qual será o local escolhido, mas especula-se que a companhia deverá voar para Nova York onde pode aproveitar seu acordo de code-share com a JetBlue, por exemplo. Paris, outro destino cotado, teve de fato uma tentativa de obter os slots da Aigle Azur no Aeroporto de Orly, mas que não deu certo. No entanto, a empresa conta com a joint venture com a TAP que deverá oferecer mais conexões na Europa caso seja aprovada pelas autoridades do Brasil e Portugal. O novo destino deverá ser anunciado no início de 2020.

A Azul vai estrear seu primeiro A321neo em 2020 (Azul)

Passagens mais baratas

A Azul tocou também num assunto polêmico, o preço das passagens no Brasil. Embora muitos digam que os valores praticados no país são inferiores ou parecidos com o de empresas low-cost no exterior, a percepção para o consumidor é de que voar ainda é uma atividade possível apenas para pessoas com poder aquistivo mais elevado. O CEO da Azul, no entanto, garantiu que a empresa pretende reduzir os valores cobrados nos próximos anos.

Como justificativa para isso, Rodgerson cita a adoção da frota mais moderna, mas a companhia também argumentou que o mercado brasileito continua complexo e com muita regulamentação e judicialização de processos. O dólar elevado e a crise da Avianca, que reduziu a oferta em várias rotas, também foram citados como motivos de o preço ter subido na média.

Vale lembrar que a Azul possui uma malha aérea diferente de suas concorrentes diretas, mais concentradas no triângulo São Paulo-Rio-Brasília. A companhia aérea fundada em 2008, ao contrário, possui hubs em Campinas e Confins e uma operação mais pulverizada e que acaba criando rotas exclusivas. Nesse cenário, sem concorrência direta é natural que os preços permaneçam altos.

Permanece, no entanto, o desafio de entrar em aeroportos de grande movimento como ocorreu no caso da ponte aérea Rio-São Paulo. Em outubro, mês mais recente disponibilizado pela ANAC, mostra que a Azul conquistou 18% dos passageiros que viajam na rota mais famosa do Brasil, participação superior a da Avianca em março, quando ainda operava em condições satisfatórias. Como se vê, um pouco de concorrência não faz mal a ninguém.

A Azul obteve 18% dos passageiros da ponte aérea em outubro (Ricardo Meier)

Veja também: Azul completa cinco anos no mercado internacional

 

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  1. Boa reportagem. Mas, o gráfico ( não sei se fornecido pela Azul) deveria ter cores diferenciadas para melhor visualização. Tudo em azul fica difícil. Saudações,

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