Sindicato pede ao governo Lula que proíba a venda da Avibras

Venda da Avibras, fabricante de material bélico pesado, é negociada com empresas da Alemanha e Emirados Árabes Unidos

Míssil MICLA BR
O MICLA-BR é um projeto conceitual executado pela Avibras e a FAB para equipar os caças Gripen (FAB)

Em comunicado divulgado nesta terça-feira (28), o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região cobra do Governo Federal medidas para proibir a venda da Avibras e dar início ao processo de estatização da empresa, que é a maior do Brasil na produção de material bélico pesado.

A organização sindical informou que enviou hoje pedidos de agendamentos de reuniões urgentes com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, representantes dos ministérios da Defesa e do Desenvolvimento e com o Comando do Exército Brasileiro.

Conforme noticiado nas últimas semanas pela Revista Veja e o website Relatório Reservado, a venda da Avibras está sendo negociada pela Rheinmetall, da Alemanha, e o Edge Group, dos Emirados Árabes Unidos. Desde o surgimento dessas notícias, a empresa de material bélico ainda não se manifestou.

Siga o AIRWAY nas redes: Facebook | LinkedIn | Youtube | Instagram | Twitter

Receba notícias quentes sobre aviação em seu WhatsApp! Clique no link e siga o Canal do Airway.

No ofício enviado às autoridades brasileiras, o Sindicato argumenta que a venda da fabricante de material bélico “representa grave ameaça à soberania nacional, com perigosa transferência de elevada tecnologia para capital privado internacional”. Para interromper esse processo, o instituição pede ao Governo que proíba a venda da Avibras e promova a sua estatização.

O lançador de foguetes Astros é o principal produto da Avibras (Ministério da Defesa)

“É de extrema necessidade que o Governo Federal aja pela estatização da Avibras e mantenha no Brasil a capacidade de produção de armamentos e equipamentos do setor”, ressalta o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves. A Avibras tem um vasto catálogo de produtos militares que inclui mísseis, lançadores de foguetes, veículos blindados, bombas inteligentes, sistemas de comunicação por satélite, drones, entre outros.

O Sindicato também defende a integração da Avibras, se estatizada for, a institutos científicos e universidades federais “para expansão de sua capacidade de desenvolvimento de produtos de Defesa”.

“O Brasil deve investir em alta tecnologia, e não abrir mão dela. A estatização da Avibras é de interesse nacional e deve ser feita o quanto antes. Entregá-la a outros países é um risco à soberania nacional. Vamos cobrar do presidente Lula medidas urgentes para que a nossa mais importante empresa do setor bélico passe a ser controlada pelo Estado e pelos trabalhadores”, conclui Gonçalves.

Guara 4WS: viatura blindada fabricada pela Avibras é operada pelo Exército Brasileira (Avibras)

Avibras em dificuldade, de novo

Fundada em 1961, a Avibras é o fabricante de artigos bélicos mais antigo do Brasil ainda em atividade e figura entre as Empresas Estratégicas de Defesa do país, junto de nomes como Embraer, Atech e Imbel. A companhia, no entanto, passa por um momento conturbado.

Em março de 2022, a Avibras entrou com um pedido de recuperação judicial na Justiça devido a uma dívida que girava em torno de R$ 640 milhões. Na época, a situação levou a demissão de 400 funcionários da unidade da empresa em Jacareí (SP).

Está foi a terceira vez que a Avibras acionou a Justiça com um pedido de recuperação judicial (os outros pedidos foram realizados em 1990 e 2008).

Posts Similares