Sindicato pede ao governo Lula que proíba a venda da Avibras
Venda da Avibras, fabricante de material bélico pesado, é negociada com empresas da Alemanha e Emirados Árabes Unidos

Em comunicado divulgado nesta terça-feira (28), o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região cobra do Governo Federal medidas para proibir a venda da Avibras e dar início ao processo de estatização da empresa, que é a maior do Brasil na produção de material bélico pesado.
A organização sindical informou que enviou hoje pedidos de agendamentos de reuniões urgentes com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, representantes dos ministérios da Defesa e do Desenvolvimento e com o Comando do Exército Brasileiro.
Conforme noticiado nas últimas semanas pela Revista Veja e o website Relatório Reservado, a venda da Avibras está sendo negociada pela Rheinmetall, da Alemanha, e o Edge Group, dos Emirados Árabes Unidos. Desde o surgimento dessas notícias, a empresa de material bélico ainda não se manifestou.
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No ofício enviado às autoridades brasileiras, o Sindicato argumenta que a venda da fabricante de material bélico “representa grave ameaça à soberania nacional, com perigosa transferência de elevada tecnologia para capital privado internacional”. Para interromper esse processo, o instituição pede ao Governo que proíba a venda da Avibras e promova a sua estatização.

“É de extrema necessidade que o Governo Federal aja pela estatização da Avibras e mantenha no Brasil a capacidade de produção de armamentos e equipamentos do setor”, ressalta o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves. A Avibras tem um vasto catálogo de produtos militares que inclui mísseis, lançadores de foguetes, veículos blindados, bombas inteligentes, sistemas de comunicação por satélite, drones, entre outros.
O Sindicato também defende a integração da Avibras, se estatizada for, a institutos científicos e universidades federais “para expansão de sua capacidade de desenvolvimento de produtos de Defesa”.
“O Brasil deve investir em alta tecnologia, e não abrir mão dela. A estatização da Avibras é de interesse nacional e deve ser feita o quanto antes. Entregá-la a outros países é um risco à soberania nacional. Vamos cobrar do presidente Lula medidas urgentes para que a nossa mais importante empresa do setor bélico passe a ser controlada pelo Estado e pelos trabalhadores”, conclui Gonçalves.

Avibras em dificuldade, de novo
Fundada em 1961, a Avibras é o fabricante de artigos bélicos mais antigo do Brasil ainda em atividade e figura entre as Empresas Estratégicas de Defesa do país, junto de nomes como Embraer, Atech e Imbel. A companhia, no entanto, passa por um momento conturbado.
Em março de 2022, a Avibras entrou com um pedido de recuperação judicial na Justiça devido a uma dívida que girava em torno de R$ 640 milhões. Na época, a situação levou a demissão de 400 funcionários da unidade da empresa em Jacareí (SP).
Está foi a terceira vez que a Avibras acionou a Justiça com um pedido de recuperação judicial (os outros pedidos foram realizados em 1990 e 2008).