Aviões comerciais raros no Brasil

Conheça alguns aviões que tiveram uma breve carreira na aviação comercial brasileira
Airbus A310, Boeing 757, BAe 146, MD-80... Já viu esses aviões pelo Brasil?
Airbus A310, Boeing 757, BAe 146, MD-80… Já viu esses aviões pelo Brasil?

Se você voou recentemente pelo Brasil, a chance de ter sido a bordo de um Boeing 737 ou um Airbus A320 (e seus derivados) é praticamente de mais de 80%. Os dois modelos dominam a cena em voos de curta duração na aviação comercial assim como o Boeing 777 e a família A330/A340 fazem o mesmo nas rotas internacionais – mas aí com uma participação menos impressionante.

Esse domínio em nosso país vem de longa data, sobretudo com o 737, o jato comercial mais vendido da história. Mas tivemos exceções nas últimas décadas. Foram aeronaves que estiveram no Brasil seja para testes ou mesmo por um breve período de tempo em serviço.

Veja a seguir algumas das “aves” raras que já voaram pelos céus brasileiros:

Boeing (McDonnell Douglas) MD-80

Rival do Boeing 737, o DC-9 e, posteriormente, o MD-80 ainda são comuns sobretudo nos Estados Unidos, onde fazem parte da frota de companhias como a American Airlines. Apesar disso, o jato nunca operou no Brasil. Quer dizer, quase isso: em 1982, a McDonnell Douglas decidiu emprestar um exemplar para a finada companhia Cruzeiro para que ela experimentasse o aparelho. O birreator de motores na cauda e capacidade para 155 passageiros operou entre o final daquele ano e março de 1983, mas acabou não motivando encomendas posteriores.

O McDonnell Douglas MD-82 usado pela Cruzeiro por alguns meses
O McDonnell Douglas MD-82 usado pela Cruzeiro por alguns meses (Divulgação)

British Aerospace 146

O quadrirreator BAe 146 foi um projeto britânico desenhado para rotas regionais de curto alcance. Teve uma carreira inicial até promissora e logo que chegou ao Brasil pelas mãos da companhia regional Taba, sediada na região Norte. Ela adquiriu dois exemplares em 1983 e os operou até 1985, porém, a experiência foi bastante complicada devido ao clima úmido e quente que comprometeu a regularidade do jato. Em 1991, a companhia Air Brasil, criada pela Líder Táxi Aéreo, trouxe outros dois exemplares para o país, na versão 200, maior, porém, ela nem chegou a iniciar operação.

Os jatinhos britânicos BAe 146 tiveram breve passagem pelo Brasil. Na foto, um dos dois que seria usados pela companhia Air Brasil
Os BAe 146 tiveram breve passagem pelo Brasil. Na foto, um dos dois que seria usados pela Air Brasil (Torsten Maiwald)

De Havilland Dash-8

O turboélice foi outro caso raro trazido pela extinta companhia Taba. Fabricado no Canadá, o Dash-8 era um turboélice rival do Embraer Brasília mas transportava mais passageiros. Cinco unidades foram usadas entre 1991 e 1996 ano em que outra regional, a Tavaj passou a operar um exemplar, e outra empresa da região Norte, a Penta, teve três Dash-8 em sua frota.

O turboélice Dash-8 da extinta Tavaj (foto: David van Maaren / PlanePictures.Net
O turboélice Dash-8 da extinta Tavaj (David van Maaren / PlanePictures.Net)

Convair Coronado

Enquanto a Boeing fazia a festa com 707, seu primeiro jato comercial, e a Douglas tentava concorrer com o resistente DC-8, outra empresa americana, a Convair, tentou disputar o mercado de jatos de longo alcance com o Coronado. Menor dos três, o quadrijato foi encomendado pela Real Aerovias, mas acabou operando na Varig, que assumiu a companhia. Apenas três jatos chegaram ao país e ficaram em serviço até 1971.

Um dos três Convair Coronado usados pela Varig em rotas internacionais na década de 60
Um dos três Convair Coronado usados pela Varig em rotas internacionais na década de 60 (Divulgação)

Boeing 757

O 757 foi o modelo que a Boeing desenhou para suceder o 727, um dos jatos comerciais mais admirados da história. A ideia era equipar as companhias aéreas americanas que voavam em rotas nacionais. Embora fosse um jato de corredor único, podia levar uma grande quantidade de passageiros e até hoje é figurinha fácil em empresas como American Airlines, United e Delta. No Brasil, ele quase chegou a ser encomendado pela Transbrasil mas só estreou oficialmente no país em 2004 pela Varig que utilizou quatro unidades inicialmente para voos com passageiros e depois os converteu para cargueiros. A Ocean Air (atual Avianca) também utilizou o 757 tempos depois.

Boeing 757 cargueiro da VarigLog (foto: http://runway15.blogspot.com.br/)
Boeing 757 cargueiro da VarigLog (foto: http://runway15.blogspot.com.br/)

Airbus A340

Embora muito comum em companhias internacionais que voam para o Brasil, o A340 só teve um operador nacional, a TAM, que manteve duas aeronaves da versão 500 em sua frota entre 2007 e 2011, enquanto não recebia os Boeing 777 para rotas de longa distância.

Se a TAM é uma grande cliente do A330 foi apenas uma breve usuária do irmão A340 de quatro motores
A TAM foi apenas uma breve usuária do A340 de quatro motores (Guido Allieri)

Airbus A310

Segunda aeronave lançada pela Airbus, o A310 era uma espécie de versão mais curta e moderna do A300, o primeiro birreator do grupo europeu. Mas, ao contrário deste que voou nas cores da Vasp, Varig e Cruzeiro, o A310 teve uma passagem rápida pelo Brasil quando a companhia regional Passaredo decidiu voar para o exterior, aproveitando o crescimento do turismo e dos voos charter. Duas unidades estiveram na frota da companhia por um curto período até que passaram para a então recém formada companhia BRA (Brasil Rodo Aéreo), que servia como braço aéreo de agências de turismo. Os dois jatos deixaram o país no final da década de 90.

Airbus A310 da Passaredo
Airbus A310 da Passaredo (foto – divulgação)

Veja mais: Conheça os aviões executivos da FAB

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Dash-8
BAe 146
Boeing 757
Airbus A340

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  1. Sou fã do A-340, acho lindo o série 600…muito bacana o artigo, não sabia que o BAe-146 já esteve por aqui, bastante singular este aparelho.

  2. Voei de 757 da Delta nos EUA e foi um suplício, avião muito apertado, não reclamo que não os vejo por aqui rs

  3. Gostaria de saber quando será lançada a nova pintura da LATAM, existe alguma previsão?

  4. Materia interessante.
    O MD82 da Macdonald-Douglas virou o Boeing 717? Ja teve algum 717 aqui?
    Poderiam acrescentar os tri-reatores DC10, lockheed tristar informando que companhias operaram estes avioes.

  5. O Convair Coronado Cv990 foi absorvido da PanAir Brasil na época que a Varig assumiu toda a malha aérea e ativos. Operaram de 1963 até 1971.. Um bom tempo… Tentaram a todo custo se livrar, mas uma cláusula de desistência não seria bom negócio.

  6. Os 757 da Varig não foram convertidos para cargueiros, as aeronaves foram devolvidas e outras foram arrendadas pela Variglog já convertidas como cargueiras.

  7. Guilherme, esse aviao deixou uma triste história na sua curta passagem pelo Brasil: Um acidente aéreo em Recife em que todos os passageiros pereceram) e outro no Rio, se não estou enganada. Melhor esquecer….

  8. Pessoal, até um tempo atrás a Aerolineas utilizava seus MD-88 de EZE para GRU e outras cidades. Só mudaram quando renovaram a frota para os 737… Valeu

  9. Viajei no A310 da Passaredo em 1999, em voo charter para Cancun. Grande e mal utilizado. Éramos 20 passageiros… O avião caiu no litoral da África há alguns anos.

  10. Voei no A340 da TAM em 2010 de São Paulo a Milão, foi minha primeira vez, e foram 12 horas de vôo, engraçado que foi na mesma aeronave que eu voltei 30 dias depois. Não sabia que era uma aeronave rara no Brasil. Foi muito legal, nunca vou me esquecer.

  11. Desses aviões já voei pela TAP, no Airbus 340, trata-se de avião excelente em conforto, desempenho e segurança. Li a respeito, que trata-se de um avião com nenhum histórico de acidentes.
    Quanto aos aviões que deixaram saudades, penso que nenhum superou os queridos Electra II, da Varig, usados por cerca de 30 anos na Ponte Aérea, sem qualquer acidente.

  12. Complementando a informação do colega Guilherme Dias, o LET-410 é na verdade originário da República Tcheca, e em 2011 tivemos um acidente com 16 fatalidades com uma aeronave deste modelo da empresa NOAR, num voo entre Recife e Mossoró (RN) – o acidente ocorreu logo após a decolagem, ainda no Recife.

  13. Mais informações:
    – Em 2006, uma dessas aeronaves, da TEAM Linhas Aéreas caiu em Macaé, resultando em 19 fatalidades;
    – Esta aeronave ainda opera no Brasil (e por isso, não consta neste artigo), operado pela Brava Linhas Aéreas, que por sinal sucedeu a NHT.

  14. Já voei no A340-500 da TAM, em 2011. Acho que peguei um dos últimos vôos. E tive sorte de na ida volar no PT-MSL e na volta, no PT-MSN

  15. A Vasp era uma empresa maravilhosa, tanto para se viajar nela quanto para se trabalhar. Porém, depois que uma determinada família de sanguessugas assumiu o comando, acabou, destruíram os sonhos de milhares de pessoas e familiares que ali trabalhavam. Até hoje, muitos já faleceram, e não receberam seus direitos trabalhistas, por conta da morosidade e conivência da justiça com esses pseudos-empresários.

  16. Vejo que a Passaredo trocou sua antiga frota de ERJ-145´s por ATR´s, uma pena…o ERJ era extremamente confortável e rápido, só pecava pelo pouco espaço interno para bagagem, num voo lotado frequentemente faltava espaço…se bem que também tem gente que abusa da “bagagem de mão”, mas aí é outra conversa.
    Enfim, o ATR pode ser econômico para a empresa aérea, mas do ponto de vista do passageiro penso ser extremamente desconfortável, assentos horríveis, sacoleja pra todo lado…

  17. Faltaram muitos modelos… Junkers52, Fokker27 (FH227), Ys-Samurai e etc…
    O BAe146 foi operado pela TABA, mas a dificuldade n foi a umidade da região. Na realidade o modelo foi trazido ao Brasil e colocado em operação sem os devidos cuidados com a manutenção e lembrando que a maioria dos aeroportos que ele operou n possuiam as mínimas condições para receber um jato desses.
    Junkers52,

  18. Boa noite a VASP também operou com o DC8 no Brasil na versão cargueira, assim como operou com o A300, 3 unidades, para vôos nacionais e possuiu a maior frota da América Latina de MD11, 11 unidades

  19. Importante mencionar também o MD-11, que sucedeu o DC-10 na extinta Varig. Uma das rotas era SP-Manaus, direto. Muito confortável mas um pouco barulhento (como o DC-10).

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